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IV Fórum da ANER

Espie resumão do encontro

15.09.10

Nesta quarta, 14, aconteceu o IV Fórum da ANER (Associação Nacional de Editores de Revistas), sobre o tema‘Inovação em Revistas’.


O evento discutiu o futuro das revistas e novidades no segmento. Veja alguns destaques.


Roberto Muylaert, presidente da Associação Nacional de Editores de Revistas, citou como um indicador de boas perspectivas para o meio revista a ampliação da produção brasileira de papel e celulose. “Os fabricantes ampliarão em 200% a capacidade instalada até 2014. É um sinal positivo para as revistas”.


Os editores têm uma luta muito grande pela frente para ocupar o espaço que o meio revista merece, afirmou o presidente do grupo Meio & Mensagem. “Transformaremos ameaças em novas oportunidades de negócios,” disse Salles Neto. “Um dos desafios a enfrentar é o surgimento no mercado de empresas especializadas na compra de mídia”.


O mercado brasileiro de revistas vai acompanhar o crescimento do país e cerca de 200 novos títulos surgirão até 2020, disse Jairo Leal, presidente executivo da Abril Media. “Devemos ter pelo menos 20 lançamentos por ano”, reforçou Leal. “Comparado com os Estados Unidos, o Brasil pode dobrar o tamanho de seu mercado de revistas”, acrescentou, lembrando que o mercado norte-americano ainda está em recessão.


Leal destacou que as revistas dos segmentos popular, femininas e jovens tiveram crescimento expressivo de exemplares entre 2007 e 2009. O presidente da Abril Media também citou o iPad. “É uma grande oportunidade. A revista transfere seu sucesso para outras plataformas”.


Quando as revistas migrarem para tablets como o iPad, elas encontrarão uma terceira fonte de receita, além da venda de exemplares e de publicidade: o comércio eletrônico. “O e-commerce virá com anúncios interativos, links para mais informações, mapas, vídeos e realidade aumentada”, afirmou Jim Jacovides, vice-presidente de desenvolvimento e licenciamento da Time Inc.


Em sua palestra, Jacovides mostrou versão da revista Time para tablets, com grande interatividade, telas de contexto, acesso rápido a conteúdo multimídia, rolagem de fotos e outros recursos.


Jacovides afirmou que as revistas precisam expandir o alcance de suas marcas, para atingir os consumidores. “Você não pode colocar o conteúdo da revista em um site e pensar que já fez tudo. Mas é preciso oferecer mais para o internauta”.


O vice-presidente do grupo Time Inc. destacou a importância das revistas no cenário atual: “Enquanto um episódio semanal do show ‘American Idol’ atinge nos EUA 22 milhões de pessoas, uma edição da revista People vende 45 milhões de exemplares”.


Alessandro Girardi, presidente do Grupo Domo, defendeu o meio digital como um caminho para oferecer mais conteúdo, impacto, flexibilidade e precisão para os anunciantes. Para ele, o caminho está nos tablets, como o iPad. Citando estatísticas de estudo realizado nos EUA, ele destacou que quatro em cada cinco pessoas esperam ler nos tablets o conteúdo das revistas disponível em papel, e aceitam pagar por isso.


"Nossa atividade é contar as histórias. Temos que aprender a fazer isso na nova plataforma [digital]", disse Girardi.


Ao terminar sua palestra vestindo a camisa da seleção brasileira de futebol, o norte-americano John Wilpers arrancou aplausos da plateia. Antes disso, falou sobre a necessidade de as revistas assumirem a vanguarda. “Se as revistas não liderarem a mudança, alguém vai” .


Segundo Wilpers, que é consultor da Innovation Media Consulting, as revistas do século 21 devem seguir algumas diretrizes: “senso de humor, capas em 3D, branding em 360° e conteúdo 'free-mium'.”


É preciso aproveitar as novas tecnologias para se aproximar dos leitores, mesmo que o produto seja a tradicional revista em papel, diz Wilpers. Ele citou o caso da britânica The Economist, que envia mensagens em SMS com a manchete da nova edição e pergunta ao dono do celular se quer recebê-la em casa no dia seguinte. “Milhares dizem sim”, relatou Wilpers.


Para o futuro, os editores de revistas devem prestar atenção a tecnologias em desenvolvimento, como os códigos 2D e a Sixth Sense, interface homem-máquina que pode ser vestida pelo usuário. “Ela vai substituir e-readers, tablets e PCs na entrega de conteúdo”.


John Wilpers sintetizou o desafio dos editores diante da crise e da emergência de novas tecnologias: “Tempos difíceis causam pânico e brilhantismo. Há editores que cortam custos e outros que reagem com novas ideias”.


