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Arthur Bispo do Rosário

Calendário 2003 da Burti é lançado em São Paulo

02.12.02

"Os doentes mentais são como os beija-flores. Nunca pousam. Estão sempre a dois metros do chão"
(Arthur Bispo do Rosário)

A festa do Calendário Burti 2003 aconteceu na noite de segunda-feira, 02/12, no Instituto Tomie Ohtake, região de Pinheiros, em São Paulo.

Em sua 8ª edição, o calendário tem como tema Arthur Bispo do Rosário e reúne mais de 50 trabalhos do artista - todos fotografados por Fernando Chaves, no Museu Bispo do Rosário, que fica na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro.

O projeto gráfico é assinado pelo designer Alex Chacon - responsável pela concepção visual de todos os filhotes deste projeto, desde o início, oito anos atrás.

Com tiragem de 3 mil unidades, o Calendário ajudará, e muito, a divulgar a obra de um artista/personagem que deixou sua marca bordada na história do nosso País. Cada lâmina (70 cm X 84 cm) é um universo.

O maior destaque vai para o "Manto da Apresentação" que, segundo dizia Bispo, representava seu encontro com Deus, no dia do Juízo Final.

A escolha do artista partiu do próprio Luiz Carlos Burti, fundador da Editora Gráficos Burti e idealizador da iniciativa.

O Calendário poderá ser adquirido na livraria da Pinacoteca do Estado de São Paulo, por R$ 50,00.

Quem foi ele?

A essência de Arthur Bispo do Rosário já deve estar impregnada nas veias (ou no inconsciente, para a colocação ficar mais adequada) de grande parte dos leitores do Clubeonline.

Bispo nasceu em 16 de março de 1911 (há controvérsias sobre a data), na cidade de Japaratuba, interior do Estado de Sergipe. Foi marinheiro, viajou muito. Também foi porteiro, guarda-costas, lavador de bondes, borracheiro e pugilista, tendo chegado a campeão latino-americano na categoria peso-leve. Viveu por cinco décadas (a partir de 1939) como interno da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, diagnosticado como esquizofrênico.

Na Colônia, começou a se expressar desmanchando os uniformes dos internos e isolando os fios azuis - talvez, uma nostalgia azul, do mar - e bordá-los em lençóis, fazendo deles estandartes - talvez, reminiscências de suas experiências no Carnaval e nas procissões de Sergipe.

Sua obra foi "descoberta" no início dos anos 80, pela psiquiatra Nise da Silveira, fundadora do Museu do Inconsciente, e ganhou repercussão internacional. Os "artefatos" que criava considerava como "um inventário do mundo para levar a Deus". Suas obras foram pela primeira vez expostas na coletiva "À Margem da Vida", em 1982. Bispo faleceu no dia 05 de julho de 1989, aos 78 anos, de infarto do miocárdio e arterioesclerose, na enfermaria da Colônia.

De lá pra cá, foram realizadas diversas mostras com suas esculturas, pinturas, bordados e colagens.

Ele representou o Brasil na 46ª Bienal de Veneza. Foi tema de uma exposição realizada em Estocolmo, na Suécia. Em 2000, seu trabalho integrou o módulo "Imagens do Inconsciente", talvez um dos mais emocionantes da Mostra do Redescobrimento Brasil + 500.

Há um livro sobre o artista, chamado "Arthur Bispo do Rosário - Senhor do Labirinto".

Arthur Bispo do Rosário

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