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The March

Time revive Martin Luther King em experiência de VR

20.02.20

A primeira edição de março da revista Time, dedicada ao tema "Igualdade", traz Martin Luther King na capa. Mas o advogado, ativista e pastor faz parte de um projeto maior, que envolve outra divisão da companhia: a Time Studios, além de um grande grupo de empresas parceiras.

Nesta quinta-feira, 20, a Time apresentou um vídeo e detalhes de uma sofisticada experiência imersiva de VR que “traz de volta” um momento histórico dos EUA: a Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade, em 28 de agosto de 1963. Foi nessa manifestação que King proferiu um de seus discursos mais famosos, conhecido pela frase “I Have a Dream”.

Cocriado por Mia Tramz, diretora editorial de experiências imersivas da Time, e pelo diretor Alton Glass, fundador da GRX Immersive Labs, o projeto recebeu o nome de “The March” e apresenta uma inovadora e realística recriação da marcha, com tecnologia avançada de realidade virtual, com o uso de Inteligência Artificial e machine learning, processos de produção cinematográfica e recuperação de arquivos audiovisuais. Mais de 200 profissionais estiveram envolvidos nesse trabalho.

Para reviver a manifestação e o discurso de King, a experiência foi organizada em uma exibição no Museu DuSable de História Afro-Americana, em Chicago. A estreia de “The March” será no dia 28 de fevereiro e ficará em cartaz até novembro. Especula-se que, depois, ela poderá ser levada a outros lugares, mas nada foi anunciado oficialmente a respeito.

A proposta da Time é que o visitante se sinta como se fosse mais uma das 250 mil pessoas que estiveram na manifestação naquele dia. A experiência começa com um trabalho de áudio que narra os movimentos iniciais pela luta por direitos iguais. Os visitantes, então, mergulham nas cenas recriadas da época, usando headsets de realidade virtual. A experiência é desfrutada em grupos pequenos (até quatro pessoas a cada sessão).

O trabalho de recriação foi tão minucioso que, segundo Adweek, será possível ouvir conversas de outras pessoas na multidão. Para dar realismo a essas pessoas, foram convocados 80 atores, que tiveram seus movimentos captados em estúdio para serem recriados nas cenas históricas da Marcha. A voz de King se aperfeiçoa se a o visitante se aproximar do local onde está o pastor. A experiência toda dura cerca de 40 minutos. E o discurso de King, dez minutos. Ao final, ele próprio olha para o visitante.

Como parte da experiência, é possível interagir com um ativista por meio de um vídeo em que a inteligência artificial ajuda a trazer respostas (atividade foi desenvolvida em uma segunda instalação pela produtora StoryFile). Mais informações da exibição, bem como vídeos mostrando o projeto, podem ser conferidos aqui.

O conteúdo do ambicioso projeto é fruto de pesquisa meticulosa do jornalismo da Time. A produção executiva é da atriz Viola Davis, que faz a narração da experiência. “The March”, que levou mais de três anos para ser concluído, recebeu aval da Intellectual Properties Management, que responde pelos projetos de licenciamento ligados a King, e contou com patrocínio da American Family Insurance.

O projeto da Time uniu digital e impresso, com desdobramento para uma experiência ao vivo. No papel, discute-se o significado da Marcha Sobre Washington e seus reflexos sobre a luta pela igualdade racial nos Estados Unidos, com participações de escritores, políticos e ativistas. Isso se tornou o projeto "Igualdade", que está na revista e se amplia na web (acesse aqui). Há um making of explicando como foi desenvolvido esse conteúdo, que está casado com a experiência "The March" (saiba mais aqui).

Vale observar que a imagem da capa dessa edição de março é também uma representação. Foi realizada pelo artista Hank Willis Thomas. É uma representação em 3D precisa do reverendo na manifestação de 1963. Quem for à exposição verá o mesmo modelo digital de King fazendo seu emblemático discurso.

O CEO e editor-chefe da Time, Edward Felsenthal, escreveu que foram dedicadas milhares de horas para pesquisa. “Nós nos esforçamos para sermos fiéis à história daquele dia de agosto”, contou. Segundo Felsenthal, a Time vê o projeto como um chamado. Afinal, ainda há muito a ser feito na luta pela igualdade. “Nossa esperança é que isso não apenas mude a maneira como vemos a história, mas também ajude a despertar em todos nós uma compreensão do poder da nossa própria voz para termos impacto positivo no mundo".

The March” aponta para um caminho para onde a Time pretende enveredar. Em comunicado, o presidente da Time Studios, Ian Orefice, disse que a experiência criada demonstra o poder do storytelling visual. “Esses são os tipos de projetos ambiciosos em que se verá nossa equipe de inovação no futuro”, completou.

São parceiros do projeto também a V.A.L.I.S. Studio, a Ryot (estúdio de trabalhos imersivos da Verizon), a Digital Domain (especializada em efeitos visuais e também em experiências imersivas) e a JuVee Productions. A Creative Artists Agency costurou os acordos com alguns estúdios, a Time e a dupla Viola Davis e Julius Tennon, da JuVee.

The March

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