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Não só aids e dengue merecem campanhas preventivas
Dinheiro não cai do céu, mas chuva tem caído e muito neste verão.
Sexta-feira passada, 11 de fevereiro, fez um mês do dilúvio que
caiu sobre a região serrana do Rio de Janeiro, tornando-se a maior tragédia climática da história do Brasil e 8ª do mundo.
Uma tragédia que poderia ter sido pior se não fosse a iniciativa do prefeito da cidade de Areal e de sua equipe.
Logo depois de ser informado de que São José do Vale do Rio Preto, cidade vizinha de Areal, foi invadida pelas águas naquela manhã, o prefeito Laerte Calil reuniu sua equipe e juntos encontram uma solução superpertinente para um problema tão eminente.
Para quem não sabe, a solução foi a seguinte: um comunicado de
alerta gravado pelo prefeito para a população e transmitido por um
carro de som pelas ruas da cidade.
Muita gente perdeu tudo que tinha em Areal. Mas, graças a essa ideia simples, barata e providencial, não se perdeu uma única vida, nessa cidade de quase 10 mil habitantes, por conta das chuvas.
Todos os anos, milhares de reais são investidos em campanhas de prevenção pelos governos estaduais e municipais, além do governo federal, em nosso país.
Desde campanhas de combate ao mosquito da dengue, passando
pelas de incentivo ao uso de camisinha, até as de educação no trânsito.
Mas, diante de fatos como esse da região serrana do Rio e de outras regiões do Brasil, que temos visto constantemente nos noticiários, coloco aqui algumas questões.
Por que não se investe em campanhas de prevenção contra o risco de enchentes? Sobretudo agora que sabemos que a temperatura do planeta subiu 1 ºC, aumentando consideravelmente as chuvas em países tropicais como o nosso.
Por que governos estaduais e prefeituras não trabalham de forma conjunta para salvar vidas? Principalmente hoje, que temos tecnologia com capacidade de medir a intensidade, a velocidade e a direção das chuvas.
Por que emissoras de TV e rádio, além de portais de internet e operadoras de telefonia celular, não emitem comunicados alertando a população sobre o risco de enchentes? Ou será que é mais relevante saber da renúncia do presidente do Egito do que do risco de temporais em nossas cidades?
Todo mundo sabe que tragédia vende jornal e que cidades em ruínas são ótimo negócio para as empreiteiras e alguns licitadores. Mas todos sabem também que a natureza e seus fenômenos não livram a cara de ninguém, ricos ou pobres, homens ou mulheres, políticos ou eleitores.
Enquanto a natureza vem dando seus recados todos os anos, nós, profissionais de comunicação, assistimos a tudo calados e entristecidos.
Mas até quando vamos ficar nessa passividade? Já não basta a violência urbana que nos prova diariamente que é muito fácil morrer neste país?
Por isso, fica aqui o exemplo da prefeitura de Areal e as questões acima para nós, que trabalhamos com comunicação, em empresas privadas ou secretarias e órgãos públicos.
Afinal, se dinheiro não cai do céu, podemos encontrar boas soluções antes que o céu desabe sobre nossas cabeças. Taí o carro de som de Areal que não me deixa mentir.
Gera de Paula
Redator
geradepaula@gmail.com
Comentários
Paulo Fonseca - Meus caros amigos e refens da história, Sou arquiteto e urbanista, e apesar de concordar com a idéia criativa do Prefeito de Areal, levantada pelo grande amigo e publicitário Geraldo de Paula, acho que as iniciativas relacionadas a uma catástrofe como esta devem considerar questões muito mais profundas, na organização e pensamento de uma cidade. Realizei no Instituo dos Arquitetos do Brasil, há oito anos atrás, uma reunião com os IABs municipais para discutir a participação dos arquitetos no planejamento das cidades e no seu mercado de trabalho. Foi triste ver a participação dos colegas junto as municipalidades locais, em questões ligadas principalmente ao planejamento urbano. E o que é isso? Refiro-me à ocupação de terrenos indevidos, à construção consciente de habitações populares e o cuidado com o patrimonio local, principalmente com a natureza nativa, cursos de rios etc. Não podemos prever quando cairá uma chuva de grandes proporções, e o que ela causará, mas se olharmos as questões urbanas envolvidas no dia a dia, poderemos prever sim, alagamentos e amenizar tragédias, desmoronamentos, aliados a conivencia política e ao descaso do planejamento. Como disse,o que aconteceu em Teresópolis, Friburgo e Petrópolis é uma "crônica de uma avalanche