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Coronavírus

O impacto bilionário sobre a economia global causado pelo novo vírus

11.02.20

O coronavírus está paralisando a economia global. Uma estimativa da consultoria britânica Capital Economics aponta que a crise gerada pela epidemia custará ao mundo mais de US$ 280 bilhões nos primeiros três meses do ano. Pela primeira vez o PIB global não crescerá em termos trimestrais desde 2009, afirma o relatório.

Na análise da Capital Economics, as consequências do coronavírus na Ásia devem ser maiores do que as causadas pela Sars (sigla em inglês para designar Síndrome Respiratória Aguda Grave), em 2003. Em número de mortos, o novo vírus demonstra ser mais ameaçador. No final de semana, as vítimas fatais chegaram a 1011 na China continental e houve mais dois casos letais, um em Hong Kong e outro nas Filipinas. A Sars, que também foi deflagrada em território chinês, provocou 774 mortes, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Pelo lado econômico, grandes corporações têm reportado estimativas de perdas. A Disney avisou que deverá ter um prejuízo de aproximadamente US$ 175 milhões com seus parques temáticos em Xangai e Hong Kong. Os locais estão fechados. Esse montante se refere a dois meses de inatividade. As perdas se dão em um período em que se esperava bastante movimentação da economia já que o Ano Novo Chinês se deu no dia 25 de janeiro.

Outras empresas redefiniram suas estratégias na região. A Nike fechou metade de suas lojas na China. Além disso, ela alterou o horário de funcionamento. Também fecharam lojas no país marcas como Apple, Starbucks e McDonald’s. A Hyundai, por sua vez, interrompeu uma linha de produção na Coréia do Sul por falta de peças para montagem de seus carros (o mercado chinês é um grande fornecedor desses itens – leia mais aqui).

Nesta segunda-feira 10, o Airbnb comunicou que até março estão suspensos seus serviços de hospedagem em Pequim. Os viajantes afetados serão reembolsados. A medida foi tomada para conter o avanço do vírus. “Estamos monitorando de perto as orientações oficiais das autoridades governamentais e de saúde locais e da Organização Mundial de Saúde para contribuir com a saúde e o bem-estar da nossa comunidade em regiões afetadas gravemente”, divulgou a companhia.

As preocupações com o coronavírus atingem outros mercados também. O Mobile World Congress, que acontece entre os dias 24 e 27 de fevereiro, em Barcelona, sofreu baixas importantes. A Amazon, a LG e a Sony são algumas das empresas que desistiram de participar do evento. A organização decidiu, por sua vez, não autorizar a presença de visitantes da província de Hubei, onde está localizada a cidade de Wuhan, provável epicentro da epidemia do novo coronavírus.

As atenções do mundo se voltam para as ameaças sobre populações e autoridades sanitárias buscam meios de conter a propagação da epidemia, mas é, de fato, inevitável pensar no impacto sobre a economia global. Um artigo do New York Times apresenta as razões por que o coronavírus é um perigo maior do que a Sars.

Um primeiro ponto é lembrar o que era a China na época da eclosão do vírus respiratório. Em 2002, as fábricas chinesas produziam principalmente produtos de baixo custo, como camisetas e tênis. Hoje, “outro vírus mortal está se espalhando rapidamente pelo país mais populoso do mundo”. No entanto, a China é agora um elemento principal da economia global, tornando a epidemia uma ameaça substancialmente mais potente.

As fábricas da China ainda produzem “uma gama alucinante de produtos relativamente simples e de baixo valor”, porém há muito tempo o país exerce domínio sobre segmentos mais lucrativos, como os mercados de smartphones, computadores e autopeças. A China evoluiu para uma parte essencial da cadeia de suprimentos global, produzindo componentes comprados por indústrias do México à Malásia.

A China é um enorme mercado consumidor: 1,4 bilhão de pessoas com apetite crescente por aparelhos eletrônicos, roupas de moda e viagens para a Disney. Sua participação no comércio global, que era de 5,3% em 2003, foi de 12,8% no ano passado.

A produção econômica por pessoa também teve um salto significativo, saindo de US$ 1.500 em 2003 para cerca de US$ 9.000 em 2019. "Hoje, a China representa cerca de um terço do crescimento econômico global, uma parcela maior do que os EUA, a Europa e o Japão juntos", afirmou o economista Andy Rothman, gerente de fundos de investimento da Matthews Asia.

Depois da Sars, a China sofreu durante vários meses um processo de contração econômica até se recuperar dramaticamente. Isso deve acontecer de novo. Não se sabe quanto tempo a epidemia irá durar e quais seus reais efeitos sobre a economia global. O que os especialistas acreditam é que qualquer coisa que ocorra com a China... isso será sentido amplamente.

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