O Espaço é Seu

Todo dia eu vivo entre a cruz e a espada. Mas procuro fazer do limão uma limonada.

Mas agora chega de metáforas, se não, vão achar que estou velho.

O que quero dizer é que, na minha área, tenho que conviver com o tradicional e com o novo (ou, como está na moda chamar, o disruptivo).

Venho de uma geração que almejava ser o Washington, o Nizan, o Lindenberg, o Mohallem, o Toledo, entre tantos outros. O título perfeito era o pote no fim do arco-íris. O texto redondinho era o santo graal.

Hoje, me deparo com termos que até então eram uma sopa de letrinhas. BI, KPI, CRM. Não tenho a menor vergonha de me sentar com a GP (outra sigla que até ontem tinha outro significado) aqui da agência para entender de que diabos estão falando. Performance era exclusividade do esporte. Canvas, um modelo de tênis. Carrossel, no máximo, aquele projetor de slides que o Don Draper vende tão bem no Mad Men. Stories, bom, esse fica para uma outra história.

Mas não tem jeito, ou você se comunica ou se trumbica (nossa, essa entrega demais a idade).

A real é que temos que nos adaptar ou ficamos para trás. Não adianta ficar preso ao passado quando as novidades te atropelam feito um trem-bala. Outro dia falei para a mesma GP que não tinha entendido nada do que ela havia falado, mas que estava coberta de razão. Ela sacou na hora que eu estava deixando o assunto em questão nas mãos de quem realmente entende.

Não estou me isentando. Eu tenho minhas próprias competências. É por isso que procuro sempre respeitar os mais velhos, como ensinaram meus pais. O conceito, a big idea, a puta sacada, nunca vão morrer. O que pode mudar é a forma como a mensagem é transmitida. E para isso estão aí os mais novos. Não tenho medo de pedir ajuda aos universitários. Fato é que o estagiário de hoje pode ser o chefe de amanhã. E por isso agradeço todos os dias por ter sido um cara legal com os meus.

Daniel Goltcher, redator na F&Q Brasil