anunciada". As migrações no estado do Rio de Janeiro, aumentaram nestes oito anos. Problemas relativos ao trabalho/desemprego, habitação e violencia, empurraram populações para municípios menores, com menos problemas, mas com menos estrutura urbana, e que não puderam conter a essa demanda na sua preparação. É preciso seguir o Plano diretor das cidades, é preciso prestigiar e ampliar a área de profissionais como arquitetos e ambientalistas na preparação dessas populações carentes. E não é só isso, é preciso mudar a mentalidade especulativa de ocupação desses lugares, que devasta a natureza, e gera problemas dessa ordem. Eu aconcelharia os Prefeitos e responsáveis locais, antes sair com um alto falante para salvar vidas, a serem mais sérios e responsáveis com as cidades, com os valores humanos e pessoas, para que o futuro dessas cidades não se destrua, ou como se diz na gíria: Vá por água abaixo. Búzios descaracterizou-se, Cabo Frio também, mas não tem problemas sérios de encostas como os municípios citados. A municipalidade de Niterói para ganhar na política, vendeu licenças para casas em cima do chorume. Todos nós perdemos a dignidade e temos que lutar conjuntamente contra esse sistema vil, que não se importa com a morte das pessoas, com a destruição da natureza e com as catástrofes em épocas de chuva! Que deus nos proteja. com o meu respeito as vítimas... Arq. Paulo Fonseca
marcos ferraz - Querido Gera, bom texto. Mas é isso. A gente tem mesmo que escrever, bater panelas, ajudar, participar, cobrar e perguntar uma, duas, mil vezes, mesmo que a gente já saiba as respostas. Forte abraço, Marcos Ferraz
Guilherme - Belo texto Gera. A criatividade poderia ser melhor aplicada mais vezes.
ronaldinho - Eu acho a iniciativa do Gera sensacional. Porque ter ideias boas todos têm, até teorias de melhorias conscientes existem (não desmerecendo o comentário de Paulo Fonseca), mas, neste mundo ainda "preocupado com o próprio rabo", já que não há cabeças pensantes pra atitudes mais inteligentes e "sofisticadas" em frente à urnas: o auto-falante de Areal salvou muitas vidas. E, amigos, estamos falando de vidas que foram salvas. Não bater palmas pra uma atitude dessa só porque ela veio de um carro-de-som e não do Twitter, é, no mínimo, lavar as mãos pro que não é conosco. O mesmo que fazemos diante das urnas. Nós os elegemos, sem a maioria ninguém entra em cargo algum. Então, Areal, Gera e todos os outros que que usam seus auto-falantes e suas canetas pra salvar vidas: parabéns! Nenhum oceano existiria sem a primeira gota. Ronaldinho (Jair)
MP - Antes de mais nada, importantíssimo de não deixar morrer a (triste) lembrança do incidente ao norte das fronteiras fluminenses. Li que um representante da ONU achava INCONCEBÍVEL um país em acensão com o Brasil passar por isso. Afinal, segundo suas palavras, "não é o Paquistão, onde tudo é precário" (ou algo semelhante). Sobre a força da mídia, e pegando o gancho da comparação com o Egito e seu (des)governo, um grande meio que é a Revista VEJA estampava o singelo e benevolente casal Luciano Huck e Angélica. A mídia tem sim sua participação no alerta, divulgação de soluções, apontar os problemas e indicar caminhos. Mas nada, NADA isenta as autoridades chamadas competentes da solução dessas questões. E não é com prefeitos bradando "Morra! Morra!" que vamos conseguir sanar áreas de risco. Política, Comunicação Social, Planejamento Urbano. Só o início de um brainstorm.
Jarede - Bom texto vovô. Bem direto e sincero. A sociedade não precisa de mais publicitários tanto quanto precisa de médicos, policiais, professores entre outros, mas sem dúvida o governo e a própria sociedade ganhariam muito dando voz e ouvidos aos criativos que tem nesse Brasil afora, estejam eles dentro das salas com ar-condicionado das agências ou na esquina ralando para ganhar o pão de todo dia. Criatividade em prol da sociedade. Use sem moderação.
Guimarãescampos - Gera, parabéns pelo belo texto e pela sensibilidade de sacar que atitudes... vontades e desejos por mais simples ou simplórios que pareçam - venham de onde venham, são sempre benvindos, principalmente, quando tais movimentos agem, preventivamente, em favor da vida humana! A sua mensagem textual é um "toque"... um aviso às mídias que intervenções nem sempre consideradas "sofisticadas", quando desenvolvidas com antecedência são muito eficazes... Parabéns, Gera, pelas coisas que voce escreveu e consequentemente por sua provocação...