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Coluna do W.O.

Deus salve a rainha

26.04.21

Nesses tempos de Covid-19, em que muita gente, por precaução, optou por não sair de casa, as séries de televisão multiplicaram a sua audiência.

Considerada pelo tradicionalíssimo jornal inglês The Telegraph, como a melhor série dos últimos anos, "The Crown" continua fazendo grande sucesso.

Pra quem não sabe, se é que existe alguém que ainda não saiba, "The Crown" é uma série da Netflix ganhadora da maioria dos prêmios do Globo de Ouro de 2021, criada e escrita por Peter Morgan, no provocativo formato de drama biográfico, a respeito da vida da rainha Elizabeth II.

A rainha Elizabeth é pop: já transformou Paul McCartney e Mick Jagger em Sirs e já saltou de paraquedas do helicóptero do James Bond, na abertura da Olimpíada de Londres, em 2012 – não importa se era uma dublê; o que importa é que ela saltou.

Fora que, nos últimos anos, por causa de sua vitalidade interminável, ela tem protagonizado alguns dos memes mais multiplicados no mundo inteiro. Como aquele que comenta que o seu grande companheiro das noitadas em Londres é o também interminável Keith Richards. Ou um outro, em que seu filho, príncipe Charles, diz que havia acabado de fazer seu testamento e resolvido deixar tudo que possuía para a mãe.

No dia 9 de abril de 2021, quando o príncipe Phillip morreu, aos 99 anos de idade, horas depois, muita gente na Inglaterra já comentava que, triste e deprimida com a morte do marido, a rainha teria agora disposição para viver, no máximo, mais uns 65 anos.

Na série "The Crown", a rainha Elizabeth – que foi interpretada pela atriz Claire Foy nas duas primeiras temporadas e pela atriz Olivia Colman na terceira e na quarta – contracena com outros grandes atores, que interpretam o príncipe Phillip, o príncipe Charles, a princesa Margareth, a Duquesa de Windsor e muitas outras figuras daquele histórico, mas também folclórico grupo.

A série – que mistura romance, drama e comédia – tem muito de realidade, mas também tem ficção. A ponto de jornais como o The Guardian e o The Times terem feito inúmeras matérias analisando o que realmente foi vivido e o que parece ter sido inventado. O que é literalmente real e o que não é.

A quarta temporada, que começou a ser exibida em novembro do ano passado, foi a de maior sucesso, porque marcou a estreia na família real de Diana Frances Spencer, que depois se transformou na Lady Di, interpretada pela atriz Emma Corrin.

Assistindo a cada capítulo, chega-se à conclusão de que com sua beleza, doçura e carisma, Lady Di roubou muito do prestígio da rainha e ainda aumentou os complexos de inferioridade do príncipe Charles, existentes desde a sua infância, devido a má relação com o pai.

Certamente por isso, Charles sempre preferiu a convivência com seu padrinho, o Lord Mountbatten, e os afagos da antiga, nos dois sentidos, namorada Camila Parker Bowles.

Outro dia aqui, em Londres, conversando com um amigo brasileiro e roteirista de séries, ele me disse que, assistindo aos capítulos de "The Crown" e pensando em realeza, tinha imaginado sugerir ao pessoal da Netflix uma série sobre o clã Bolsonaro, incluindo o fato de um dos príncipes herdeiros da família agora ser proprietário de um palácio no Lago Sul de Brasília.

Mas disse que, depois, tinha chegado à conclusão de que, mesmo com a forte capacidade de divulgação que os Bolsonaros têm via Twitter, a série teria no máximo alguma repercussão na Barra da Tijuca, enquanto o pessoal da Netflix busca sempre sucessos mundiais.

Além disso, o meu amigo roteirista, que é também realista, observou que, na categoria brasileiros, os produtores de "The Crown" já estão mais do que bem servidos. Contam com o talento do diretor de fotografia Adriano Goldman, que desde o início, é o grande responsável pela unidade visual e exuberância estética da série. God Save Adriano.

E Deus salve também o rei Roberto Carlos, que no último 19 de abril, completou 80 anos.

Washington Olivetto
Publicitário
washington@washingtonolivetto.com.br

Texto publicado no jornal O Globo

Leia texto anterior da Coluna do W.O., aqui.

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