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SxSW 2017

Isso aqui é uma sessão de terapia (Paulo Sanna)

13.03.17

O SxSW é uma sessão de terapia

Em sua palestra “How to think like a futurist”, Amy Webb nos explica que o futuro mete medo porque a gente não sabe o que esperar dele. Como se fosse um quarto escuro. A partir do momento em que se estuda e analisa o que está pela frente, o caminho, antes assustador, se ilumina e se torna apenas mais um passo em nossa jornada.

Depois de refletir muito, eu concluí que essa é a razão pela qual eu vou ao SxSW. É a esperança de entender melhor o que está acontecendo e controlar o pânico.

Mas basta pisar em Austin para que a ansiedade e o medo se multipliquem. A quantidade de coisas acontecendo simultaneamente é uma das experiências mais frenéticas que já vivi. Mas eu me acostumo. Lá pelas tantas, começo a relaxar e curtir os conteúdos no meu próprio ritmo. A verdade é que, depois do susto, a experiência fica muito inspiradora. Tudo faz pensar. Até as coisas decepcionantes me levam a algum tipo de reflexão. Chega a ser terapêutico.

Uma das coisas que mais me impressionam no evento é a diversidade. Gente realmente diferente. De adolescentes a pessoas mais velhas. O mundo inteiro representado. Gente de negócios. Técnicos, engenheiros e cientistas. CEOs de todos os tipos. Angel investors. Artistas e fashionistas. Músicos e cineastas. Uma vasta fauna de nerds, inventores, criativos e pensadores. E eu. Gente que está em busca de respostas para mudar alguma coisa. Os mais singelos querem mudar sua carreira. Os mais ambiciosos querem mudar suas empresas. Os mais sonhadores querem mudar o mundo. Eu só quero mudar o disco. 

A cidade fica lotada, mas o nível de civilidade é alto. Chega a causar uma certa estranheza ver tanta gente cheia de opinião junta, no mesmo espaço. Me encanto com essa busca frenética pelo conhecimento. É tanta gente que lembra um pouco o nosso Carnaval, porém os excessos são apenas intelectuais, na maior parte. Não vi ninguém urinando na rua. Ainda.

O conteúdo é um paraíso para quem trabalha com criação. A gente aprende um pouco… sobre muitas coisas diferentes! É uma delícia! Bots, drones, carros autônomos, cura do câncer, inclusão social, Watson, genética, deep learning, neurociência, inteligência artificial, realidade aumentada, realidade virtual, futuro, carreira, capital venture, start-ups, gadgets, invenções, wearables, publicidade…. Peraí. Para tudo. Como é? Você disse “publicidade”? É isso mesmo. A nossa tão criticada profissão tem um papel bem importante no SxSW. É por isso que eu agradeço ao universo todos os dias por ter me dado a oportunidade de trabalhar com algo que está tão no centro de todas as grandes mudanças. 

A variedade e a abrangência das experiências que o evento oferece também são estonteantes. O básico são as palestras, os filmes e os shows. Centenas deles. Tem as experiências ao estilo Disney, quase sempre bancadas por um patrocinador. Tem os pitches das start-ups. Maravilhosos! Quanta ideia boa! Mas, também, quanta ideia tola! Tem o creators stage. Tem a feira em si, que mais parece um bazar moderno. Uma zona! Tudo caoticamente delicioso. Tem as festas, claro. Tem assinatura de livro, porque, afinal de contas, a maior parte dessa galera tem mais de 30 e não se rendeu aos e-books. E tem o job market, um lugar em que as pessoas podem candidatar-se a posições em empresas dos mais variados setores. Tinha até algumas agências lá. A que mais chamou a minha atenção foi uma cujo nome era Central Intelligence Agency. Fiquei com vontade de mostrar minha pasta para eles, mas no final acabei desistindo.

Para terminar, eu queria dizer que me esforcei muito para usar a palavra “data” apenas uma vez ao longo deste texto. Mas ela também estava lá, no SxSW. E foi a única que conseguiu assistir a todas as palestras.

Paulo Sanna - CCO da Wunderman Brasil

Leia mais sobre o SxSW 2017 aqui.

 

 

SxSW 2017

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