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Pesquisa sobre a autopercepção do brasileiro
Ao contrário do defendido por vários estudiosos do passado, o Brasil possui uma identidade nacional consolidada, expressa em opiniões coesas entre os diferentes perfis socioeconômicos, que identificam características típicas dos brasileiros.
É o que revela o Projeto Brasilidade, primeiro da série Estudos da República, desenvolvido pela República Opinião dos Brasileiros, empresa de pesquisa de opinião pública.
A pesquisa é sobre a autopercepção do brasileiro, que mostra o que mudou após mais de 20 anos de democracia e estabilização econômica no país.
Partindo de análises clássicas como as realizadas por Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro, Sérgio Buarque de Holanda e Roberto DaMatta, a República reuniu antropólogos, psicólogos, cientistas políticos e sociólogos para descobrir o que significa ser brasileiro no século 21 e qual o impacto desse período recente sobre a identidade nacional e a autoestima.
Segundo o sociólogo e cientista político Rodrigo Mendes Ribeiro, diretor-geral da República e coordenador da pesquisa, o estudo revela um novo Brasil, com importantes mudanças que originaram uma sociedade mais complexa e rica, que não cabe mais nos estereótipos, cujo fardo histórico está sendo abandonado para abrigar novos traços de brasilidade.
A pesquisa tomou como ponto de partida a pergunta: a autopercepção do brasileiro também mudou? As respostas deixam claro que sim: com autoestima elevada, 78% dos entrevistados afirmaram ter orgulho de ser brasileiro; há otimismo, o futuro é visto com bons olhos; e o jeitinho brasileiro, que na visão de estudiosos e acadêmicos sempre foi associado a características predominantemente negativas, ganhou agora uma dimensão positiva. É o atributo que, na visão dos entrevistados, mais define o que é ser brasileiro hoje significa ser dotado de criatividade, flexibilidade, improviso, jogo de cintura e um jeito de resolver os problemas mantendo a alegria.
O brasileiro inicia a década com muita esperança, altivo, após ter passado por uma turbulência internacional que pouco o abalou. Apesar da desigualdade ainda presente, a pobreza e a insatisfação diminuiram; a classe média aumentou, assim como a renda, o acesso à internet, o consumo de itens de conforto; sete entre 10 brasileiros acreditam que o povo tem hoje maior poder de compra. Aumentou a percepção de melhoria no país, destaca Ribeiro.
A avaliação positiva do país implica necessariamente em autoestima mais elevada. Orgulho e visão positiva de futuro põem por terra o complexo de vira-lata, expressão cunhada pelo escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, associada ao ser brasileiro. Por complexo de vira-lata, Rodrigues entendia a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo.
Os dados do Projeto Brasilidade revelam que há uma identidade nacional assentada em um elevado grau de coesão das opiniões em torno de características comuns aos brasileiros.
O que faz com que as pessoas se sintam brasileiras? Predomina a visão do brasileiro como batalhador, com alta capacidade de superação; que mantém a alegria mesmo na adversidade; e faz uso do jeitinho como um recurso de adaptação social. Existem alguns matizes regionais ou de classe, mas o que predomina é uma identidade nacional bastante clara e definida. Com base na teoria da motivação de Maslow, a pesquisa identifica também três perfis de brasileiros: os que lutam pela sobrevivência: 38%; os que aspiram a estabilidade: 26%; e os que buscam o aprimoramento: 36%.
Com módulos qualitativos e de quantificação, a pesquisa foi conduzida no mês de março de 2010, com quatro grupos focais e 1.272 entrevistas (homens e mulheres, de 18 anos a 70 anos), residentes nas principais cidades brasileiras, pertencentes às classes A, B, C, D e E (critério Brasil). Do Sudesde, 55% dos entrevistados; 19% do Nordeste; 14% do Sul; 7% do Centro-Oeste; e 5% do Norte, sendo 48% dos entrevistados do sexo masculino e 53% feminino.
A maioria dos entrevistados é jovem 25,1% possuem entre 30 e 39 anos; seguidos de 21,9% com idade entre 18 e 24 anos; e 14,2% com idade entre 25 e 29 anos. Os entrevistados na faixa etária entre 50 e 59 anos são 12,1%; entre 60 e 64 anos são 3,5%; e entre 65 a 70 anos, 4,2%.
Segundo Rodrigo Mendes Ribeiro, o principal diferencial da pesquisa é a forma abrangente com que aborda a questão do ´ser brasileiro´. Não havia até então um estudo com uma visão assim abrangente para caracterizar a identidade nacional.
Ao consolidar a identidade do brasileiro 2010, a pesquisa Brasilidade revela que, em contraposição ao ser humano em geral, o brasileiro se considera mais batalhador, mais alegre, mais solidário, mais criativo/inovador, mais prestativo, mais justo, mais bonito, sempre dá um jeitinho, mais sofrido, mais patriota, tem jogo de cintura.
Entre as frases expressas na pesquisa qualitativa estão, por exemplo: Brasileiros para mim são pessoas alegres, super alegres,
frente aos países
São pessoas que ajudam em qualquer situação
todo mundo voltado em fé, que acredita num futuro melhor.
No quadro Consciência de ser brasileiro, a pesquisa revela (em respostas múltiplas) características como sou batalhador (25%); não perco a esperança nunca (22%); adoro futebol (22%); convivo bem com todo tipo de gente (20%); adoro conviver com amigos (17%); sei me virar com pouco dinheiro (16%); adoro música (15%); sei que para tudo tem um jeitinho (11%).
Traços que revelam um ser alegre, emocional e musical, que vive o presente e tem na adaptação e na flexibiidade a sua maior ferramenta de vida. Um lutador otimista, que gosta do convívio e vive com pouco.
Nas regiões Centro-Oeste e Norte 31% e 35%, respectivamente há os maiores índices da percepção do brasileiro como um batalhador. A característica de nunca perder a esperança recebe destaque nas classes A (32%) e B (27%); e nas regiões Norte (39%) e Nordeste (28%). É também na região Norte que o amor pelo futebol é citado com maior destaque como característica que define o brasileiro (48%).
Como um batalhador, o brasileiro se considera um lutador permanente, que já nasceu em desvantagem tem menos, pode menos, sabe menos. Justamente por isso, transforma as fraquezas em fonte de energia; ele precisa de menos, aprende com a vida, adapta-se facilmente e inventa o que precisa.
Em contrapartida, também em relação ao ser humano em geral, o brasileiro se considera menos amigo, menos inteligente, menos corajoso, menos competitivo, menos agressivo, menos consumista, menos estressado.
Embora não se veja como amigo, sabe que é solidário ao salvar quem precisa; afinal, amanhã pode ser ele a precisar de ajuda. Segundo Ribeiro, o brasileiro se acha menos amigo porque se estreitar as relações terá que ajudar a criar os filhos do amigo, emprestar dinheiro, oferecer o próprio nome para compras no crédito.
O brasileiro acredita que é patriota, embora isso não represente uma adesão ao país oficial, pois sente vergonha dos governantes, dos políticos e da política. Mas, é um indivíduo que acredita no brasileiro, na força de vontade do povo e no potencial. Além disso, tem um jeito próprio e alegre de se relacionar com os outros, de tocar a vida, acrescenta Ribeiro.
Se você quiser o documento completo da pesquisa mande email para lais@ccsp.com.br e escreva no campo assunto: Quero Projeto Brasilidade.