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Retomada das filmagens

Protocolo de segurança é assinado. Falta aval da prefeitura

11.06.20

Documento aguardado ansiosamente pelo mercado, o Protocolo de Segurança e Saúde no Trabalho do Audiovisual foi apresentado e assinado nesta quinta-feira, 11, pelas entidades que estão trabalhando há semanas em sua composição. Ele foi encaminhado para a prefeitura de São Paulo, que fará a análise das medidas para poder liberar as diretrizes para retomada das filmagens.

O protocolo foi assinado pelas presidências da Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais), do Siaesp (Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo) e do Sindcine (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual), que tem representação nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins, além do Distrito Federal. Outras associações participaram dos debates em torno do documento.

Ainda não há uma data para que as filmagens sejam retomadas na cidade de São Paulo – a liberação depende da prefeitura. Mas ter o documento pronto irá agilizar processos, já que as produtoras podem se organizar para o retorno das atividades. “O objetivo é preparar toda a categoria para o momento de retomada das atividades de forma segura, viável e responsável, tendo como foco a preservação da saúde e a vida dos profissionais”, afirma Simoni de Mendonça, que preside o Siaesp.

Entre as medidas estabelecidas no protocolo estão diárias de no máximo 12 horas – o que inclui o tempo utilizado para higienização –, permissão de até 20 pessoas no set de filmagens e estabelecimento de mapas de risco, que sinalizam as áreas em que a chance de contágio é maior. O detalhamento das regras será disponibilizado quando – e se – a prefeitura aprovar o protocolo tal qual como está.

A versão apresentada foi a submetida para a prefeitura. Estamos falando sobre um documento vivo, que deve passar por constantes alterações para se tornar adequado conforme evolução das fases. Nossa proposta foi muito bem pensada e muito estudada, mas claro que a prefeitura pode sugerir algumas mudanças”, comenta a presidente da Apro, Marianna Souza.

O grupo de trabalho envolvido na elaboração do documento estudou diretrizes de países como EUA, México, Uruguai, Portugal, Espanha e Nova Zelândia – protocolos de alguns desses países foram compartilhados no webinarExperiências ibero-americanas de retomada de filmagens", realizado pela Spcine e pelo Clube de Criação (clique aqui para saber mais). Foram consultados também profissionais de saúde para orientação sobre as medidas preventivas e o uso adequado dos equipamentos de proteção de individuais (EPIs) e dos equipamentos de proteção coletivos (EPCs).

Foi estabelecido um plano gradual de retomada, que já começou pela chamada Fase 1. Ela se refere às filmagens remotas, com deslocamento mínimo de equipe, com atores orientados à distância ou com drones, etapa em que a publicidade pode desenvolver trabalhos. A Fase 2 entrará em vigor quando as autoridades sanitárias liberarem filmagens. Nesse estágio, serão permitidos sets com até 20 pessoas (esse é o limite de profissionais no local). Já a Fase 3 será desenvolvida a partir das experiências da etapa anterior. É quando se espera o retorno das produções cinematográficas.

O protocolo seguiu pilares de distanciamento, higienização, desinfecção, comunicação e monitoramento já preconizados. A proposta é que ele seja um documento único e adoção nacional. “Nosso plano foi bastante estudado, pensado e debatido. Estamos vivenciando um momento único e desafiador. Os profissionais e a indústria estão extremamente vulneráveis”, diz Sonia Santana, presidente do Sindcine.

Para depois

Questionadas se o protocolo deixara de abarcar questões trabalhistas, as entidades signatárias alegaram que ainda faltam respostas para certas perguntas. Uma delas é saber quem vai pagar a conta, se um profissional ficar doente. Também preocupa o setor se haverá cobertura por seguradora. Até o momento, não existe essa opção no mercado, como foi comentado no webinarVoltar a filmar agora? Quais são os entraves? Seguro de vida? Aumento do budget? Quem se responsabiliza? Quem paga a conta?”, outro painel promovido pela parceria Spcine e Clube (leia aqui).

Na visão de Sonia, a apresentação das diretrizes sobre segurança e saúde é importante nessa luta. “O protocolo vai nos ajudar a negociar a liberação dos seguros”, reforça. Segundo ela, uma das opções para esse impasse seria a criação de um fundo para garantir a cobertura dos técnicos que trabalharem em sets. Enquanto não se define como fica essa parte, entende-se que o risco será assumido por todos.

O protocolo assinado nesta quinta-feira não é o único a circular no mercado. A São Paulo Film Comission está planejado um, focado em espaços e equipamentos públicos. Globalmente, a Netflix e outras empresas que investem em conteúdo original estariam estudando seus próprios documentos. No entanto, para filmar em São Paulo, ela teria de se submeter às regras que forem validadas.

O protocolo feito para São Paulo é apresentado como um documento de alcance nacional. Sobretudo porque o Sindcine tem representação em vários estados. Em algumas regiões protocolos já foram apresentados. No Rio Grande do Sul, a atividade estava liberada pelas autoridades estaduais.

Neste momento ainda bastante cercado de incertezas, as entidades defendem a união de todas as partes envolvidas. “Vamos ter de buscar entendimento. Temos limitações. Há mais dificuldades de se alterar roteiros”, declara Sonia. Isso quer dizer que, em relação à publicidade, anunciantes e agências também terão de ajudar ao preparar melhor os roteiros, levando-se em consideração às restrições impostas pela covid-19.

Retomada das filmagens

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