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Sorvete da discórdia

O imbróglio entre Ben & Jerry’s e Israel

20.07.21

Notória por tomar atitudes e se posicionar em temas como as questões de gênero, a marca Ben & Jerry’s foi confrontada não por consumidores ou grupos conservadores, mas por um governo. Depois de comunicar que deixará de vender sorvetes nos territórios ocupados da Palestina (os assentamentos da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental), o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, alertou nesta terça-feira, 20, que a medida poderia gerar “consequências severas”.

O recado foi transmitido para a Unilever, dona da marca. Na véspera, a Ben & Jerry’s havia informado que considerava a venda de seus produtos nas áreas ocupadas como algo inconsistente” com seus valores. E comunicou que não renovaria o contrato de licença com seu parceiro israelense quando este expirasse, no final de 2022. A marca está presente no país desde 1987.

Bennett ligou para o CEO da Unilever, Alan Jope, de acordo com a Reuters. Ele teria chamado a decisão de "flagrante medida anti-Israel" e afirmado que o governo iria agir "agressivamente contra qualquer boicote contra civis".

Ainda segundo a Reuters, algumas cadeias de supermercados menores que operam na área metropolitana de Nova York, onde vive uma grande população de residentes judeus, avisaram que iriam reduzir ou remover os produtos da Ben & Jerry's das prateleiras.

A Unilever, que adquiriu a empresa em 2000 mediante acordo que deu à marca mais autonomia, distribuiu um comunicado em que reconhece o direito da companhia – e de seu conselho - de tomar decisões sobre sua missão social.

O episódio teria criado um conflito entre os boards da gigante de bens de consumo e da Ben & Jerry’s. A marca de sorvetes informou que permanecerá em Israel, exceto nos territórios ocupados, e em diferente formato. A Unilever, que declarou que não deixará o país, acolheu bem a decisão da Ben & Jerry’s permanecer na região.

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