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SxSW 2022

Fjord Trends: reorganizando a vida pós covid

11.03.22

O SxSW é repleto de estudos e levantamentos. Entre eles, os de tendências. Neste primeiro dia do SxSW 2022, animado com a volta do público, um dos relatórios apresentados foi o Fjord Trends, feito pela Fjord, empresa que faz parte da Accenture Interactive. Após dois anos de convívio com a covid-19, o estudo mostra como nossa vida, do ponto de vista individual ou corporativo, sofreu impactos que nos fazem revisar conceitos de relacionamentos e de atitudes para beneficiar os negócios e o planeta.

Por sinal, cuidado é uma das palavras importantes no cenário descrito no estudo. Bem como transparência e verdade. E, claro, metaverso também entrou no relatório e essa é uma das expressões que mais aparecem nas sessões da conferência.

Apresentada no SxSW por Nick De La Mare, líder da Fjord na América do Norte, a pesquisa está dividida em cinco eixos: 1) Venha do jeito que é; 2) O fim da mentalidade da abundância?; 3) A próxima fronteira; 4) Isso é verdadeiro; e 5) Manuseie com cuidado.

De acordo com a Fjord – cujo estudo demanda seis meses de dedicação e envolve um time de colaboradores que chega a 2.100 globalmente –, o primeiro eixo se refere a protagonismo, sobretudo nestes tempos em que criadores e influenciadores conquistam mais atenção do público. Por outro lado, as pessoas estão pensando sobre seu lugar no mundo. Depois da covid, é natural que as relações com os demais tenham se tornado mais importantes. Ao mesmo tempo, o indivíduo tem dado mais atenção a seus valores. Busca-se, assim, um equilíbrio entre o “eu” e o “nós”, apontou De La Mare.

Nesse contexto, o trabalho é visto com novos olhos. A tendência é a humanização não apenas do ambiente como das relações. Nesse sentido, saúde mental ganha mais relevância. Um profissional admitir que não está bem deve ser algo mais comum. Para as empresas, a recomendação é reavaliar como lida com esse tema e o que faz para manter seu time. Para as marcas, uma orientação é apoiar as pessoas, criando serviços e infraestruturas que possam atender a suas demandas.

Menos não significa perder algo

O eixo que versa sobre a mentalidade de abundância indica que “escassez, indisponibilidade, atrasos na distribuição, leis de austeridade e fatores de sustentabilidade” estão promovendo uma abordagem mais ponderada quanto ao consumo. E a crise climática mostra que temos de pensar seriamente sobre cuidar do planeta e dos recursos naturais. Um dos caminhos que chama atenção é o da economia circular. É preciso achar um equilíbrio entre o desejo de ter coisas e ser sustentável. E isso significa que ter menos não é necessariamente perder algo, desde que se entenda que a medida é benéfica para a natureza.

Outra ideia compreendida nesse item é o tempo dedicado à vida digital. É muito tempo. Existem movimentos para estimular as pessoas a sair um pouco do mundo dos games para que elas possam conviver mais em sociedade.

As recomendações do estudo passam por repensar o que uma eventual escassez de produtos significa para o negócio. Muitas vezes isso está ligado à cadeia de fornecedores. Dar atenção a essa parte ajuda a manter a reputação da marca, portanto. Outra orientação vai para as empresas que têm time de inovação. A dica é mostrar para eles que inovar não significa exatamente criar algo a partir do zero. É possível recriar. O relatório reforça ainda que é fundamental estabelecer um mapa para realmente cumprir as metas de sustentabilidade.

Próxima fronteira: o mundo virtual

Segundo o estudo, o metaverso tem potencial para oferecer às pessoas e marcas um novo lugar para interagir, criar, consumir e ganhar dinheiro. Embora ainda não esteja claro para uma boa parte da população (os equipamentos são caros para muita gente), o conceito tem os elementos para gerar uma nova evolução cultural. A esse respeito, vale observar que são variadas as definições estabelecidas pelas companhias, do Facebook à Microsoft. Muito se fala sobre games e ambientes virtuais – até chama atenção a parte da diversão. Porém, o metaverso se trata do mundo que queremos construir, observou De La Mare.

A ideia é que o metaverso é um lugar onde as pessoas podem se encontrar e interagir e no qual ativos digitais podem ser criados e comercializados. É essencial encontrar o propósito para estar nesse espaço. O head da Fjord mencionou possibilidades como levar as pessoas a criar experiências que emulam o convívio em um ambiente natural, ou que levem indivíduos que não puderam ir para algum lugar fisicamente que o façam virtualmente ou até que aprimorem experiências reais, fazendo com que os visitantes de um determinado espaço possam mergulhar de modo mais profundo em uma narrativa ou ação. É como abrir uma caixa dentro de uma experiência física.

Um mundo cheio de perguntas pede respostas verdadeiras

Num cenário em que somos massacrados por informação, as pessoas buscam saber o que é verdade. E as perguntas vão se acumulando. Ao mesmo tempo, a atenção se dispersa. Diante disso, é preciso fornecer de maneira clara as informações que se procuram, de maneira transparente e de fácil acesso. De preferência, de forma personalizada e contextualizada.

Para as marcas, as dicas são pesquisar profundamente as perguntas que seus consumidores têm feito e isso significa as dúvidas sobre o segmento em que elas, as empresas, atuam; checar onde as pessoas têm buscado mais informações a respeito de seus produtos (é preciso ir muito além dos canais de vendas); e estudar como fornecer respostas de modo fácil de serem encontradas.

Trate com cuidado

De La Mare lembrou, durante a apresentação, que o desejo de cuidar é algo muito humano. E isso ficou mais evidente em 2021, desde a vontade de o indivíduo se cuidar mais até a necessidade de cuidar dos outros. O que se reflete também no aumento de serviços que cuidam das pessoas em diferentes sentidos.

Pelo lado das empresas, é fundamental que elas cuidem de seus funcionários. Uma pesquisa feita no Reino Unido mostrou que 87% dos chefes de RH notaram um aumento na disposição dos empregados em falar mais da saúde mental. E 82% deles perceberam um aumento nos relatos do staff a respeito de solidão.

Outros dados mostram o tamanho do cuidado que precisamos oferecer: a grande maioria dos principais sites do mundo não oferece acessibilidade total a seu conteúdo. Por isso, uma das recomendações é exatamente expandir a acessibilidade. Outra é priorizar o bem-estar mental. Criar processos e regras internas para reduzir a carga ou combater o sofrimento mental dos colaboradores é uma maneira de mostrar cuidado.

O estudo completo pode ser acessado aqui.

Clubeonline está no SxSW 2022 por conta do patrocínio de Africa; Arena; Beats; Chucky Jason; Live; Mutato; Netza&cossistema; New Vegas; 99; Publicis Brasil; Smiles e Soko.

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