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“É bom e barato produzir imagem e som no Brasil”
Eitan Rosenthal - Diretor da Filmbrasil e Sócio da Trattoria di Frame
Clubeonline: Como surgiu a Aproex - hoje, Filmbrazil - e quais os principais objetivos do projeto?
Eitan Rosenthal: A Filmbrazil surgiu da constatação de que havia uma grande demanda, no mercado internacional, por parte de agências e produtoras, principalmente dos EUA e Europa, em busca de países que, como o Brasil, oferecem produção de alta qualidade e bons custos. Esta linha de negócios já é próspera em países como África do Sul, Argentina, Canadá e Nova Zelândia, entre outros. Por outro lado, sentíamos, no mercado interno, uma pressão muito forte por custos cada vez mais baixos, estrangulando nossas perspectivas de crescimento.
Clube: Qual foi a conduta adotada para unir as produtoras, em um mercado tão avesso a sentar na mesa e discutir questões em comum?
ER: É, de fato, muito difícil reunir várias empresas em torno de um objetivo comum. Há um histórico de iniciativas semelhantes, anteriores, que ficaram no meio do caminho e quase minaram futuras tentativas. Mas a necessidade de atingir o mercado externo é muito evidente para o conjunto de empresas do mercado de produção. Podemos dizer que, hoje em dia, existe no Brasil mais capacidade de produção do que demanda pelos serviços. Dessa forma, a necessidade de novos mercados é premente e vital.
Clube: Quantas empresas aderiram?
ER: Conseguimos a adesão de 44 empresas, que pagaram taxas entre R$ 4 mil e R$ 10 mil, cada. Desde o início da nossa movimentação, as empresas contactadas perceberam que havia seriedade e determinação na proposta. Assim, vencidas as primeiras resistências, o grupo cresceu como bola de neve. Também houve o fator "vizinho", isto é, se o vizinho esta aderindo deve ser bom...
Clube: E como foi atrair, também, produtoras de som, finalizadoras e locadoras de equipamentos?
ER: As finalizadoras e locadoras deram apoio e aderiram ao primeiro contato. Para elas foi fácil perceber os benefícios que teriam com o crescimento geral da produção. O pessoal do áudio, a princípio, relutou. Mas, quando perceberam a oportunidade que tinham de se juntar a um movimento forte, aderiram com entusiasmo e ativa participação.
Clube: O que vai rolar em Cannes?
ER: Vai acontecer o lançamento internacional do nosso projeto. Alugamos um iate, onde receberemos agências, produtoras e imprensa internacional. Ali serviremos produtos brasileiros (cerveja, caipirinha, etc.) e distribuiremos brindes, também brasileiros. Teremos fitas exibindo locações e filmes feitos no Brasil. Venderemos a seguinte mensagem: "É bom e barato produzir imagem e som no Brasil".
Clube: Quem não aderiu até agora poderá fazê-lo depois de Cannes?
ER: Atualmente a Filmbrazil está fechada para novas adesões. Mas, de fato, pretendemos reabrí-las após Cannes, com valores mais altos, evidentemente. De qualquer maneira, já temos a grande maioria das grandes empresas de produção brasileira de imagem, áudio, finalização e locação de equipamentos. Afinal, a Filmbrazil não se esgota em Cannes. Pelo contrário, temos muitíssimo a fazer.
Clube: O site já está ok? E a campanha?
ER: O site já está pronto, é só acessar. A Borghierh gerou um conjunto fantástico de anúncios, banners e cartões com os quais vamos divulgar a Filmbrazil.
Fizemos um acordo com a revista Cannes Lions Daily, que circula no festival, e será realizada uma grande matéria sobre publicidade e produção no Brasil. Em troca, orientamos os associados a colocarem anúncios na edição da sexta-feira, dia da divulgação do short-list e da publicação da matéria.
Clube: Quais são os atrativos que possuímos, capazes de seduzir o mercado externo?
ER: Temos um mercado de produção maduro e fortemente competitivo, em termos de custos. Temos empresas fortes em todos os segmentos; completa infra-estrutura de serviços e de produção; profissionais qualificados e abundantes; belíssimas locações naturais e urbanas; estações invertidas em relação ao hemisfério-norte; elenco multi-racial; atores conhecidos no mundo todo através das novelas da Globo... Além disso, o Brasil é muito atraente como destino para uma comunidade que se desloca continuamente, por todo o planeta.
Clube: Que tipo de reivindicações, junto ao Governo Federal, vocês estão fazendo?
ER: Temos muito a brigar quanto a aspectos legais e institucionais. Precisamos que o nosso ambiente legal se atualize em relação ao que acontece no mundo: agilidade na concessão de vistos de trabalho, para estrangeiros que venham participar de produções; facilidades para importação provisória de equipamentos; racionalização para a tranferência de dinheiro, dentro do ambiente de uma produção; flexibilidade sindical; etc.
Clube: Quer acrescentar alguma coisa?
ER: Gostaria de frisar que ainda não tivemos qualquer tipo de apoio, ou gesto de boa vontade, de qualquer orgão governamental, apesar do nosso movimento caminhar paralelo à necessidade nacional de geração de receita em moeda forte. Os orgãos responsáveis pelo fomento às exportações, tais com Apex (Federal) e Cericex (Estadual, SP) estão se mostrando surdos às nossas tentativas de aproximação. Parece que só têm olhos para exportação de produtos, não atentos ao fato de o comércio de serviços ser o que mais cresce nas pautas de exportação, em todo o mundo.