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Depois de O Globo

Bastidores da capa do NYT, que marca os quase 100 mil mortos

24.05.20

O assunto ocupou as redes sociais no domingo 24: a capa do jornal The New York Times foi coberta de nomes e breves históricos, para estampar a informação de que os Estados Unidos se aproximavam das 100 mil mortes pela covid-19. A decisão do diário de publicar uma lista das vítimas do novo coronavírus foi demonstrar a perda incalculável para o país de uma maneira muito direta e sem maiores recursos gráficos.

A manchete do domingo dizia: “EUA perto das 100 mil mortes, uma perda incalculável”. A longa lista ocupa a primeira página em sua totalidade. Não há fotos ou gráficos. Uma matéria do jornal traz os bastidores dessa criação.

Os editores do NY Times planejavam como marcar o número dos 100 mil mortos pela covid-19, algo triste e que demandava um tratamento tão impactante quanto a notícia. A reportagem sobre a história por trás da capa aponta que Simone Landon, editora assistente da área de gráficos, queria representar o número de maneira que transmitisse a vastidão e a variedade de vidas perdidas. "Entre nós mesmos e, talvez, no público em geral, há um pouco de fadiga com os dados", disse referindo-se a seu time.

Colocar 100 mil pontos ou figuras na página não diria muito sobre quem eram aquelas pessoas. A saída foi compilar obituários e notícias de morte de vítimas da covid-19 publicadas em jornais grandes e pequenos do país e selecionar passagens vívidas por elas, como “Theresa Elloie, 63, Nova Orleans, conhecida por seus negócios na fabricação de adereços floridos”.

Esse planejamento veio antes do marco dos 100 mil se aproximar. Assim que os números passaram a sinalizar que o trágico momento estava chegando, Marc Lacey, editor de Nacional, alertou Tom Bodkin, diretor de criação do jornal. "Queria algo que as pessoas pudessem olhar daqui a 100 anos e entender o preço do que estamos vivendo", disse Lacey.

Leia aqui a reportagem com os bastidores da capa histórica do NY Times.

O Globo e o memorial Inumeráveis

No início do mês, o jornal O Globo publicou uma capa igualmente histórica, quando o Brasil passou das 10 mil mortes pelo novo coronavírus. A primeira página trouxe nomes e pequenos relatos da vida dessas vítimas como uma forma de fazer com que “a dimensão humana da tragédia não se perca na frieza das estatísticas”. Os nomes e as histórias das então 10 mil vítimas preencheram também duas páginas internas do jornal, que publicou reportagem explicando o trabalho feito (confira aqui).

O Globo se aliou a um projeto, o Inumeráveis, lançado em 30 de abril por artistas e jornalistas para mostrar que as vítimas não são números. “Gente merece existir em prosa”, explica o projeto (visite aqui), que se tornou um memorial digital.

De acordo com o site Observatório da Imprensa, a ideia original do projeto é do artista plástico Edson Pavoni. A ele se juntaram a jornalista Alana Rizzo e o empreendedor Rogério Oliveira, que construíram o memorial. O núcleo central do projeto é formado por mais oito profissionais, ativistas sociais, comunicadores e artistas, bem como 23 jornalistas voluntários (leia aqui).

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