Acesso exclusivo para sócios corporativos

Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Oscar, efeitos e animação, por Tomas Egger
Oscar 2012: as referências em efeitos especiais e animação para a publicidade mundial
O Oscar 2012 está chegando e as produções indicadas nas categorias Efeitos Visuais e Filmes de Animação se transformam em importantes fontes de inspiração visual e técnica para a publicidade mundial, apesar de estarmos na década das continuações infindáveis, sem risco e lucrativas, como Harry Potter, Kung Fu Panda e Transformers, e dos subprodutos, como Puss in Boots, da franquia Shrek.
O lado positivo é que sempre temos profissionais e estúdios tentando acrescentar algo de novo em produções que anteriormente nos atraíram aos cinemas e que, um tempo depois, chegam às nossas TVs.
A tendência dos últimos anos foi trazer os efeitos visuais dos filmes para a publicidade de 30 e 60 segundos, com a possibilidade do maior uso de computação gráfica na criação de personagens, multidões, cenários realistas ou fantasiosos, e na mistura de cenas ao vivo multiplicadas pelo uso de câmeras de motion control (câmeras controladas por computador, que repetem o mesmo movimento infinitamente, sem erro).
Na categoria Filmes de Animação, "Rango" é o franco favorito, com a narrativa de um camaleão que acidentalmente é deixado em uma cidade suja do velho Oeste, cujos habitantes estão desesperados por um novo xerife. Essa história insólita e mais adulta é o primeiro projeto de filme de animação da ILM (Industrial Light & Magic, companhia criada por George Lucas para a produção dos efeitos especiais do Star Wars de 1977), dirigido por Gore Verbinski (da trilogia Piratas do Caribe).
Gore trouxe de volta uma antiga técnica usada pelos Estúdios Disney, que filmavam os vários atores contracenando em ângulos de cenas que seriam usadas como guia das cenas finais de animação e dos enquadramentos. Com a praticidade do novo cinema digital, a construção de uma sequência de planos baseada no desempenho real de atores, como Johnny Depp, é muito mais rápida. Os animadores e artistas de 3D da ILM estúdio que já ganhou 15 Oscars na categoria Efeitos Visuais trouxeram um extremo foto-realismo cinematográfico para as imagens de Rango (veja aqui e aqui).
Ainda entre os concorrentes em Filmes de Animação, o francês A Cat in Paris e o irlandês Chico & Rita, apesar de trazerem histórias originais e adultas, bem como técnicas diferenciadas que mixam 2D e 3D, dificilmente terão chance de ganhar nessa categoria. Já Kung Fu Panda 2 e Puss in Boots foram concebidos para tirar proveito ao máximo de suas franquias, sem trazer muitas inovações técnicas.
Em Efeitos Visuais, categoria que foi reinventada no cinema mundial após Star Wars e Contatos Imediatos quando o termo blockbuster surgiu , o principal concorrente, e que inova nessa categoria, é o remake Planeta dos Macacos - A Origem. O grande fator inovador trazido pelo WETA (estúdio de Peter Jackson, da trilogia Senhor dos Anéis, de King Kong e de Avatar) é a consolidação do cinema virtual, em que o diretor consegue visualizar, enquanto filma, os cenários virtuais 3D e as performances dos atores que encarnam os macacos, em tempo real.
É a primeira vez que se filmam atores com roupas de Motion Capture (futuros símios em computação gráfica) junto aos atores de casting, no mesmo set. Depois, os atores de motion capture são apagados e por cima inseridos os macacos, um passo a menos na concepção de filmes tão complicados e pesadamente baseados em computação gráfica (veja aqui e aqui).
Os demais concorrentes em Efeitos Especiais Hugo, Harry Potter, Real Steel e Transformers trazem efeitos especiais complexos e, na maioria dos casos, grande volume de efeitos em cada cena, que nos anos mais recentes é o que vemos tanto no cinema quanto na publicidade. A inovação começa a se tornar mais rara e, muitas vezes, só constatamos aumento de computação gráfica por cena.
Falando agora da publicidade e dos videoclipes, em alguns casos os mesmos serviram de referência para o cinema, como em 1995 com Like a Rolling Stone, dos Rolling Stones, dirigido por Michel Goundry, que foi usado como referência para as cenas icônicas de Matrix (1999 e 2003). Veja aqui e aqui.
Com todas essas ferramentas à disposição dos diretores e criativos, nas agências, formou-se na última década uma geração de artistas brasileiros disputados pelos grandes estúdios em todo o mundo. Nossa computação gráfica alcançou um alto nível, respeitado internacionalmente.
Que venham novos desafios em 2012 e que o mercado brasileiro se consolide como referência.
Indicados ao Oscar 2012:
Filmes de Animação
A Cat in Paris
Chico & Rita
Kung Fu Panda 2
Puss in Boots
Rango
Efeitos Visuais
Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 2
Hugo
Real Steel
Rise of Planet of the Apes
Transformers: Dark of the Moon
Tomas Egger - diretor de cena da Dínamo Filmes e supervisor da área de pós-produção da Dínamo Digital. Membro da Visual Effects Society (VES), cujos associados assistem aos filmes indicados ao Oscar, votam e os escolhidos são computados pela Academia nas categorias Efeitos Especiais e Filmes de Animação