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Sobre o Conar e Compadre Washington (por Marcelo Reis)
"OLX pede que Conar mantenha a veiculação do filme com Compadre Washington". Já pensou, inocente, se essa manchete fosse verdade? Seria um exemplo se a OLX, o Mercado Livre, a Fiat, a VW, a Skol, Brasil Kirin, Itaipava, o Itaú, o Santander, a Rede Globo, o Youtube e todas as outras grandes marcas e anunciantes do Brasil entrassem com uma representação no Conar pedindo a permanência do comercial do Bom Negócio no ar, exatamente como está.
Infelizmente, eu não estava presente na reunião em que os conselheiros e advogados das partes debateram tão importante assunto para o nosso mercado. Deve ser sido sui generis.
Respeito e admiro profundamente o Conselho de Autorregulamentação Publicitária, sua importância para o nosso mercado e a seriedade de seus conselheiros, nossos pares, mas algumas recomendações acabam desvalorizando a imagem dele.
50 representações contra as 5 letras iniciais da palavra ordinária, em um país com 200 milhões de pessoas, chega a ser até ridic. Prefiro não adjetivar mais a fundo para não ter meu texto vetado.
Estamos, a cada dia, parecendo uma freira no putei. 30 segundos em qualquer canal de TV, em qualquer horário, são suficientes para uma criança de 5 anos ter contato com todos os tipos diferentes de palavras de calão muito mais baixo.
Somos o povo da informalidade respeitosa, somos o país do politicamente incorreto e inofensivo em todas as relações humanas saudáveis, mas voltamos nossa raiva e vingança contra os anunciantes brasileiros, que geram empregos e movem a economia, só como o intuito de dar o exemplo.
Dar o exemplo para quem? Exemplo de hipocrisia?
E como vamos retirar a melhor campanha do últimos meses do ar, se ela já se espalhou na rede social, virou meme, atingiu 8 milhões de espectadores na web, virou quadro de programa de humor, é falada em todas as casas e já entrou para a cultura popular do nosso Brasil?
Todas as marcas têm, sim, que apoiar o Conar e o direito de qualquer cidadão que se sinta ofendido de entrar com um pedido de revisão de qualquer campanha publicitária. O que não podemos apoiar é uma decisão equivocada que prejudica não só o Bom Negócio, mas todos os anunciantes brasileiros, inclusive a OLX. Afinal, as marcas de site de classificados pela internet só se tornaram assunto nacional depois da maravilhosa campanha do Bom Negócio. Vetar o comercial é um desserviço a todo o mercado, pois, certamente, um dia, a mão do ridiculamente correto e incoerente vai se voltar contra a sua campanha.
Se bem que, com todo esse RP, a decisão do Conar vai acabar colocando ainda mais luz na terrível e impronunciável palavra ordin. Hoje em dia, a boa polêmica vale mais que milhões em mídia.
Tenho uma dica pueril para os criativos da NBS: troquem ordin por odin, a redução do nome Odineia. Pronto, agora vocês têm uma bela defesa, o Conar já pode liberar o comercial e deixar mais tranquilos os 50 que se sentiram desrespeitados. Menos alguma Odineia por aí, que vai acabar entrando com outra representação seríssima. Sabe nada!
Marcelo Reis, vice-presidente de criação da Leo Burnett Tailor Made
PS: assista ao comercial citado, sem censura, aqui.
Se quiser saber sobre a recomendação do Conar, leia aqui.