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O Espaço é Seu

Festival Coachella (Hebert Mota)

17.04.17

Pousei em Palm Spings, às 10h da manhã de sexta-feira, dia 14, uma pequena cidade no meio do deserto, conhecida pelos seus imensos campos de golf ao redor e onde muitos ricos da Califórnia vivem após a aposentadoria. É uma região também conhecida como Indio Valey, o paraíso de quem quer descansar, mas não nos dias de um dos maiores festivais de música e artes dos Estados Unidos: o Coachella.

Com um line up bacana e quatro grandes palcos, pequenas baladas ao redor, exposições de arte e muita gente desfilando seus ‘looks’, o Coachella se tornou o evento de tendências do verão nos Estados Unidos.

Logo na chegada, um sistema de estacionamento gratuito que funciona, paradas de táxis e uber e entradas vips bem localizadas. O sistema de segurança é feito por meio de uma pulseira eletrônica que é o passe para os três dias do evento. Até a área vip são três barricadas de segurança, para que penetras não entrem, pois o Coachella também é conhecido como um festival onde celebridades passeiam para curtir os shows.

Na área vip algumas observações interessantes: a cerveja Heineken criou o Beer Lounge, onde só pode entrar quem é maior de 21 anos (idade mínima permitida para beber) e é proibido sair com bebida na mão, assim o controle de gente circulando com bebidas alcoólicas acaba sendo bem feito, pois o festival atrai muitos adolescentes.

Os shows começam a partir das 11h da manhã. Várias bandas em vários palcos. No primeiro dia, assisti aos shows de Mac Miller, um rapper judeu, americano de Pittsburgh, Pensilvânia, muito bom e que está despontando nos Estados Unidos. Também assisti aos shows do The XX, Travot Scott, e o mais esperado: Radiohead.

Na minha opinião os destaques ficaram por conta da diversidade de pessoas e tribos circulando pelo local. Nas áreas vips, as pessoas pagam por conforto e não para "serem vistas", o que cria uma dinâmica muito bacana no ambiente, mantendo a ideia de um festival artístico. À noite, as luzes nas obras de arte fazem toda a diferença e há pequenas festas em boots de som, lacrados para não atrapalhar os shows ao vivo, onde marcas fazem suas ativações. Uma certa hora da noite, mini drones sobem ao céu, criando várias imagens lindas. Isso é realmente interessante e inovador, pois parece um balé sincronizado em pleno céu aberto.

Outra coisa legal que eu reparei é que nos palcos há tradutores da língua de sinais. É bacana perceber o cuidado com as pessoas que têm necessidades especiais. Por fim, uma coisa que todos os festivais do mundo não conseguem mudar: banheiros químicos com mau cheiro, filas na hora de comprar bebida ou comida e grandes filas na hora de ir embora. Acredito que estes pontos sempre serão um desafio para qualquer organizador de grandes festivais de música, pelo mundo afora.

O primeiro dia do Coachella foi bastante positivo. Apenas um incidente grave: no show tão esperado do Radiohead as caixas de som deram problema três vezes e tudo parou, porém, a banda não percebeu e continuou tocando. O público ficou furioso e percebi pessoas querendo ir embora, pois as pausas no som, totalmente mudo, foram em média de quatro minutos. Isto realmente fechou o primeiro dia com um certo ar de "até que no Brasil estamos indo muito bem, pois também fazemos festivais desse porte e não temos o show principal prejudicado por conta de quebra de equipamentos de som". Por isso eu digo, o Brasil é bom no fazer, só precisa acreditar mais no que vem fazendo de bom.

Uma das coisas que torna o Coachella cada vez mais interessante é a quantidade de eventos com ativações pela cidade. Grandes marcas focadas nos jovens investem em criar eventos de relacionamento (Apple Beats, Mountain Dew e tantas outras).

Após passar por vários eventos, incluindo os mais exclusivos como o da fashion design Rachael Zoe, a bola da vez das "celebridades" de Hollywood, segui para o segundo dia do festival, cerca de 40 minutos de carro, e aproximadamente 30 minutos andando até chegar na área vip. Quando cheguei, perto das seis da tarde, assisti ao show do Rapper Future com participação de Drake, depois andei pelos outros palcos e vi várias bandas legais. Destaque para Moderat. Gostei muito. Em seguida circulei e encontrei amigos. Publicitários, artistas e produtores musicais se encontram neste espaço e uma coisa interessante é o fato de pessoas famosas andarem por esta área e ninguém perturbar com pedidos de selfies.

Gostei muito da variedade de opções de comidas, pequenos restaurantes com pratos saborosos e, o mais interessante, os preços: por 12 dólares você bebe qualquer tipo de drink e por 15 você encontra várias opções de comida.

Por conta do show da Lady Gaga, o festival estava mais cheio e confesso que ruim para circular, esbarrando com pessoas cansadas, sentadas no gramado.

Algo muito interessante é que cada banda tem seu cenário feito para o Coachella, talvez exista um diretor artístico para os artistas criarem algo exclusivo para o festival. O show de luz foi algo que realmente impressionou, com luzes e painéis de led.

Lady Gaga começou o show de forma bacana, mas ao mesmo tempo acho que nos dias de hoje os artistas pop precisam repensar suas apresentações, pois tudo se resume a teclados e samples. Bate uma certa saudade dos shows onde a banda e o “tocar em um festival” eram impactantes. Sinto falta dos shows realmente ao vivo. Mas não tem o que dizer de Lady Gaga, uma grande artista desta geração.

Na saída, a famosa fila e o trânsito para sair do festival. Mas sobrou ânimo para voltar no terceiro dia e curtir o encerramento do Coachella.
Na casa do Leonardo Di Caprio, em Palm Spings, acontece um esquenta para ir para o último dia do festival, na parte da tarde. Rihanna e outros famosos de Hollywood marcaram presença.

Foquei em três grandes shows: Hans Zimmer, o famoso produtor de trilhas de cinema, fez um show bem interessante com várias cordas ao vivo e efeitos sonoros. Muito bom o festival abrir espaço para uma música tão particular e sem refrões e a galera em silêncio prestar muita atenção, algo que me marcou. Mais adiante o show da cantora Lord, um espetáculo, um show incrível, muito bem executado. O melhor do festival na minha opinião.

Na ala vip, muitas celebridades contratadas por grifes circulam, incluindo os brasileiros Caio Castro e a famosa promoter Val Drummond.

Fim do show da Lord e em 50 minutos o palco é totalmente mudado, sem falhas, pronto para o último show, do rapper Kendrick Lamar, que fez uma apresentação impecável, com uma performance maravilhosa, e a plateia foi ao delírio.

23h, quase no final do festival. Coachella é um evento onde a diversidade e a arte estão presentes. Um evento para circular, curtir bastante, dançar e se conectar. Agora chega de música. É hora de partir para Los Angeles para trabalhar.

Hebert Mota, CEO da agência de entretenimento Kal911

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