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O Espaço é Seu

'Por que não editar sem considerar tempos musicais?' (Lou Schmidt)

27.08.18

Por que não devemos editar música sem levar em consideração os tempos musicais?

De um modo geral, vou falar um pouco sobre teoria e percepção de música pelo público leigo.

Toda música pop ocidental tem uma estrutura rítmica cíclica, organizada em pulsações (batidas que marcam o ritmo) de duração igual. Isso faz com que o ouvinte sinta a música e consiga acompanhar o ritmo estralando os dedos, dançando e até mesmo batendo o pé  (sentindo o ciclo rítmico no corpo).

Uma música pop ocidental (como é o caso da nossa, que é um pop rock com elementos de música eletrônica) precisa ser editada em tempos musicais para não perdermos essa sensação de pulsação, que é a mesma que nos faz dançar, bater o pé e estralar os dedos, além de criar uma certa empatia do ritmo com o público (pela repetição organizada dos pulsos).

Para não perdermos o entendimento do padrão rítmico, sempre editamos a música cortando nos tempos fortes e isso nem sempre casa milimetricamente com a edição de um filme, pois nem sempre se editam as trocas de cenas junto com as batidas (pulsos) de uma música. Para o match ser perfeito, o "filme deve ser editado em cima da música" ou a música deve ser concebida desde o princípio em cima do corte do filme fechado (picture lock). Simplesmente recortar a música, e puxar para lá e para cá, sempre vai deixar com cara de recorte, mesmo quando bem feito.

Se editamos a música de forma a quebrar o ciclo de pulsações (sem levar em consideração os tempos musicais), quem está ouvindo acaba perdendo essa sensação de constância, gerando um estranhamento e até uma sensação ruim. Podemos fazer uma analogia com um DJ ruim que mixa as músicas fora de tempo e ninguém consegue dançar ou bater palma e, por consequência, a pista de dança esvazia.

Exemplos de músicas com pulsação não convencional aqui, aqui e aqui.

Lou Schmidt, creative director/partner - Antfood

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