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O Espaço é Seu

Mais plural, por favor (João Paulo Magalhães)

28.09.16

O papel das lideranças criativas, aliás como tudo na propaganda, vem mudando consideravelmente.

A figura encastelada dentro de uma sala, que, ao erguer um simples dedão, feito um déspota romano, detém o monopólio de vida ou morte sobre todas as ideias e profissionais debaixo de sua asa, cabe cada vez menos no mercado e nas dinâmicas de trabalho atuais.

A época do simplório e preguiçoso “gostei” ou “não gostei” e do famigerado “faz mais” caminha para um fim melancólico.

Este comportamento binário, avesso a discussões e feedback, em que o criativo praticamente adivinha o que fazer sem qualquer direcionamento, e, ao fim do dia – ou da noite –, apresenta seu trabalho e aguarda, num misto de esperança e pavor, um sinal positivo ou que o machado caia sobre sua cabeça, já era.

Vamos falar de liderança colaborativa. Onde vale mais um oficial de trincheira que leva chumbo junto com a tropa, do que um general escovadinho que assiste a tudo ao longe, do alto de seu cavalo branco com uma pose impávida e agastada.

Liderança colaborativa é o velho liderar pelo exemplo e não pelo cargo. É perseguir a ideia desde o começo junto com sua equipe. É cuidar para que ela não se desvie. E, principalmente, fazer tudo para que todos trabalhem felizes e cada vez melhor. Liderança colaborativa é sobre parceria. Sobre jogar aberto.

Ser parceiro da sua equipe não significa ser mão frouxa ou leniente. Não impede que você seja capaz de ver o todo. Não faz você abandonar o lado executivo. Não distancia você dos clientes ou da diretoria da agência.

Significa apenas que você vai ter de trabalhar mais. Que você vai ter de fazer o exercício diário de lembrar de onde você veio.

Não fere sua visão estratégica e nem faz seu nível de exigência cair. Ao contrário, deixa-o mais claro, evidente e consequentemente mais fácil de perseguir. Quem está sempre acompanhando, não precisa cobrar no final.

Ser parceiro da sua equipe é ser coach e cheer leader ao mesmo tempo. É gostar de gente.

Quem lidera só na primeira pessoa do singular acaba sozinho.

João Paulo Magalhães, diretor de criação da We

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