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Novo Festival do CCSP

Criativos que viraram diretores de cena, em mesa

06.09.12


A mesa que reuniu Criativos que viraram Diretores de Cena, na Sala dos Espelhos do Memorial da América Latina, no terceiro e último dia do novo Festival do CCSP, estava lotada, com a plateia ocupando os corredores centrais e laterais, além do fundo da sala estar repleto de pessoas sentadas no chão ou em pé.



Tendo Alexandre Lucas (BossaNovaFilms) como mediador e a participação de André Godoi (Prodigo), Dulcídio Caldeira (ParanoidBR), Luciano Zuffo (Sentimental) e Ricardo Jones (Delicatessen), o debate girou em torno da visão desses profissionais sobre sua nova atuação, como diretores de cena, já que, antes, todos eram criativos de agências de publicidade.



Questionados pelo mediador sobre a importância que os criativos dão às observações dos diretores de cena, Godoi, da Prodigo, foi incisivo: “o cara que não está disposto a ouvir o diretor é um retardado mental”. Já Jones disse que se o mercado não estiver pronto para ouvir o diretor, o resultado final certamente será prejudicado. “O roteiro é um pedaço de papel e o diretor pode olhar para aquilo e ver um outro lado, indicar coisas diferentes do que está no roteiro. O 'tratamento' do diretor sempre pode ajudar muito e é natural no trabalho de produção. O mercado brasileiro tem de se adaptar a isso”, disse.



Um filme só começa de fato a ser realizado quando o roteiro é aprovado. E o diretor de cena pode contribuir para que ele fique melhor. Para Dulcídio, poucos criativos vão aos sets de filmagens e, desta forma, as produções são feitas sem que eles apareçam por lá. “No mundo inteiro, a criação está lá, acompanhando as filmagens, o que está sendo realizado no set. Aqui não há muito essa cultura e os filmes perdem. Se as duas partes estivessem juntas, os filmes ganhariam", opina.



Zuffo concorda: “A criação tem de jogar junto, tem de ir na produtora do filme, na produtora de som. Isso certamente ajudaria nossos filmes a serem melhores”. E alfineta: “Tem muito atendimento que vai aos sets de filmagem, mas isso tem efeito oposto na qualidade dos filmes”.



Lucas mandou um conselho aos criativos: “Equipes de criação que entregam seus filmes e acham que seu trabalho termina ali, como se dissessem 'pronto, agora a responsabilidade não é mais nossa', entendam que isso não é legal. Diretores de cena e criativos de agências são parceiros. O filme é de todos”.



A mesa discutiu ainda o dilema entre a suposta necessidade de optar entre um filme com roteiro ruim mas orçamento grande ou filme com excelente roteiro, porém verba de produção exígua. A maioria dos diretores optaria pela segunda opção, porém, a unanimidade mesmo foi pela opção de fazer os dois filmes, por motivos óbvios.



Outro aspecto colocado em debate foi o tempo que é dispensado à produção no cronograma da realização de um filme, desde o momento em que ele é planejado e aprovado pelo anunciante, até a entrega das cópias para veiculação. Sobre isso, Alê disse que os criativos são formados para “virar mariners”, precisam criar filmes em dois dias. “Mas produzi-los é outra coisa, precisa-se de análise, pesquisa, pré-produção, produção, finalização e realização de cópias. O processo é outro e muitas agências não entendem isso”, finalizou.

 


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