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CCXP 2017

O que um festival de cultura pop tem a ensinar - e inspirar

11.12.17

Foi uma espécie de Carnaval com festa, conteúdo, entretenimento e muita ativação. Durante quatro dias, a CCXP 2017 reuniu o maior público de uma comic con no mundo. No ano passado, o evento já tinha batido esse recorde, com 196 mil pessoas. A de Nova York tinha reunido 184 mil pessoas em 2016 e neste ano vendeu 200 mil ingressos. A CCXP, porém, já sabia desde o momento em que abriu suas portas que poderia manter o título (leia mais em “Europa: passo internacional da CCXP deve ser dado em 2019). No domingo 10, os organizadores informaram que foram vendidos 227 mil ingressos para esta edição, um aumento de 30% em relação à anterior.

O Clubeonline acompanhou os quatro dias da convenção e mais os dois dias do Unlock, evento paralelo mais focado em negócios. A CCXP – marca cravada dessa forma pelos sócios Omelete Group, Chiaroscuro Studios e Piziitoys – reuniu fãs, artistas e empresas de quadrinhos, cinema, TV, games, anime, RPG, memorabilia, ficção científica e colecionáveis. E também patrocinadores, que rechearam o evento de ativações. Mais do que um encontro nerd anual, ele vem sendo considerado um grande festival de cultura pop, que pode ser apreciado das crianças aos mais velhos.

Algumas coisas podem parecer mesmo muito “assunto de nerd”, mas trata-se de um universo tão denso e amplo que as marcas e as agências não podem deixar de prestar atenção no que acontece nos dias de agito da CCXP, que aconteceu na São Paulo Expo. É importante observar o que um festival desse porte tem a nos proporcionar:

- Os estúdios internacionais e nacionais e as grandes empresas de mídia estão lá. HBO, Fox, Warner, Netflix, Globo, Abril, UOL... Essas companhias exploram ao máximo a oportunidade de mostrar ao público as próximas atrações e os motivos que as tornam tão legais para o público nerd. Entretenimento é a pedida. É o que as pessoas querem. E ainda há apresentações feitas primeiro aqui antes de serem exibidas no mundo. A Pixar exibiu Viva: A Vida é Uma Festa. No ano passado, Moana passou primeiro no evento e apenas meses depois entrou em cartaz no Brasil. E a Universal exibiu primeiro o trailer de Jurassic World – Reino Ameaçado antes de qualquer outro país;

- As novidades do mercado brasileiro também ganham destaque. A Globo trouxe bastidores e cenas inéditas da nova novela das 19h, Deus Salve o Rei, entre outras produções. A Maurício de Sousa Produções apresentou lançamentos, como a série animada Turma da Mônica Jovem, que estreia em 2018 no Cartoon Network, e exibiu um teaser de Astronauta, adaptação  animada caprichada de uma graphic novel do estúdio;

- Há sessões mais específicas que permitem ter um olhar mais profundo sobre certas áreas da indústria do entretenimento que podem crescer no país. É o caso do setor de VFX. Um painel mostrou como foi feita a cena de Blade Runner 2049 que “revive” Rachael (Sean Young). Outro, no Unlock, revelou que o ministério da Cultura dará incentivos para a produção e a pós-produção (leia mais em “Ministro diz que audiovisual brasileiro estará no Top 5 em 10 anos);

- Celebridades, do YouTube ao cinema, mobilizam multidões. Pode parecer muito velho falar disso, mas há maneiras de colocar em evidência a presença de uma personalidade e fazer com que isso repercuta nas redes sociais. Will Smith andou pelo evento fantasiado com uma máscara que impedia o público de saber de quem se tratava (veja neste vídeo da CCXP seu passeio mascarado e a revelação no estande da Netflix). Mas eles já desconfiavam e passaram a segui-lo, com celulares a postos. Outras celebridades tinham feito o mesmo. Não se trata só de ter um nome famoso em um festival. É preciso criar formas de torna-lo mais próximo. Fernanda Montenegro também foi alvo de reverências. Não andou fantasiada. Mas era a homenageada da edição (leia mais aqui) e deu entrevista para o estúdio da Omelete TV, cujas paredes de vidro permitiam que os fãs pudessem vê-la. As entrevistas da Omelete TV ficavam visíveis  também em um grande telão;

- Ativações não se limitam a brindes, embora eles sejam muito disputados. A Netflix tinha máquina com garra para os fãs tentarem pegar um bonequinho de Okja, o super porco da série original homônima. A Toddy patrocinou uma área de board games e criou uma área para disputa ao estilo medieval. A Lupo montou uma parede de escalada. A Sony adotou um cenário que promovia Jumanji, com um quê de arborismo. A Warner levou o carro de Supernatural. E a PiziiToys colocou logo o tiranossauro de Jurassic Park e mais o carro do parque temático. A Fox fazia sucesso com espaço para fotografias com a família Simpson. E a loja do Harry Potter tinha três vassouras num campo de quadribol para o povo tirar fotos. Aliás, selfies são tão populares que os estandes já pensam nisso, como a HBO que criou um canto apontando onde era o melhor ângulo para tirar foto junto ao trem de Westworld;

- Games estão com tudo. Houve finais de campeonatos na CCXP. Teve apresentação dos times de LOL (League of Legends) de Corinthians e Flamengo. E a arena dedicado aos games tinham sempre público. Nesta edição, a CCXP montou pela primeira vez um painel para um jogo de videogame. Foi para o lançamento de God of War (Playstation).

- Quem não se habituou ainda ao mundo do cosplay, precisa conferir de perto. Há inúmeros eventos com cosplayers em São Paulo, no Rio, em outras capitais. A área dedicada a esse universo teve patrocínio da Oi e permitia aos novatos ver como se monta um personagem. E pela CCXP inteira as pessoas gostam de investir numa fantasia, mesmo sem entrar no concurso de cosplay. Se a produção for boa mesmo, o público pede para tirar foto junto;

- Há filas por todos os lados. Isso até já virou brincadeira. Os visitantes gostam? Não. Mas existem táticas para lidar com isso. Um período é dedicado a filas para acessar lojas e estandes. Outro, para painéis. Nesse caso, vale uma sugestão aos organizadores: abrir uma sala para quem sabe que vai perder mesmo a sessão no auditório principal. Afinal, todo mundo teria gostado de ver uma palinha de Star Wars, mesmo que fosse por meio de um telão. Mais ou menos como acontece em Cannes.

 

Lena Castellón

CCXP 2017

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