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Kantar

Estudo avalia impacto da quarentena no consumo no Brasil

02.04.20

Mudanças comportamentais e de hábitos de compra estão ocorrendo globalmente em consequência da necessidade de distância social, devido à pandemia de coronavírus. Levantamento da empresa de pesquisa Kantar procura identificar essas transformações no Brasil, por meio da 2ª edição do Termômetro de Consumo.

Segundo o estudo, 78% dos brasileiros buscam sair de casa somente para o necessário. As pessoas também estão mais preocupadas com a saúde: 27% dizem procurar fazer uma dieta com alimentos saudáveis e 22% buscam por produtos de limpezaDeliveries de supermercados se tornam escolha para 7% da população nacional.

Somente no primeiro bimestre de 2020, 784 mil lares a mais compraram analgésicos, em comparação com o mesmo período de 2019. Além disso, 330 mil passaram a comprar vitaminas (especialmente a C) e 224 mil lares se tornaram compradores de antigripais.

A Kantar destaca ainda que os brasileiros estão preocupados em manter a despensa cheia, refletindo no desempenho das categorias de consumo massivo: há um ano a cesta FMCG (fast-moving consumer goods ou bens de grande consumo) crescia apenas 1% em valor e ficava negativa em unidades compradas (-5%). No começo deste ano, no entanto, cresceu 8% em valor e 4% em unidades.

Os "atacarejos" conquistaram mais de 2,2 milhões domicílios compradores e os hipermercados ganharam mais de 560 mil novos domicílios.

Categorias de despensa, como pão industrializado, salgadinho, biscoito, refrigerante e leite UHT, são as que mais crescem no "atacarejo". Já no hipermercado, as compras são concentradas em categorias de reposição para o dia a dia, como maionese, multiuso, café, detergente e presuntaria.

Com o aumento do home office - 23% dos brasileiros dizem estar trabalhando remotamente - deverá haver um impacto negativo no consumo de produtos de cuidado pessoal, já que 21% das ocasiões de uso de produtos desse segmento são voltadas para o ato de se arrumar para ir ao trabalho ou à escola e 4% voltadas para o ato de sair e socializar.

"As mudanças nos hábitos em relação à barba tendem a ser importantes, considerando que 32% dos homens afirmam se barbear estritamente por motivos profissionais. O consumo de desodorantes também está em risco, considerando que 40% de suas ocasiões de consumo no Brasil são relacionadas a se preparar para trabalhar ou ir à escola", analisa Elen Wedemann, managing director Brasil da Kantar.

O estudo destaca que o que vai "diferenciar o impacto negativo no consumo dessas categorias não será somente o tempo de duração da quarentena, mas como o shopper irá ressurgir após passar por essa experiência". De acordo com dados da Kantar na China, surgem novas atitudes e comportamentos que irão permear o consumo a partir de agora, alinhadas com conceitos como economia para tempos difíceis, redução de gastos desnecessários, busca por prazeres instantâneos e valorização de momentos e ações que não podem ser comprados. Entre eles, mais tempo com a família e amigos, maior espiritualização e melhora como ser humano.

Outras mudanças em relação aos hábitos pós-crise detectadas pela pesquisa da Kantar na China estão a diminuição das categorias de luxo e de entretenimento online. Já eletrônicos, utensílios domésticos, equipamentos para ginástica em casa, bebidas alcoólicas e cosméticos medicinais devem se manter ou sofrer um impacto limitado.

As categorias que devem crescer no cenário pós-pandemia são as relacionadas a prevenção contra epidemias, vestuário, cosméticos, remédios, alimentos, bebidas, ginástica, salões de beleza, limpeza doméstica, seguros de vida e médicos, suplementos nutricionais, cuidados pessoais, refeições e entretenimento fora de casa, turismo e ações ou gestão de patrimônio.

 

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