O Espaço é seu

Walking Dead, Mad Max, Guerra dos Mundos, Matrix.

Diversas histórias de confinamento, guerra e mundos pós-apocalípticos passaram na minha cabeça durante os últimos 15 dias.

O medo, a incerteza do que vem pela frente. A busca por uma salvação. De abrir a porta com cautela para ver o que está do lado de fora. Aquele gosto amargo de não saber o dia de amanhã.

Mas quer saber?

Cheguei a uma conclusão. E por mais catastrófica que soe, ela me encheu de esperança.

E a conclusão é que ninguém vai sair dessa crise.

Ela vai passar, sim vai.

Mas nós nunca mais seremos os mesmos.

Alguns de nós já não somos.

Depois de anos e anos morando na mesma casa ou encontrando seu vizinho todos os dias no elevador, essa crise corrigiu um bug que estava instalado em nossos sistemas, principalmente depois da digitalização do mundo. A gente só olhava para dentro.

Para dentro da TV, para dentro de nossos gadgets.

Relatos de mães e filhos que agora, “presos“ em casa, começaram a realmente se conhecer, conversar. Casais que nunca tinham tempo para o outro, se reapaixonando. Patrões e funcionários entendendo de vez por todas que um precisa do outro. Pessoas entendendo que perder um pouco às vezes é muito para alguém e quase não faz diferença para outros. Pessoas voltando a ser pessoas, presas em casa e, pela primeira vez, olhando para fora do seu próprio mundo.

Por isso, ao invés de confinamento, quarentena, prisão, venho chamando esse período de gestação.

Uma nova sociedade está sendo gerada, dentro de cada casa, dentro de cada mente inquieta. Dentro de cada dúvida que paira pelos quartos e salas do mundo.

Pela primeira vez temos tempo.

Pela primeira vez não temos desculpas.

Aproveite!

Confinados em nossas casas, somos livres pela primeira vez.

Livres para olhar para nossas crenças, nossos objetivos.

Muitos valores vão mudar, muitas certezas vão ser erradicas com o vírus.

Planos vão ser revistos, novos serão feitos.

Prioridades deixarão de ser escritas num e-mail.

E, quando a liberdade voltar, cada um de nós vai precisar estar pronto para essa nova realidade. Quer queira, quer não.

Assim, como um recém-nascido, seremos puxados para uma nova realidade.

Entramos “forçados” no confinamento.

Mas a pessoa que vai sair da porta, quando tudo isso passar, é você quem escolhe.

Daniel Santander, sócio-fundador e diretor de criação da agência Plug