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O Espaço é Seu

Entre o greenwashing e a regeneração: onde as marcas precisam estar (Larissa Ferrari)

11.11.25

A COP30, que acontece nos próximos dias em Belém, é muito mais do que um evento sobre meio ambiente. É um espelho que vai refletir o quanto empresas, governos e, sobretudo, nós, comunicadores e pontos de conexão entre anunciantes e seus públicos, estamos dispostos a transformar discurso em prática.

A conferência, sediada pelo Brasil este ano, fato inédito que posiciona o país e a floresta no epicentro das decisões climáticas mundiais, busca alinhar os países com as metas do Acordo de Paris, discutir temas como transição energética e financiamento climático, e garantir a participação de diversos setores da sociedade, incluindo povos indígenas e comunidades tradicionais. Essas discussões falam sobre pessoas, dependem de atitudes transformadoras, estão diretamente relacionadas ao amplo entendimento humano sobre o que devemos fazer, e como.

O mundo não quer mais ouvir sobre sustentabilidade, ele quer sentir que ela está presente em tudo, nos processos, nas escolhas e na maneira como contamos histórias. A Geração Z, por exemplo, demonstra uma preocupação significativamente maior com o tema sustentabilidade e com as mudanças climáticas, em comparação com gerações anteriores. Mais do que nunca, a propaganda precisa construir consciência. Fomos destacados como o país mais criativo do mundo, em 2025, no Cannes Lions. Somos capazes de criar, inovar, emocionar com ideias, conscientizar e engajar as pessoas.

A publicidade acompanha as mudanças da sociedade e, muitas vezes, orienta tendências. Quando o mundo muda, ela muda (ou deveria mudar) junto. E o que vemos é o nascimento de uma nova régua, pois o impacto não mais será medido apenas em alcance e engajamento, mas em coerência e contribuição real.

Marcas que se limitarem a campanhas temáticas sobre sustentabilidade, sem revisitar seus processos, perderão relevância. Não há mais espaço para greenwashing, com empresas promovendo uma imagem de sustentabilidade sem adotar práticas verdadeiras. O consumidor, que hoje é também fiscal, curador e creator, já aprendeu a decifrar discursos vazios. É tempo da credibilidade como novo KPI.

E essa virada de chave começa nos bastidores. Produções audiovisuais que neutralizam suas emissões, eventos pensados com logística sustentável, mídia programática com menor pegada energética são movimentos que deixam de ser diferenciais e se tornam obrigações de mercado. Agências e anunciantes precisam se perguntar como comunicar sustentabilidade com processos ainda insustentáveis. A resposta não virá apenas da criatividade, mas da coragem de mudar o jeito de operar.

Um outro ponto que deve ganhar força é o storytelling regenerativo, narrativas que não apenas “minimizam impactos”, mas inspiram novas formas de existir e produzir. Estamos saindo da era da compensação e entrando na era da regeneração. É a comunicação que não apenas fala sobre o planeta, mas que faz parte dele.

Neste contexto, portanto, o Brasil ocupa um papel simbólico e estratégico. Ter a COP30 em Belém é colocar a Amazônia no centro da narrativa global, reconhecendo que as soluções climáticas passam, inevitavelmente, por nossas vozes, culturas e saberes. A publicidade, como mediadora, entre marcas e sociedade, precisa traduzir compromissos ambientais em experiências humanas e emocionais, sem perder a verdade. A boa notícia é que criatividade e responsabilidade não se excluem, mas se potencializam.

A COP30 é um convite para desaprender velhos modelos, reaprender a escutar e criar não apenas para vender, mas para permanecer.

Larissa Ferrari, diretora de planejamento e mídia da Octopus 

Leia texto anterior da seção "O Espaço é Seu", aqui.

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