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Cannes Lions 2020/2021

'Economia de creators' mobiliza Facebook e YouTube

23.06.21

O consumo de conteúdo sofreu grandes mudanças durante a pandemia e muitas dessas tendências vieram para ficar. Tanto que dois grandes players viabilizadores do que se chama de "economia de creators" - e da conexão entre marcas, criadores de conteúdo e audiências - aproveitaram o palco de Cannes para apresentar estudos e novidades que atestam a crescente importância de conteúdos em vídeo e áudio.

Fidji Simo, head de app do Facebook, relatou os esforços da companhia no lançamento de streaming ao vivo de podcast - a princípio disponível nos EUA. Como forma de manter o engajamento dos usuários da plataforma, e de olho em movimento de outros players, a empresa permitirá que pessoas com contas verificadas iniciem salas de áudio ao vivo e convidem qualquer um a participar. "Esse é apenas nosso começo na jornada do áudio. Estamos ao lado de creators que, em breve, usarão nossas ferramentas para desenvolver os clipes de formato curto Soundbites", afirmou Simo, entrevistada pela repórter Sara Fischer (Axios Media).

Um dos pontos de sua palestra foi reforçar a importância da monetização para manter o engajamento dos "creators". "As pessoas veem os podcasts como uma experiência social. Para os creators, haverá possibilidades para estender sua audiência, um desafio do formato. E a monetização é importante e, mesmo em lugares que há mais dificuldades para isso, é difícil engajar jovens creators a entrar na 'creators economy' se não souberem como viver disso", afirma a executiva do Facebook.

Para as marcas, diz Simo, há diversas formas de participar dessa economia de "creators", a partir de modelos como o já tradicional branded content, em que a marca escolhe os "creators" de acordo com o seu objetivo de audiência e público que eles atingem; e um novo formato em que "creators" podem escolher de uma lista os produtos e marcas para promovê-los para seu público. "Queremos nos tornar o destino número um para 'creators' 'emergentes e já estabelecidos", afirma.

Em sua palestra, Kevin Allocca, head of Culture & Trends do YouTube, apresentou tendências que corroboram com o fortalecimento dos "creators". "O vídeo é parte essencial de nossas vidas e 72% das pessoas postaram algum vídeo ano passado (fonte: pesquisa Ipsos Mori em 18 mercados). Nunca vimos tantos vídeos e nunca criamos tantos vídeos", resume. Ele aponta, inclusive, uma tendência de podcasts em vídeo, com 51% das pessoas que assistiram o formato.

"Pesquisamos tendências e vimos coisas como pessoas usando vídeos para aprender coisas, para melhorar a saúde, encontrar comunidades, ajudando a aumentar o sentimento de conexão, com 'creators' procurando novas formas de fazer parte e dividir", afirmou. Segundo Allocca, 85% das pessoas viram vídeos ao vivo no ano passado, desde pouso em Marte até casamentos online, uma forma de se sentirem juntas quando estão sozinhas.

Outro dado importante: cerca de 500 mil canais fizeram um streaming ao vivo pela primeira vez em 2020. Allocca citou o case de Marilia Mendonça, que quebrou o recorde de live streaming do YouTube, sentada em uma cadeira em sua casa, com mais de 3,2 milhões de visualizações simultâneas, e o caso do BTS, que mostrou uma animação de manteiga derretendo por uma hora antes de revelar seu novo sucesso.

Como tendência de conteúdo, está claro para Allocca a força dos canais que mostram a vida cotidiana, como o de uma pessoa que relata seu dia fazendo sanduíches, com extrema autenticidade. E também houve crescimento de formatos para escapismo, como de um canal com músicas do passado e ambientação característica. Foram 53% das pessoas que, segundo a mesma pesquisa, viram vídeos que os fizeram se sentir em outro lugar.

"Todas essas tendências mostram uma habilidade do vídeo digital para ir além das convenções do que se espera desse formato. Embora tenha aumentado durante a quarentena, há tendências que vieram para ficar. Definitivamente, os vídeos precisam ser mais imediatos (ao vivo), mais informais e imersivos. Eles são procurados pelas pessoas para se sentirem parte de uma comunidade e ficarem mais conectadas umas às outras. Isso é uma oportunidade única para o conteúdo e entretenimento trazerem mais valor para nossas vidas", resume Allocca.

Por Felipe Turlão, especial para o Clubeonline

A cobertura do Cannes Lions 2020/2021 pelo Clubeonline tem o patrocínio de Santeria, Surreal Hotel e VMLY&R.

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