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Coluna do W.O.

Está na cara

29.03.21

A marcha-rancho "Máscara Negra", composta por Zé Keti, em parceria com Pereira Matos, para o carnaval de 1967 virou um sucesso eterno, seja cantada por ele, por Dalva de Oliveira ou por qualquer outro intérprete. Seus versos finais viraram históricos: "Na mesma máscara negra que esconde o teu rosto, eu quero matar a saudade. Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval".

O Rei Roberto Carlos foi o primeiro cantor a aparecer na televisão como "o cantor mascarado", num quadro que se transformou em grande sucesso no programa Cassino do Chacrinha.

Até alguns anos atrás, era muito comum na cidade de São Paulo senhoras descendentes das famílias italianas mais tradicionais, contarem para os seus netos que as máscaras no Carnaval de Veneza surgiram como uma maneira dos nobres saírem às ruas ao lado do povo, sem serem reconhecidos.

Em 1958, o pianista Duke Ellington criou para a Gravadora Columbia, o álbum “Duke Ellington at The Bal Masque”. Esse álbum fez crescer, no mundo inteiro, toda uma geração de apreciadores dos standards norte-americanos. "Duke Ellington at The Bal Masque" foi durante anos um dos álbuns mais procurados na melhor loja de discos do Brasil, a Modern Sound, em Copacabana.

Os bal masqués (bailes de máscara) surgiram na Idade Média, basicamente em Veneza e Florença. O primeiro realizado no Brasil aconteceu no Rio de Janeiro, em 1641, em homenagem ao rei Dom João IV.

Há muitos anos, os jogadores de futebol talentosos, mas individualistas, começaram a ser chamados pela imprensa esportiva e pelos torcedores de mascarados. Dois mascarados famosos: Edmundo, quando jogava no Vasco, e Marcelinho Carioca, quando jogava no Corinthians.

Na época em que os crimes aconteciam em número bem menor e eram menos violentos, de vez em quando, ganhava destaque na capa de algum jornal popular um assalto a mão armada, cometido por um “bandido mascarado”.

Odete Lara, que além de linda, era ótima atriz, assim como a sua contemporânea Brigitte Bardot, de vez em quando, se arriscava a cantar, tendo inclusive lançado alguns discos. Em 1966, Odete Lara e Chico Buarque, acompanhados pelo MPB-4 fizeram uma temporada na boate Arpège, no Rio de Janeiro. O ponto alto daquele show acontecia quando eles interpretavam a canção “Noite dos mascarados”.

O cinema já teve vários mascarados, mas de todos eles, certamente, o mais famoso foi o Zorro.

Algumas tribos brasileiras, nos dias de festa, usavam máscaras simbolizando animais, pássaros e insetos.

Apicultores usam máscaras para se proteger das abelhas; esgrimistas usam máscaras para se proteger das espadas.

Máscaras existem pra serem enfiadas na cara, apesar de existir gente que prefira máscaras enfiadas noutro lugar.

No Halloween, o policiamento é reforçado na cidade de Nova York, por causa do número de pessoas mascaradas nas ruas.

Uma das máscaras mais caras que existem é aquela com a língua dos The Rolling Stones, à venda na loja que eles montaram na Carnaby Street, em Londres. Custa 15 libras.

Essas são apenas algumas das muitas histórias sobre máscaras.

A máscara, tanto como objeto, quanto como palavra, sempre esteve ligada a momentos de emoção.

Mas, a partir de 2020, passou a exercer uma função ainda mais nobre. Começou a salvar vidas, fato cientificamente comprovado, que nenhum negacionista pode negar.

Eu, que desde os 18 anos de idade me treinei para pensar como as coisas podem ser comunicadas, pensando nas máscaras, cheguei à conclusão de que um bom tema para elas nos dias de hoje, seria o mesmo que foi utilizado anos atrás, no mundo inteiro, nas campanhas de publicidade do cartão de crédito American Express.

Máscara. Não saia de casa sem ela.

Washington Olivetto
Publicitário
washington@washingtonolivetto.com.br

Texto publicado no jornal O Globo

Leia texto anterior da Coluna do W.O., aqui.

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