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Criado-Mudo

Bonito de ver e bom de usar, mas isso não é mérito meu nem dele

03.10.07

Meu criado-mudo é bonito de ver e bom de usar, mas isso não é mérito meu nem dele; é mérito da Claudia Moreira Salles, que projetou os móveis do meu quarto.

Meu criado-mudo tem quatro pernas pequenas, duas mesas  grandes (uma em cima, outra embaixo) e duas gavetas lado a lado, no meio.

Na mesa de cima, atualmente estão um telefone conectado com a casa inteira e com o mundo exterior, um abajur com duas intensidades diferentes de luz que comprei em Milão já faz tempo, um despertador Portfolio, da Tiffany & Co., uma miniatura de prata do Porsche 911 Turbo do Museu da Porsche, em Stuttgart, três controles remotos, um exemplar de “Adland”, do Mark Tungate, que eu acabei de ler, um exemplar de “On The Road”, do Jack Kerouac, que eu estou relendo, e um exemplar de “Divas Abandonadas”, da Teté Ribeiro, que eu vou começar a ler agora.

Nessa mesma mesa de cima tem ainda um porta-moedas de couro — sem moedas — que eu ganhei do Jô Soares anos atrás, um pequeno bloco de anotações e duas canetas BIC.

Nas gavetas do meio, entre as duas mesas, tem fotos e mais fotos dos meus filhos, um porta-charutos reserva, alguns isqueiros a gás que deixei de usar quando o gás acabou e não tive paciência de encher de novo (voltei aos isqueiros BIC), chaves reserva de casa, do carro, etc. e alguns bilhetes, cartas e cartões que recebi de amigos.

Na mesa de baixo (uns 30 centímetros abaixo das gavetas), tem duas partituras originais devidamente enquadradas de sambas do Heitor dos Prazeres, com os respectivos desenhos ilustrativos feitos por ele, que ganhei recentemente da minha mulher, mas ainda não resolvi onde vou pendurar; um exemplar da última revista Brasileiros e dois cadernos Weekend, do Financial Times de Londres, que resolvi guardar porque contêm coisas que chamaram minha atenção.

Embaixo da mesa de baixo, ou seja, já no chão e, portanto, entre os pés do criado-mudo, estão largadas — para desespero da minha mulher e conseqüente desorganização estética desse espaço tão requintado —a Carta Capital, a Vejona, as Vejinhas São Paulo e Rio, a Época, a IstoÉ, a IstoÉ Dinheiro, a Exame, a Época Negócios, a New York e a New Yorker desta semana.

Mas, na semana que vem, eu juro que elas saem de lá. Serão substituídas pelas suas irmãzinhas mais novas."


Washington Olivetto - chair-man da W/Brasil


Leia aqui e relembre participação anterior do Washington, de 2005, nessa seção.


 Comentários

Egisto Betti - Washington, esse é o criado mudo mais chique que eu já vi...é praticamente uma volta ao mundo! egisto@almapbbdo.com.br


pedrovidal - se eu escrever um bilhete com desenhos ilustrados por mim você o guarda nas gavetas do meio, enquadra devidamente e pendura na parede ou leva para a W, Washington?


 

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