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Cannes Lions 2015

O que pensam os jurados (Ana Couto)

15.06.15

O Clubeonline apresenta um bate-bola sucinto e objetivo com todos os jurados que irão representar o Brasil no Cannes Lions, este ano.

Acompanhe abaixo o que tem a dizer Ana Couto, da Ana Couto Branding, nossa jurada em Design.

1. Nome, cargo e há quantos anos comparece ao Cannes Lions.

Ana Luiza Graça Couto. Fui uma única vez a Cannes, há cinco anos, quando surgiu a categoria Design. Mas sempre acompanhei de perto as premiações e a categoria Design já é uma certa referência para entender as tendências.

2. É sua primeira vez como jurada neste Festival? Qual a importância deste convite?

Estreio como jurada em Cannes. Acho que o convite é sempre um reconhecimento do seu trabalho e do impacto que ele tem no mercado. Sempre tive como objetivo trabalhar o design como uma ferramenta estratégica que gera valor para as empresas e para a sociedade.

Trazer o Branding para o Brasil há 20 anos foi um grande desafio, mas vejo que o objetivo foi alcançado. Hoje falamos com o topo das empresas e colocamos a marca na gestão do CEO. Design gera excelentes resultados para o negócio se utilizado em todo seu potencial.

O papel das marcas está cada dia mais forte nesse mundo de mídias tão segmentadas e excesso de ofertas. Logo, é preciso pensar estrategicamente como o design pode trazer diferenciação para o seu negócio.

3. Como você está se preparando para o julgamento?

Estou em conversa com jurados anteriores e trocando ideias e impressões. Também estou mergulhada nos cases inscritos e nos trabalhos das agências. Essa preparação é bastante importante para dar insumos na hora de julgar. Trabalho com alguns critérios que estou aplicando na avaliação para criar uma consistência maior na hora de defender minhas seleções no grupo de jurados.

Primeiro critério é diferenciação – se o trabalho traz algo novo e diferenciado para o segmento que ele está inserido. Avalio se é um olhar fresco que traz um nível de inovação e ruptura no mercado ou se é mais do mesmo. Acho esse um critério importante para sair com um leão.

Segundo critério é relevância – julgo se esse trabalho tem algum impacto para o mercado, para o cliente ou para as pessoas. O design tem um impacto social muito forte e por isso questiono se esse trabalho explora e evidencia esse potencial.

Terceiro critério é propriedade - a pergunta que faço é: esse trabalho cria uma propriedade visual e verbal forte o suficiente para criar um território de marca ou de comunicação?

4. Já viu trabalhos, nacionais ou internacionais, na sua categoria ou em outras, nos quais aposta?

Acho precipitado e não seria justo eu falar agora, pois nessa pré-seleção não olhamos todos os trabalhos. Mas claro que dentro os 250 que avaliei tem os que me fizeram falar "UAU!" e compartilhar com pessoas próximas. Muitos trabalhos que me emocionaram e são memoráveis respondem bem aos critérios que utilizo: Diferenciação, Relevância e Propriedade.

5. De modo geral, quais suas expectativas em relação ao desempenho do Brasil, este ano, no Festival?

Acredito muito no potencial do Brasil em ter cases premiados, pois o nosso país é cada dia mais competitivo em design e sempre teve uma forte presença no Festival. Vamos fazer a nossa parte e defender trabalhos criativos.

6. O Cannes Lions virou um grande Festival, com mais categorias a cada ano e no qual as agências brasileiras investem um grande montante de dinheiro, não só em inscrições, mas também no envio de suas equipes. Você mudaria alguma coisa no Festival, se pudesse?

Acho que as categorias às vezes são pontuais demais e outras muito abertas. Na minha visão, um trabalho de revisão das categorias pode ajudar as agências a submeterem, os jurados a avaliar, e aos prêmios a serem super relevantes. O mundo da comunicação mudou muito e esse poderia ser um trabalho que ajudaria. No restante, acho a programação cada dia mais instigante e relevante para as agências, clientes e o mundo de criação. Acredito ainda que o festival está sabendo se reinventar e aumentar sua relevância.

7. Como avalia a qualidade das palestras e a infraestrutura do evento?

Acho excelente, embora tenha muita gente para poucas vagas. O jurado tem que fazer escolhas traçar sua estratégia aliando com o seu perfil e objetivo. Ir para aprender ou para fazer network. Ou fazer um pouco de tudo que talvez seja uma boa receita para aproveitar.

8. O fato de agora haver um grande número de ‘celebridades’ anunciadas dentre os palestrantes te parece um diferencial atraente?

É sempre bom ver “celebridades” aliadas aos conteúdos variados: vi desde do Roger Daltrey, da banda The Who, até o Spike Lee. Criatividade é isso, é fazer conexões de áreas diferentes para sair com algo novo. Mistura é que gera inovação. Monocultura não dá bons frutos. Acho que isso é bem legal nessa direção – trazer empreendedores, líderes políticos, criativos e clientes em um mesmo lugar.

9. Recomenda alguma palestra nesta edição do Festival?

Eu adoraria ver tudo, mas como não é possível, fiz uma rápida seleção: Bob Greenberg - Global Chairman R/GA; Peter Espersen - Head of co-creation Lego System; Dr Itiel Dror - Cognitive neuroscienntist University College London.

10. Algo mais?

Vamos ficar ligados nos cursos e treinamentos muito legais e proveitosos que estão acontecendo. Afinal, a coisa que mais faz a gente evoluir é o aprender.

Leia anterior, com o jurado Alexandre Ugadin, da FCB Brasil, aqui.

Todas sobre Cannes aqui.

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