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Cannes Lions 2018

As 'gringas' da seleção - Parte III

16.06.18

Duas mulheres estão no time de seis brasileiros que moram fora do Brasil e foram convocados pelos países onde trabalham para julgar o Cannes Lions. As duas são da rede Ogilvy. Juliana Paracencio é diretora de criação regional da Memac Ogilvy Dubai, nos Emirados Árabes. Ela está no júri de Brand Experience & Activation. Jurada de Pharma, Renata Florio é ECD global da Ogilvy, em Nova York. Elas contaram ao Clubeonline sobre a vivência lá fora e como receberam o convite para julgar o Festival.

Clubeonline – Quais as principais vantagens profissionais de trabalhar fora? Do que sente falta?

Juliana ParacencioAs vantagens: você conhece e trabalha com pessoas de todas as partes do mundo; sua mente se abre bastante e você quebra muitos preconceitos, já que está sempre exposta a tanta cultura e pessoas diferentes;você aprende o tempo todo com problemas novos, rotina nova, etc;você ganha experiência internacional;tem mais oportunidades de viajar para destinos diferentes do que quando viajava saindo do Brasil;ganha fluência em outra(s) língua(s); fica mais criativa, afinal, está o tempo todo pensando e aprendendo coisas novas e isso te faz levar pontos de vista diferentes não só para os briefings, mas para a vida.Do que sinto falta estando longe do Brasil: profissionais que sejam hard working e apaixonados pelo que fazem: é difícil encontrar pessoas mais apaixonadas pelo que fazem do que os brasileiros; o “jeitinho” do brasileiro – a flexibilidade que temos para resolver problemas inesperados. Fora do trabalho sinto muita falta da minha família e amigos.

Renata Florio – Trabalhar em outro país foi uma consequência na minha carreira. De alguma forma, sempre trabalhei em contas internacionais ou globais. Então, mais do que vantagem, estar fora me dá a oportunidade de trabalhar com algo que sei fazer bem: lidar com diferentes culturas, diferentes línguas e linguagens, ter uma visão global, aplicada ao mercado americano. Sinto falta do pão de queijo em reunião com cliente ;).

Clubeonline – Como foi ser convocada para ser jurada por outro país que não o Brasil? Que sentimentos surgem?

Juliana – É a primeira vez que sou jurada em Cannes. Faz dez anos que saí do Brasil. Logo, nunca fui jurada pelo Brasil. É uma grande honra ser parte do juri, mesmo sendo por outro país. Na verdade, me dá um orgulho ainda maior, afinal, estou representando o meu país, que está representando outro país. Entendeu?! Brincadeiras a parte, ser jurada em Cannes, não importa o país que você esteja representando, é um dos maiores reconhecimentos que um profissional da nossa indústria pode receber. Estou muito feliz.

Renata – Ser brasileira dá muito orgulho, porque a qualidade do trabalho que vem daí é inquestionável e o mercado mundial sabe disso. Mas ser parte do juri é uma oportunidade única, que nos coloca acima de qualquer nacionalidade. Não importa de onde vem o trabalho, importa que seja o melhor trabalho.

Clubeonline – Você tem acompanhado o trabalho brasileiro? O que espera do desempenho em Cannes? E na Copa?

Juliana – Sim. O Brasil sempre esbanja muita criatividade e tem um craft impecável em Cannes. Acredito que este ano não será diferente – tenho visto muitos trabalhos legais saindo do Brasil. Já sobre a Copa do Mundo… é mais complicado dizer (o 7 a 1 da última Copa foi bem traumatizante, ainda mais por eu ser casada com um alemão). Mas como brasileiro não desiste nunca, o jeito é ter fé no hexa.

Renata – Como eu disse, o trabalho brasileiro é internacionalmente reconhecido. Não tem como trabalhar em propaganda mundial e não acompanhar o que acontece no Brasil. Sempre espero do Brasil o melhor, seja em Cannes, seja na Copa. Fiz um título há muitos anos para uma marca de tênis que dizia: “No Brasil quando tem baile, já se sabe que é para ir de chuteiras”. É isso que espero do nosso Brasil, que dê um baile nos adversários da Copa (antigo falar baile, né? Hoje o título teria de ser adaptado, mas o sentimento é o mesmo).

Clubeonline – E em relação ao país no qual você trabalha, qual desempenho você espera este ano?

Juliana – As agências e os clientes dos Emirados Árabes vêm fazendo um trabalho sólido nos últimos anos. E este ano há trabalhos legais relevantes para as marcas, que ganharam bastante atenção na mídia. Estamos na torcida para que 2018 seja um ano bom para a nossa região.

Renata – Os EUA têm uma força criativa muito grande, tanto em volume, quanto em qualidade de produção, recursos, diferentes mídias eideias. A expectativa é sempre grande quanto ao país.

 

Experiência Internacional

Juliana Paracencio começou a carreira em São Paulo como assistente de arte na Leo Burnett, na época de Ruy Lindenberg, a quem chama de mestre. Em 2008 ela se mudou para a Alemanha, onde trabalhou por sete anos. Desse período, um ano foi dedicado para a Leo Burnett de Frankfurt e dois para a Y&R de Berlim, como diretora de arte. Durante quatro anos atuou na Jung von Matt de Hamburgo como diretora de arte sênior. Em agosto de 2015, mudou-se para Dubai como ACD da Ogilvy e foi promovida a diretora de criação regional em 2016.

Renata Florio se mudou para os EUA em 2011, após ter deixado a DM9 para trabalhar na Strawberry Frog. Chegou aos Estados Unidos para trabalhar como ECD-CCO da Wing Grey. Passou pela FCB, de onde foi contratada para ser Global ECD na Ogilvy NY.

Esta é a terceira e última rodada de entrevistas dos “gringos” na seleção brasileira. Veja a primeira aqui e a segunda aqui .

 

 

Rita Durigan

 

Leia todas sobre Cannes aqui.

 

O Clubeonline estará em Cannes este ano, mais uma vez, com o patrocínio das seguintes empresas:

Alice Filmes

Barry Company

Corazon Filmes

Estúdio Angels

Hefty

Lucha Libre Audio

Piloto

Vetor Zero

Warriors VFX

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