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O Bolo-Rei do Natal português
O fera que deu este nome para o bolo é no mínimo sarcástico.
O bolo-rei não é assim tão nobre como o nome indica.
Não é péssimo como o começo deste textinho indica.
É bem mais ou menos. Uma nota 6, com fome. Um 4, sem.
Resolvi escrever sobre o bolo-rei porque o Natal está aí. Ou quase.
E há um negócio que faz uma grande diferença nestas semanas que antecedem o Natal: as pirâmides de panetones nos supermercados.
Aqui não há.
Ok, panetone você encontra. Mas, no Brasil, o panetone é que encontra você. E, a cada ano que passa, encontra mais cedo -- e com pirâmides maiores.
Nunca entendi ao certo o esquema do panetone. Por que tanto e tão de repente? Por que não sempre, mas com uma quantidade normal?
Afinal, o negócio é bom -- ninguém está comendo de favor ou pagando promessa no Natal. Acho meio estranha a idéia de que, da noite para o dia, o Brasil se sente meio na obrigação de consumir seis bilhões de toneladas daquilo.
Obrigação, porque se você não comprar, não comer, os panetones engolem os supermecados, os corredores dos centros comerciais, a mercearia local.
Mas, voltemos ao bolo-rei. Não sei se você já comeu. Eu já. Uma só vez. É meio (muito) seco. No formato daqueles bolos de rosca que você encontra na casa da sua avó para tomar com café. Também tem o esqueminha das frutas cristalizadas. Mas elas não são assadas com a massa ou colocadas lá dentro.
Não.
É como se, sempre, ao final, quando o bolo já está prestes a ser ignorado na mesa, alguém se lembra e joga uma porção de coisas em cima e torce para grudar.
Não é fofo. Não é assim macio e pegajoso como o panetone. Não é rei.
Mas não ache que a nota 4 do bolo-rei é norma.
Portugal tem uma cozinha bem interessante. O bolo-rei é uma pegadinha no meio de uma porção de opções.
O pastel de nata, o bolo de bolacha, a queijada, o doce de ovos e mais uma série de bolos e doces que fazem você perdoar o bolo-rei. O bolo. Não o fêla que deu esse nome para ele e fez você socar os dentes nele-- ao ler o papelzinho de referência ao lado dele.
Com o bolo-rei numa mão, fincado num garfo, e um naco de chocotone rasgado, na outra, você não tem dúvidas de que este - o que tem 600 calorias por mordida e sete barras de chocolate por fatia -- merece o título de bam-bam-bam dos bolos.
Portanto, se você estiver por essas bandas na época do Natal, foco. Bolo-rei? Não. Todos os outros? Se você tem um colesterol bacanundo e calças de moletom com o elástico frouxo, sim.
Erick Rosa - Redator - Leo Burnett Lisboa
erick.rosa@leoburnett.pt
Leia texto anterior da coluna Um Brasileiro em Lisboa aqui.
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