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Festival do Clube

No palco do Memorial: os cabras da peste do humor

15.10.25

Com muita brincadeira, "contaçã0 de causos", gírias e boas lições de persistência e marketing, os participantes do painel “De Quixeramobim para a Barra Funda: os cabras da peste do humor” tiraram gargalhadas dos presentes na 13ª edição do Festival do Clube de Criação. No palco, nomes que ajudaram a consolidar a comédia cearense no cinema e no streaming: Halder Gomes (cineasta), Edmilson Filho (ator, diretor e comediante) e Falcão (cantor, ator e humorista), além de Monique Alfradique (atriz). A mediação ficou por conta de Daniel Herculano, jornalista e crítico de cinema, votante internacional do Globo de Ouro, em Cinema e TV, desde 2022.

Daniel abriu o encontro destacando a carreira de Halder Gomes, “é uma honra falar sobre a trajetória de Halder Gomes, que já vendeu mais de 3,5 milhões de ingressos no cinema e é responsável por sucessos como 'Cine Holliúdy', 'O Shaolin do Sertão' – a parte 2 será lançada em janeiro de 2026–, 'Bem-vinda a Quixeramobim', a série 'O Cangaceiro do Futuro' e o mais recente 'C.I.C. – Central de Inteligência Cearense'" (confira todos os trailers abaixo).

Com seu humor descontraído, Halder lembrou a trajetória de “Cine Holliúdy”. “Um curta que vira longa, que vira parte dois e mais 40 episódios de série é raro na Terra e raríssimo, quiçá, no Ceará”, brincou.

O cineasta relembrou as dificuldades que vieram antes do lançamento do filme. Em busca de captação, ouvia dos distribuidores que era uma obra de baixo orçamento e "parecia filme em chinês, não dava para entender nada", por ter "muitos cearenses". “E o que se faz com filme em chinês? Legenda!”, respondia. Também ouvia que era protagonizado por um "ator desconhecido" - Edmilson Filho, ao que respondia: “Jesus Cristo também era desconhecido quando começou e hoje é Jesus Cristo”.

Desanimado com tantos "nãos", chegou no hotel onde estava e leu sobre um acordo que Xuxa tinha feito com uma marca de coloração para cabelo e ganharia R$ 2 milhões para ficar morena. “E eu precisando de R$ 500 mil pra lançar meu filme. Fui pra rede social, fiz uma foto desse meu cabelo ‘esvoaçante’ e marquei todas as marcas que faziam algum tipo de espuma nos cabelos me oferecendo pra pintar o meu e aí poder lançar meu filme”.

Entre suor e brincadeira séria, deu certo. “Quando foi lançado com nove cópias no Ceará, bateu o Titanic em bilheteria por lá”.

O novo trabalho da Halder, “C.I.C.", conta com o protagonismo de Edmilson e se propõe a apresentar um novo gênero para o país. Já vendeu mais de 150 mil ingressos no cinema. Com muita ação, eles dizem que é uma "super produção" de R$ 13 milhões, chegando a R$ 16 milhões se contar pós-produção. “Será um marco no cinema brasileiro”, garante Filho.

O ator, que foi aluno de artes marciais de Halder Gomes e tornou-se parceiro de jornada nas telonas, conta que a persistência vem dos aprendizados com as lutas — “de acreditar no que a gente sabe fazer”. Halder estudou administração, se apaixonou pelo cinema vendo filmes de Bruce Lee e acabou montando uma academia, onde conheceu Edmilson. De lá para o cinema, foram alguns saltos como dublê.

Brincando o tempo todo com a plateia e os colegas de palco, Edmilson falou de sua paixão pelo cinema, desde o primeiro trabalho: “sou um operário do cinema e me sinto realizado por poder trabalhar e viver disso”. Ele aproveitou para deixar um recado, mesmo que de forma bem humorada, para a plateia, recheada de publicitários: “tem menino que faz uma dancinha no TikTok e já é chamado pra participar de um monte de propaganda. Nos Estados Unidos – onde Edmilson mora há 25 anos, embora agora esteja voltando ao Brasil– é ator de cinema que faz comercial grande. Acreditem na gente, no nosso cinema, precisamos de vocês”.

Monique, que viveu uma das protagonistas em “Bem-vinda a Quixeramobim”, contou sobre sua imersão no sertão e acolhimento das famílias cearenses, falou sobre o apoio de todo o elenco e equipe e até de uma cobra que apareceu em seu quarto no início das gravações. Ela também destacou o processo criativo com Halder: “eu já trabalhei com cinema, mas a direção dele é única e foi um marco na minha carreira. Ele tem domínio da história, tem tudo na cabeça, mas dá liberdade pra gente improvisar. E com parceiros como Edmilson e Falcão, sai muito improviso e o Halder vai botando fogo”.

Falcão concordou com Monique e lembrou que, além de ter a história escrita, “o Halder é artista plástico e desenha o storyboard todinho, aí fica com tudo na cabeça. Mas tem o dom do improviso também”. Espirituoso, Falcão contou que foi Halder o "culpado" por sua entrada no cinema. “Fiquei com o pé atrás, no começo, mas agora me sinto o Brad Pitt cearense. Estou tão animado com essa conversa que decidi empreender no mundo do cinema”, brincou, revelando que logo lançará um novo trabalho.

Lições de marketing com pouca verba

Herculano lembrou que, “quando lançou ‘Cine Holliúdy’, Halder Gomes ia para as salas de cinema falar com o público. Uma concepção que criou para vender o filme, chegando a ir a seis ou sete sessões por dia”.

Eu combinava o dia com os donos dos cinemas e, quando terminava o último trailer, eles acendiam a luz e eu entrava de surpresa, muitas vezes com o Edmilson, para ouvir e agradecer ao público. As pessoas não esperam e é gostoso ter esse contato com a audiência, poder conversar e entender melhor quem são e o que esperam”, disse Gomes que, usando uma gíria cearense que enfatiza o que é dito, declarou: “falamos muito e com o mundo inteiro com gosto de gás”.

Assim como Edmilson, Halder aproveitou o público do mercado publicitário para defender o product placement. E lembrou que, usando Toddy, mesmo sem receber por isso, em seu primeiro “Cine Holliúdy”, ouviu de donos de mercados que, pela primeira vez, a marca tinha vendido mais que Nescau na região.

O painel deixou a audiência mais leve e provavelmente inspirada. Convencida de que, além de divertido, o cinema cearense é resistência, criatividade e amor pelo público.

Leia a prévia do painel aqui.

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