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Cannes Lions 2020/2021

Papo com os Jurados: Hugo Veiga / Entertainment for Music

19.06.21

Cannes Lions 202o/2021

Papo com os Jurados: Hugo Veiga, Global CCO da AKQA. Nosso jurado em Entertainment Lions for Music.

Clubeonline: Este ano, o Festival acumula trabalhos de duas edições. Isso pode interferir na qualidade do julgamento?

Hugo Veiga: Cannes anunciou que o número de inscrições dos dois anos é ligeiramente menor que os números de 2018 e 2019. A quantidade pode até ter diminuído, mas a qualidade dobrou. Num período de crise econômica, empresas, agências e produtoras focaram investimentos em seus melhores projetos e o resultado é uma Copa do Mundo com o Ronaldo de 2002 confrontando o Maradona de 86, num campo onde jogam também Marta e Megan Rapinoe. O resultado, para quem está a julgar, é de admiração pela maior concentração de bom trabalho por categoria e uma certa frustração por não poder reconhecer com medalha projetos que em outros anos sairiam vencedores.

Clubeonline - Quais expectativas para sua categoria, tanto em termos globais quanto em termos de Brasil?

Veiga: A sensação é de que o mundo acordou para a categoria de Entertainment for Music. Não só artistas têm desenvolvido projetos que vão além do simples videoclipe, como marcas e plataformas têm se associado cada vez mais ao universo musical. Assim, a categoria está repleta de projetos inovadores. Acima da minha linha de shortlist, tinham passado 97 peças. Quando recebi um e-mail de Cannes falando que o short deveria ter 46 peças quase morri. Nos últimos dois anos, o Brasil produziu alguns dos melhores projetos no universo da música que mereciam mais atenção, mas as limitações de um julgamento a distância reduziram as chances de maior discussão.

Clubeonline - Você acredita que o resultado de Cannes vá refletir as mudanças que a pandemia causou no mundo e, consequentemente, na comunicação?

Veiga: Com certeza, teremos vários projetos vencedores que nasceram de uma resposta à pandemia. Mas criatividade é atemporal. Muitos projetos podem até ter alguma relação com a pandemia, mas se destacam pelo seu poder de inovação. São ideias que, mesmo não tendo pandemia, não deixariam de elevar marcas, negócios e mensagens.

Clubeonline - E quanto a pautas como racismo e inclusão, elas devem ganhar ainda mais destaque nesta edição?

Veiga: Em 2020, de novo a questão racial ganhou os headlines de notícias mundiais, pelas piores razões possíveis. Mas nem tudo são más notícias. Finalmente, as marcas perceberam a importância de usarem todo o seu poder monetário, logístico e de alcance para apoiar pautas urgentes como a do racismo e inclusão, assim como outros movimentos sociais, culturais e ambientais.

Clubeonline – Do que você vai sentir mais falta: do aeroporto de Paris; do rosé no Martinez; do macaron na La Durée; do jantar no “Pelourin”; das filas no tapete vermelho para, quem sabe, subir ao palco; ou das festas?

Veiga: Vou sentir muita falta da cerimônia de entrega de prêmios, onde assistimos pela primeira vez aos projetos premiados do ano. Da avalanche de inspiração que nos faz sentir pequenos no universo criativo global. E dos encontros. Cannes é o momento do ano onde conseguimos encontrar amigos espalhados pelo mundo. As futuras nostalgias são tantas que em anos bons ou ruins, nunca saímos perdendo de Cannes.

Leia anterior com André Laurentino, Chief Creative Officer, Ogilvy UK, nosso jurado em Print & Publishing, aqui.

A cobertura do Cannes Lions 2020/2021 pelo Clubeonline tem o patrocínio de Santeria, Surreal Hotel e VMLY&R.

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