Época sem revista

A partir de 28 de maio, o conteúdo da revista Época passará a ser publicado em O Globo, no digital e no papel. Com isso, o título deixará de circular como revista impressa semanal após 23 anos chegando às bancas. O site da publicação migrará para o site do jornal e os assinantes da Época terão a opção de migrar, sem custos adicionais, para o Globo digital.

Em comunicado que circula no mercado, o movimento é apontado como parte da estratégia de consolidação do Globo. Com isso, reportagens de fôlego, cobertura analítica do noticiário e seções fixas da revista estarão em diferentes editorias do jornal. Desse modo, a empresa passará a atuar com mais foco, “concentrando tempo e esforços no fortalecimento do Globo”.

Época terá páginas fixas aos sábados na edição impressa do diário, com reportagens mais densas. Durante a semana, o conteúdo produzido pela Época e publicado nas páginas do jornal terá viés mais analítico.

O fim da versão impressa da revista vinha sendo especulado há algum tempo (leia aqui). No mundo, as publicações do gênero vêm sofrendo com a queda de assinaturas. No comunicado, a decisão de integração da Época ao Globo remete às “mudanças no hábito de consumo de notícias ao longo dos últimos anos”.

De acordo com esse comunicado, o crescimento da audiência digital, visto especialmente na pandemia, comprova que as pessoas estão recorrendo mais a fontes de informação disponíveis na internet, fornecidas em tempo real. Ao mesmo tempo, diminui o interesse do público pelas edições impressas de revistas semanais de informação. “Diante disso, ficou ainda mais clara a necessidade de nos reinventarmos”.

Dados do IVC indicam que a Época detinha um total de 77.114 assinaturas em fevereiro passado. Os assinantes do impresso somavam 32.759. Já para o digital, eles chegavam a 44.355.

No site da revista, há um comunicado que segue a mesma linha. Os leitores são lembrados que “olhar para o futuro sempre foi a vocação da revista Época”. O primeiro número da publicação, que circulou em 25 de maio de 1998, trazia “expectativas e preocupações dos brasileiros” sobre um futuro melhor. Agora, o título “mira os novos tempos”.

O texto informa que, “na última década, os incontáveis desafios impostos pela internet mudaram radicalmente o ciclo das notícias. A dinâmica de uma revista semanal de notícias impressa começou a perder relevância em um tempo em que os furos de reportagem são publicados em tempo real e alertados nas telas dos celulares”.

Época acrescenta que o conteúdo publicado digitalmente pelas principais semanais de informação do Brasil vem crescendo em alcance nos últimos anos. “Em janeiro de 2017, eram 16 milhões de visitantes únicos nos sites das quatro principais publicações semanais do país. Em março deste ano, foram 55 milhões”.

A publicação reforça que, com a pandemia, a tendência de o público buscar notícias e análises na web gerou uma “demanda sem precedentes”, levando ao aumento da audiência do jornalismo profissional no meio digital no mundo em 2020. Por isso, a aposta na integração com o Globo.

O comunicado no site da Época afirma também que, “em um momento no qual o diálogo se mostra ainda mais imprescindível para a compreensão da realidade, o Globo ganha uma nova plataforma de debates aprofundados sobre os principais temas do país e do mundo, sempre atenta à diversidade de opiniões, à pluralidade de vozes e ao espaço para o contraditório”.