arrow_backVoltar

Coronavírus

Como a epidemia impacta conferências e eventos

13.02.20

O coronavírus está afetando o mundo de uma maneira como outras epidemias recentes não o fizeram. As sociedades estão mais conectadas hoje, e não apenas de forma digital. Viagens de negócios e conferências internacionais se multiplicaram em comparação a décadas passadas. Esse segmento é mais um que demonstra estar sentindo os efeitos do novo vírus.

Empresas com operações físicas na China, como Apple e Nike, já tinham anunciando medidas como fechamentos de lojas e mudanças de horários. Mas mesmo fora do país a ameaça sobre os negócios foram se condensando (leia aqui o que publicamos sobre o impacto na economia global). Na semana passada, o Mobile World Congress (MWC) discutia estratégias para conter a ameaça, que já havia provocado a desistência de players importantes como Amazon, LG e Sony.

Nesta quarta-feira, 12, os organizadores capitularam. O MWC foi cancelado devido à preocupação global com a epidemia e com as viagens internacionais, como alegou John Hoffman, presidente da GSMA, a responsável pelo evento que reuniria mais de 100 mil pessoas em Barcelona entre os dias 24 e 27 deste mês.

Ante o fato, a Adweek questionou: será a epidemia de coronavírus um ponto de inflexão que leve organizadores de eventos e conferências a promover mudanças em suas estruturas de modo a evitar a propagação de doenças, quaisquer que sejam elas? Ou a atual crise é um episódio que se isolará no tempo, gerando medidas temporárias de contenção?

A resposta demanda mais tempo para ser dada. Em todo caso, alguns eventos já tomaram suas precauções. No Unpack da Samsung, que ocorreu nesta semana em São Francisco, foram instalados equipamentos que ajudavam a monitorar a saúde, com câmeras que detectavam elevação de temperatura corporal e febre. Estações similares são usadas em locais como aeroportos, mas, no mundo conectado em que vivemos, cabem perguntas sobre o uso de dados e o direito à privacidade. Ou seja, embora soe como uma medida prática para auxiliar no controle de epidemias, a questão é mais complexa do que se imagina.

Entre as soluções mais simples dos organizadores de eventos está a ampla divulgação de informações sobre cuidados preventivos e sintomatologias vindas de autoridades de referência, como a OMS (Organização Mundial de Saúde). O SXSW, que atraiu cerca de 400 mil pessoas para Austin no ano passado, avisou que estão monitorando o cenário e estimulou os participantes da edição 2020 (entre 13 e 22 de março) a checar as recomendações da OMS - aqui, tudo o que a autoridade máxima de saúde no mundo tem dito sobre o novo vírus.

Em junho, em Toronto, acontece a Collission and Web Summit, conferência que também é promovida em Lisboa, em novembro. De acordo com Adweek, os organizadores estão trocando informações com as agências de saúde pública de cada cidade para seguir as diretrizes de prevenção e controle de doenças. Todos indicam aos participantes que verifiquem as recomendações dos governos e especialistas em epidemias.

Cancelamentos ou adiamentos entram em pauta quando se trata de eventos menores, mas há situações em que isso é praticamente impossível de se imaginar. Os comitês olímpicos e paralímpicos dos Jogos de Tóquio disseram que confiam na OMS em suas orientações para o evento.

No início do mês, Toshiro Muto, CEO do Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio, tinha reconhecido estar seriamente preocupado com o impacto do coronavírus, segundo a ESPN. Mas, em coletiva de imprensa, afirmou que a olimpíada se mantém como programada (início em 24 de julho) e pediu que as pessoas não instiguem o medo entre as populações. Um porta-voz do Comitê Paralímpico (com abertura em 25 de agosto) reforçou: o medo está se espalhando mais rapidamente do que o vírus.

Recentemente havia sido anunciado que o ritmo de contágio tinha diminuído. Mas nesta quarta-feira, 12, foram divulgados novos números da epidemia, o que parece demonstrar que ocorreu nova aceleração. O balanço mais atual das autoridades chinesas indica que o total de infectados no país está próximo dos 60 mil. A epidemia ainda requer muita atenção e muito esforço de contenção de governos, populações, organizações civis, entidades médicas e corporações.

Coronavírus

/