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Design em Debate

Experiências dos EUA e da Coreia

25.03.10

O inglês John Barratt, CEO da consultoria norte-americana Teague, e o sul-coreano Ken Nah, CEO da World Design Capital- 2010, debateram o tema "Design: O Negócio da Inovação", em seminário realizado esta semana na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo.


Promovido pela Associação Objeto Brasil, em parceria com a Apex-Brasil e com patrocínio do Sebrae, o evento mostrou duas experiências diferentes: a de um país cujo empresariado tem aprendido por si só a enxergar o design como vantagem competitiva, e a de outro, onde esta valorização acontece capitaneada pelo governo. 


Enquanto Barratt explicou a evolução da Teague e do design para as empresas, nos EUA - fruto de criatividade, estratégias de marketing e forte entendimento de mercado -, Nah explanou sobre como o governo coreano articulou estratégias que culminarram na eleição de Seul como a capital mundial do design, em 2010.


“O que fizemos foi reunir alguns dos maiores líderes da sociedade, entre políticos e empresários, para convencê-los da importância comercial e estratégica do design”, disse Nah. 


Ele explicou que o então presidente sul-coreano priorizava o incremento das embalagens de produtos para alavancar as exportações. “Foi assim que as famílias mais tradicionais dos conglomerados sul-coreanos abriram espaço para os designers e desenhistas industriais. Isso mudou drasticamente o funcionamento de nossa economia: os empresários tinham o hábito secular de sequer conversar com especialistas da própria empresa.”


Nah também enfatizou o papel do Estado na deflagração de uma infraestrutura que sustentasse o crescimento da área de design. “Hoje temos 21 centros de inovação — um para cada parque industrial da Coreia do Sul — que recebem investimentos de US$ 2 milhões ao ano do governo. Formamos 36 mil designers por ano, em uma proporção 50%-50% entre designers gráficos e de produtos”. Com isso, o setor de design soma atualmente 1.200 empresas no país.


Já Barratt  disse que "para desenvolver uma paixão coletiva pelo design é necessário criar produtos que sejam bons negócios e, ao mesmo tempo, incutir neles funcionalidades e beleza para despertar o gosto popular”.


Para o CEO da Teague, o arrojo na concepção do produto nunca é o bastante. “Não adianta criar coisas maravilhosas e caras, em uma época na qual ninguém tem poder de consumo”, disse, citando como exemplo um Cadillac luxuoso lançado durante a Grande Depressão de 29, que levou seu criador à falência. 


Barratt elogiou o programa sul-coreano que levou o país a se tornar o líder entre os tigres asiáticos e uma das maiores referências em design no mundo, no entanto, disse desaprovar mecanismos de fomento estatais que, para ele, poderiam resultar numa economia acomodada pelo paternalismo.  


 

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