O debate “Como anda a fronteira entre o editorial e o comercial” do IV Fórum discutiu as fronteiras atuais da tradicional separação “Igreja x Estado” nas editoras. A conclusão dos palestrantes José Bello (Editora Três), Ricardo Gandour (O Estado de S. Paulo), Edgard Martolio (Ed. Caras) e Nelson Blecher (Editora Globo) foi unânime: é necessário estabelecer bem essa distinção.


“Igreja e Estado têm que estar separados. Porém, em muitas áreas os anunciantes fazem parte do conteúdo. Então é necessário fazer a diferenciação no conteúdo”, disse Martolio.


Isso pode acontecer por meio de informes publicitários inseridos nas revistas, sob o nome de “publieditorial”,  que devem ser apresentados de maneira clara ao leitor. “Muitas vezes, as agências querem usar a mesma tipologia da revista nos publieditoriais. Fica difícil de discernir”, afirmou Blecher.


Para Gandour, é preciso haver pragmatismo na integração entre redação e comercial, mas passando pelo diálogo com o leitor. “Os anunciantes são os patrocinadores da imprensa livre. Devemos instá-los a conspirar em favor da credibilidade da imprensa”.


Bello concorda mas diz que as redações devem estar conscientes de que é importante andar junto ao mercado. “O que não pode é vender a sua opinião. É preciso diferenciar o conteúdo e separar o que é merchandising e anúncio”, afirma.


Em sua palestra no final do IV Forum ANER, o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, frisou a opção pela distinção: “Não somos pagos para mentir aos leitores. Ou seja, nunca podemos misturar jornalismo e publicidade”.


As redes sociais já fazem parte do cotidiano dos editores de revistas, que constroem perfis para atender seus leitores. Agora, elas também ajudam os editores a escolher a capa da próxima edição, como contou Georges Schneyder, diretor de marketing da Editora 4Capas.


O debate “Como os editores e anunciantes estão usando as redes sociais” teve também a participação de João Binda, da Age Isobar, e Paulo Houch, presidente da Editora Online.


Schnyder contou a experiência da revista gastronômica Prazeres da Mesa no Facebook. “Nossos leitores vão a nosso perfil e votam na capa da próxima revista. Temos 6 mil seguidores e oferecemos links para vídeos no YouTube. Um desses vídeos teve 85 mil visualizações”, disse Schnyder.


Houch, da Editora Online, que publica a revista Yes Teen, gostou da ideia. “Vamos seguir o Schnyder e colocar nossa capa em votação no Facebook.” Ele contou “a encrenca” que foi o dia em que a revista postou no Twitter informação de que a banda adolescente Restart iria fazer as fotos de capa no estúdio. “Os fãs cercaram a editora”.


“Adolescente adora compartilhar. Tentamos atender rapidamente as tendências que detectamos nas redes sociais. É lá que sabemos das coisas”, contou Houch, que diz que a revista deve ser a BFF (best friend forever) da adolescente.


Para Binda, “a integração e a adequação das mensagens nas redes sociais devem ser bem pensadas, e o consumidor deve receber um feedback, se ele pedir isso.” Ao mesmo tempo, ele faz um alerta: “Temos que tomar muito cuidado para que as ferramentas das redes sociais não nos deixem na mão


Schnyder concorda com Binda e diz que ter um site bonito da revista não adianta nada. “O importante é interagir com quem visita o site,” disse.


O presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, Roberto Civita, fez um discurso otimista sobre o futuro das revistas. “Estou confiante no futuro de nossa atividade e com inveja das novas gerações, que tem esse enorme desafio pela frente”.

Civita falou sobre seu ofício como diretor editorial, que exerce em paralelo com a administração do Grupo Abril, para explicar o que faz uma revista ser bem-sucedida. “Para começar, quanto mais precisa for a definição de seu público, maior será a sua chance de sucesso”.

E completou: “Fazer revista, sempre foi uma mistura de técnica, artesanato, dedicação, tesão e divertimento”. Tudo isso culmina em um produto em que a principal premissa do trabalho é o compromisso do jornalista com o leitor, e não com os anunciantes, governo ou colegas. “Quem vai colocar dezenas de jornalistas para investigar caso de corrupção? Ninguém está melhor posicionado do que as revistas”, afirmou Civita.


Após a palestra de Civita, o vice-presidente de relações institucionais do Grupo Abril e primeiro vice-presidente da ANER, Sidnei Basile, fez um alerta à sociedade no discurso de encerramento do Fórum. “É inaceitável que, alegando corrigir distorções, se queira rever o marco regulatório da mídia eletrônica,” disse Basile.


“É incrível que as voz das trevas ainda se levantem para tentar impor o controle social da mídia. As duas coisas somadas significam só uma coisa: Censura”, afirmou Basile.


 


 


 

IV Fórum da ANER

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