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Cannes Lions 2020/2021

Mercado quer protagonizar iniciativas para melhorar o mundo

23.06.21

Algumas das palestras do Cannes Lions trouxeram ao mercado de comunicação a mensagem de que chegou a hora de usar a criatividade e a tecnologia para promover mudanças positivas no mundo. Mas, mais que conceitos, o que se viu no festival foram exemplos práticos, e dedicação de tempo e recursos de líderes da indústria nesse sentido.

A S4 Capital, de Martin Sorrell, apresentou um seminário focado em ações de apoio ao The Climate Pledge, iniciativa de empresas para atingir as metas do Acordo de Paris antes do previsto (a S4 foi a primeira do setor de marketing e publicidade a assinar o compromisso, leia aqui). A seu lado, estiveram Kara Hurst, da Amazon, uma das empresas fundadoras do Pledge, Ellen Johnson, do grupo Interpublic, e Clare Phillips, da rede de TV britânica ITV.

Segundo Kara Hurst, as empresas envolvidas na The Climate Pledge tem US$ 1,4 trilhão em receitas e 5 milhões de funcionários em 16 países. "Mas há muito espaço para crescimento. Acreditamos que a forma como podemos lidar com as mudanças climáticas está apenas no começo", avalia.

As empresas reforçaram um dos discursos mais fortes do festival neste ano, de que a tecnologia e a criatividade são ferramentas importantes para fazer o bem e a transição para uma sociedade menos desigual e mais sustentável. "Queremos ser catalisadores de mudanças e essa crença está em nossa estratégia", resume Martin Sorrell, que revelou diversas iniciativas da empresa, como a de plantar uma floresta para zerar as emissões de carbono do grupo. A cada funcionário devem ser plantadas duas árvores por mês, com meta de 6 mil árvores em 2021.

O discurso se converte em mudanças e práticas de negócios dessas empresas. Segundo Sorrell, a meta do S4 é que pelo menos 50% dos trabalhos produzidos para clientes estejam alinhados com um manifesto de produção sustentável do grupo. "Outro ponto é que somos apenas digitais, e abraçar a virtualização ajuda as pessoas e marcas a mitigar suas pegadas de carbono. E, nos últimos meses, tivemos um approach de produção integrada para nossos clientes, tornando-a muito mais sustentável", explica.

Já no Interpublic, revela Ellen Johnson, está em curso uma transformação em práticas de negócio em esferas como real estate, procurement, viagens e produção. Além de produções mais sustentáveis, a empresa busca oportunidades para reduzir o impacto no meio ambiente, o que inclui uso de eletricidade renovável. "O grupo vai mudar suas práticas de negócios, incluindo as políticas de viagem para reduzir as pegadas de carbono, otimizar a ocupação de imóveis, e criar uma agenda de trabalho híbrida para muitos funcionários. Há muitos ensinamentos da pandemia que levaremos adiante", diz a executiva.

Clare Phillips, da ITV, conta que todos os sites do grupo de mídia vão operar com energia renovável até 2025. "Também teremos ferramentas de edição em nuvem, uso de carros com energia solar para a transmissão de imagens", explica. A empresa também promete reduzir as viagens de negócios. "É algo que afeta todos os setores da empresa em busca de operar de forma diferente e muito mais eficiente", resume.

Kara Hurst, da Amazon, avalia que o setor criativo tem um grande papel em motivar consumidores a ter estilos de vida muito mais amigáveis ao clima. E em uma outra palestra do Festival, essa tendência ficou clara.

A Global Citizen, conhecida pelo festival de música, mas também uma organização que defende e apoia causa em prol da mitigação da pobreza extrema, apresentou um desafio que fez a diversas agências do mundo para que usassem sua capacidade e poder de storytelling para levar mudanças para tornar o mundo mais sustentável - o projeto teve parceria do Google.

"Não há soluções simples para transformar os objetivos globais para 2030 em realidade, e nem uma campanha simples que resolva isso. No entanto, contar uma história boa tem o potencial para isso. Se bem feitas, essas ações podem realmente nos despertar a vontade de querer fazer algo", afirma Sarah Acer, Global Head of Philanthropy and Partnerships da Global Citizen. "Esse é o melhor momento de todos os tempos para usar criatividade e tecnologia para inspirar as pessoas a fazerem algo para as outras. Sabemos que é um grande desafio trabalhar com agências e o Google nos ajudou a encontrar novas maneiras de contar boas histórias", diz.

O desafio partiu de cinco metas do Global Citizen: mitigar a Covid-19, o fim da fome, retorno das aulas, proteger o planeta e ampliar a equidade para todos. Além do Google, outras 10 redes de agências e empresas de performance pelo mundo participaram com a missão de contar uma história que inspire as pessoas em relação a um dos objetivos. "Foi bom ver agências usando sua criatividade de forma apaixonada para ser uma força para fazer o bem, criar mudanças e crescimento", comenta Sarah.

No Brasil, a Suno e a Blinks cuidaram do tema da mitigação da Covid, com uma peça que atacou a pobreza, desinformação e falta de empatia, outras pandemias consideradas tão perigosas quanto a Covid. "Você também pode ser a vacina", é uma das mensagens, que conclama as pessoas a fazerem parte do Global Citizen (assista ao filme, abaixo). Foi mostrado, durante a apresentação, um caso de um diretor de arte da Suno, Nelson Costa, que foi diagnosticado com Covid durante a produção do projeto. Ele diz que pôde sentir na pele o quanto os verdadeiros heróis, médicos e enfermeiros, estão enfrentando as "outras pandemias", como a falta de empatia e pessoas que não acreditam na ciência.

Por Felipe Turlão, especial para o Clubeonline

A cobertura do Cannes Lions 2020/2021 pelo Clubeonline tem o patrocínio de Santeria, Surreal Hotel e VMLY&R.

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