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Festivais x transformação

Sadoun: 'na frente de Cannes, o Snapchat. Não uma agência'

22.06.17

Dois dias depois de surpreender a indústria da comunicação ao avisar que o Publicis Groupe ficaria fora de festivais em 2018, o CEO da holding, Arthur Sadoun, passou a quinta-feira explicando melhor seus objetivos e o que o levou à decisão de não participar mais de festivais por pelo menos um ano (leia mais aqui). O foco das explicações foi a necessidade de investir na transformação.

"Não vou tirar dinheiro do meu pessoal. Não vou tirar dinheiro do que eu faço pelos meus clientes. Estamos apenas dizendo que, por um ano, vamos focar no que importa, que é nossa transformação", declarou, em reportagem do AdAge (clique aqui para ler o original). "Para mim, um prêmio é muito legal porque significa reconhecimento, mas não é isso que importa. O que importa é o trabalho", disse, segundo informa o AdAge.

Como analogia, ele citou a roda gigante do Snapchat que está instalada em frente ao Palais des Festivals. Sadoun disse que, quando olha para o Festival, o que vê é a roda do Snapchat. Ou seja, uma empresa de tecnologia. Não uma agência.

Muito tem se questionado a respeito de Sadoun ter anunciado essa medida agora, com o Cannes Lions em plena ebulição. Segundo o CEO, ele queria apenas ser transparente com os funcionários da empresa e discutir a orientação com o maior número possível de pessoas.  Isso porque, parte importante do time do Publicis Groupe está reunido no hotel Majestic, em Cannes. E tem sido a partir de lá que Sadoun tem conversado com os diferentes líderes do grupo.

A economia de recursos desse um 'ano sem festivais' deve ser aplicada em um projeto importante: o desenvolvimento de um programa de assistente equipado com Inteligência Artificial chamado Marcel.

"Poderia ter enviado um memo para os CFOs dizendo 'vamos cortar os festivais de premiação em torno de 80%. Mas não acho isso justo", finalizou.

P&G: chamada para acordar

Marc Pritchard, Chief Brand Officer da P&G, maior anunciante do mundo, disse ao AdAge que Cannes é a oportunidade para ver a grande criatividade do mundo e se inspirar. No entanto, o movimento do Publicis pode ser "uma chamada para acordar a organização de Cannes".

"Estamos aqui para focar em criatividade. É nosso 15º ano. E ganhamos muito com isso. Vemos o melhor da criatividade e nos inspiramos. Os organizadores de Cannes precisam dar um passo para trás e entender isso", afirmou à publicação norte-americana.

Respostas e ações


Para responder à decisão de Sadoun, Jose Papa, CEO do Cannes Lions, optou por dar entrevista exclusiva ao The Drum. Disse que a criatividade é o coração do festival e uma força positiva para gerar negócios, mudanças e o bem para o mundo. O formato do festival, prosseguiu, é resultado de consultas ao mercado, mas indicou que ele pode sofrer mudanças. “Há muito barulho sobre empresas de tecnologia em Cannes, mas a criatividade está em todos os lugares, como sempre. Aceito, no entanto, o fato de que precisamos fazer mais para ajudar as pessoas a navegarem no Festival”, disse à Drum (leia mais aqui).

As ações da Ascential, dona do Cannes Lions, operaram em queda na Bolsa de Londres após o anúncio do Publicis Groupe de que não investirá na participação em festivais nos próximos 12 meses. A empresa estava com 336.20 pontos na manhã da quarta-feira (21) e, após a notícia, as ações caíram para 304,90 na manhã desta quinta-feira, 22. Durante o dia, houve ligeira recuperação e, às 16h, o índice estava em 315.10 - uma queda de 6%.

Leia também a reação de Martin Sorrell, CEO do Grupo WPP: aqui.

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