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Capítulo 2: Fucking Ace!
Hello Folks! Como vão as coisas ai no Brasil? Aqui em Portugal o outono acabou de chegar e, aos poucos, está trazendo um clima um pouco mais europeu pra essa cidade, que já estava começando a parecer Salvador da Bahia.
Da última vez que nos falamos, contamos sobre a experiência de tocar e pintar telas nas ruas de Londres, então bora continuar daí!
Naquele dia, tudo foi muito melhor do que o esperado. E as vezes seguintes continuaram surpreendentes. A cada fim de semana a gente acrescentava uma música nova ao set e um tema novo às telas. Estava sendo demais. Mas, infelizmente, essa vida não durou muito mais do que alguns meses, isso porque encontramos alguns obstáculos no caminho.
Primeiro foram os fiscais, que tentaram nos impedir de pintar as telas alegando que não poderíamos vender nada nas ruas sem ter licença. Mas desses nós nos livramos dizendo que as pinturas eram gratuitas e que apenas recebíamos doações por elas. Que nenhuma tinha preço algum e que cada pessoa colaborava com o valor que achasse justo.
Depois, foram os policiais que disseram o mesmo. Mas estes não cairam no nosso papo. Falaram que poderíamos continuar a tocar, mas deveríamos esquecer as telas. E então, quando pensamos que estávamos livres, chegou o mais terrivel adversário de todos: o inverno.
Falando assim pode parecer exagero, mas não. Foi insuportável. Colocávamos 3249283740 peças de roupa e mesmo assim sentíamos frio. Talvez porque não pudéssemos usar luvas, tanto pro João tocar gaita, quanto pra eu tocar violão. Até os turistas já não eram tantos e mesmo os que estavam por perto, não se sentiam tão animados em tirar as mãos do bolso, literalmente.
Enfim, aos poucos fomos diminuindo a frequência dos dias de busking e, em dezembro, se não me engano, levantamos bandeira branca. O frio venceu.
Mas é aí que a Amy entra na história.
Antes de sermos obrigados a parar de vender as telas, já tínhamos conhecido algumas pessoas que gostaram bastante do nosso trabalho. Uma delas foi o Sergie, um camaronense muito sangue bom e que já está em Londres há algum tempo.
Ele é dono de um trailer de crepes na zona mais alternativa de Londres, a famosa Camden Town. Este lugar, além de ser conhecido por muitas características peculiares, ficou famoso também por ser onde a Amy Winehouse morou e começou sua carreira. E foi exatamente aí que conseguimos fazer um dos trabalhos que mais nos orgulha.
Depois de alguns telefonemas e e-mails, o Sergie explicou pra gente que estava reformando seu trailer, queria mudar completamente a pintura de fora do carro e gostaria muito que a gente fizesse alguma arte no estilo das telas, que além de terem uma grande quantidade de cores, sempre faziam referência à música. Demais! Os policiais não deixaram a gente pintar as telas em A2 na calçada de Brick Lane e, agora, a gente tinha um espaço de mais de quinze metros quadrados pra grafitar, no bairro mais cool de Londres.
Antes de tudo, tínhamos que decidir um tema. Sendo em Camden, nada melhor do que homenagear a pessoa mais famosa e talentosa do bairro. As laterais seriam pinturas em Pop Art de embalagens de Nutella, a especialidade da casa. Fizemos alguns roughs e layouts, testamos cores e tipografia e depois de alguns dias combinamos uma data para começar.
O Sergie comprou todo o material que a gente precisava. Ao todo, foram mais de 30 latas de spray, lixas, pincéis, cartolinas, estiletes e mais um monte de parafernália. Ele iria reformar o trailer em apenas uma semana, então esse era o prazo que tínhamos.
Enfim, depois de sete dias de muita tinta, muito chocolate derretido de café da manhã, almoço e jantar, e a ajuda fundamental de dois amigos, o Gá e o Toni, que deram uma mãozaça nas laterias do carro, conseguimos entregar tudo pronto.
E o melhor, como bons publicitários ;o), entregamos tudo no prazo, o cliente gostou, não ultrapassamos o budget, atingimos o target e, principalmente, algo que muitas marcas procuram desesperadamente: geramos mídia espontânea.
Isso descobrimos há pouco tempo, já que, por mera curiosidade, decidimos fazer uma busca de 'Amy, Camden' e 'Nutella, Camden' na internet e, após ver dezenas de fotos do nosso grafite, percebemos que ele virou umas espécie de 'ponto turístico' no bairro. =)
Tá, mas você ainda deve estar pensando, 'Legal, mas por que o título deste texto?', e aí que vem a resposta, que aconteceu há apenas alguns dias.
Na semana passada, recebemos do Sergie, o dono do trailer, uma foto. Uma foto que tirou uma dúvida que sempre esteve na nossa cabeça: 'Será que a Amy já viu o grafite?'. E nessa fotografia estava ela. Em carne e osso. Não só vendo, como fazendo poses do lado. O Sergie disse que a primeira coisa que ela disse quando viu a nossa arte foi: 'Fucking ace! Let's take pictures!'. Sinal que ela gostou. E olha que pra ela gostar de alguma coisa não é muito fácil (rs).
Aliás, a gente ainda não sabe se foi a alegria de ver a nossa homenagem, mas até pareceu mais corada e menos morta-viva. Fucking ace!
Até o próximo texto!
PS: Não sabemos por que, mas nosso e-mail da agência as vezes não recebe e-mails de fora. De qualquer maneira, desculpa a quem mandou e por via das dúvidas segue o nosso pessoal: rodrigo_rogo@hotmail.com e jpunzer@hotmail.com
Rogô de Castro e João Unzer duplam na criação da Y&R Lisboa
rodrigo.castro@pt.yr.com
joao.unzer@pt.yr.com
Leia a primeira parte dessa aventura aqui.