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Posso gripar na segunda pós-Páscoa?

por: Laura Esteves*

21.03.05

Tem um cargo muito diferente aqui, que é o de recruiter. É uma espécie de tráfego/RH/diretor de criação. Pra começar que é ela quem vê as pastas e se gostar e estiver precisando encaminha pro diretor de criação. Salário, você discute com ela. Férias, mudar de dupla, brigas com o atendimento? Tudo com ela. É ela também que distribui os jobs. Toda quinta, você preenche um status de quais jobs está fazendo e em que pé estão. Ela tem a planilha da sua semana e pode controlar se você pode entrar em outro job ou não. Aí é uma gracinha, a assistente dela entra aqui na sala e fala parecendo que está pedindo favor: Laura, a gente queria saber se você poderia fazer esse project (que é como eles chamam cada job aqui). É lógico que eu sempre falo sim, mas é bonitinho não ser aquela coisa de jogar o envelope na sua mesa, tipo faz aí ô.


Cada agência tem um, e é muito bom você conhecer alguns, já que são eles que contratam. Pode ser direto, tipo você manda sua pasta pra eles, que vêm e depois você busca, ou via headhunter. O headhunter conhece todos os recruiters. Você vai lá (isso é o que me contaram, tô só digitando o que eu ouvi, tipo aqueles escrivãos de juiz), mostra sua pasta pro headhunter e ele mostra pros recruiters que ele acha que têm o perfil do seu trabalho, ou que estão procurando gente. Se a agência te contrata, a agência paga um salário equivalente ao seu pro headhunter.
Além de controlar sua pauta e seu dinheiro, o recruiter é quem te deixa tirar férias. Aqui a gente tem direito a dez dias por ano. Dez dias úteis, o que dá duas semanas. Mas o pior é que eles ainda pedem pra você não tirar toda essa infinidade de dias de uma só vez. Tipo tirar 5 dias e depois 5.


Aí no Brasil, eu costumava tirar um mês encavalado num Corpus Christi e voltava sem nem lembrar onde eu sentava.


Uma vez, voltei e esqueci o nome da tráfego com quem eu trabalhava há 3 anos. E o pior é que eu tinha trazido um presentinho pra ela da viagem e nada de lembrar o nome pra escrever no cartão. Vexame. Isso que é ferias.


Mas aqui tem um negócio engraçado: o sick day, que são seis dias no ano que você pode comer algo ou alguém estragado e passar mal, gripar ou simplesmente ter uma dor de cabeça e não vir trabalhar.
E tem ainda o personal day, que são quatro no ano. São dias que você pode tirar pra levar seu filho no médico, fazer sua mudança, ou, no meu caso, bem brasileira, colar num feriado judaico e tirar três dias de férias.


 


*Laura Esteves é redatora da DDB/NY
laura.esteves@ny.ddb.com

Posso gripar na segunda pós-Páscoa?

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