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A breve vida do Quibi

Serviço de streaming durou seis meses

22.10.20

O Quibi, um serviço de streaming de vídeo voltado para celulares, foi lançado seis meses atrás e sua chegada ganhou amplo espaço na mídia, sugerindo um caminho promissor para o novo negócio, fundado por Jeffrey Katzenberg, ex-presidente da The Walt Disney Studios. Agora, uma carta aberta, divulgada na quarta-feira, 21, sacramenta seu destino: é o fim para a startup.

Um dos assuntos da CES deste ano – realizada num longínquo janeiro, de um mundo que não é mais o mesmo –, o Quibi teve direito a sessão especial (veja abaixo). Na apresentação, Katzenberg exibiu um vídeo mostrando o Quibi com a ajuda de nomes famosos como Guillermo del Toro e Reese Whiterspoon. Uma das mensagens dava o tom das expectativas que se concentravam no novo serviço: o futuro está em suas mãos (confira abaixo).

Apontada também no vídeo como a “evolução do entretenimento”, a plataforma foi profundamente impactada pela pandemia – o que estava muito longe do que Katzenberg poderia imaginar. O ex-todo poderoso da Disney sonhava havia anos com a ideia do que viria a ser o Quibi.

Depois de vender a DreamWorks para a NBCUniversal em 2016, ele começou a estabelecer as bases de um negócio dedicado ao vídeo no celular, segundo o Hollywood Reporter. Para liderar o futuro empreendimento, ele convocou Meg Whitman (ex-CEO do eBay que também atuou na DreamWorks e na HP, entre outras companhias). Ela assumiu como CEO da startup, que teve o apoio de um grupo de investidores ligados a Hollywood. Em sua curta existência, a plataforma conseguiu dois aportes, que somam aproximadamente US$ 1,75 bilhão.

O Quibi (de Quick Bites) nasceu como um serviço de assinatura. Até ser decretado seu fim, lançou mais de 100 séries originais, com vídeos mais curtos. Algumas produções tiveram indicações para o Emmy. Entre elas, #FreeRayshawn, que conseguiu dois troféus (veja trailer abaixo).

Com a pandemia, as pessoas ficaram em casa e o consumo de conteúdo se concentrou na TV e nos serviços de streaming, como Netflix e Amazon. Feito para ser apreciado em smartphones, o Quibi não tinha app para smart TVs, o que foi lançado apenas recentemente. A assinatura saía por US$ 4,99 no pacote com publicidade e US$ 7,99, sem propaganda. E não atraiu muitos interessados, ao menos a ponto de garantir a sobrevivência do negócio.

A carta assinada por Katzenberg e Meg Whitman (leia na íntegra aqui) informa que os ativos estão à venda – nos bastidores, comenta-se que a plataforma já havia sido oferecida ao Facebook e à Apple, sem sucesso.

O texto diz ainda: “Quibi foi uma grande ideia e ninguém queria ter mais sucesso do que nós. Nosso fracasso não foi por falta de tentativa; consideramos e esgotamos todas as opções disponíveis”.

A dupla prossegue: “Abrimos as portas para as mentes mais criativas e imaginativas de Hollywood para inovar do roteiro à tela e o resultado foi um conteúdo que superou nossas expectativas. Desafiamos os engenheiros a construir uma plataforma móvel que permitisse uma nova forma de contar histórias - e eles entregaram um serviço inovador e encantador. E nós fomos acompanhados por dez dos mais importantes anunciantes do mundo que abraçaram com entusiasmo novas maneiras de suas marcas contarem suas histórias”. Entre as marcas que aderiram à plataforma estão P&G, PepsiCo, Google e T-Mobile.

Mesmo assim, Quibi não está conseguindo se sair bem. Provavelmente por um de dois motivos: a ideia em si não era forte o suficiente para justificar um serviço de streaming autônomo ou por causa do momento.

Infelizmente, nunca saberemos, mas suspeitamos que seja uma combinação dos dois. As circunstâncias do lançamento durante uma pandemia são algo que nunca poderíamos ter imaginado, mas outras empresas enfrentaram esses desafios sem precedentes e encontraram seu caminho para superá-los. Não fomos capazes de fazer isso.”

Desse modo, eles chegaram “com relutância à difícil decisão de encerrar o negócio”, devolver dinheiro aos acionistas e dizer adeus aos colegas. “Tudo o que resta agora é oferecer um profundo pedido de desculpas por decepcioná-los”, escreveram no final da carta.

A breve vida do Quibi

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