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O espaço é seu

Depois é a propaganda que engana o povo...

03.07.06

Que bom que a Copa acabou. Não tenho nada contra ela, muito pelo contrário. Sou apaixonado por futebol. E não sou daqueles que fazem cara de conteúdo, achando que temos coisas mais importantes para nos preocupar além do futebol, o que é óbvio.

Meu sentimento de alívio vem do fato de que eu já estava duvidando de minha sanidade mental. Eu recebia as notícias da Copa achando que entre 180 milhões de brasileiros, só um único mal humorado achava que esse time era fraco demais. Que tínhamos nessa constelação de popstars um atacante lento que não sabe cabecear, municiado por dois laterais que não sabem cruzar, só como exemplo.

A maior crítica dos especialistas é que seleções burocráticas como Alemanha e Inglaterra só fazem jogo aéreo. O mesmo jogo que nós, os melhores do mundo, somos absolutamente incapazes de realizar.

Ora, burocrática mesmo é a seleção brasileira, onde a convocação se dá por vias outras que não o futebol. Nosso time lembrava mais um gabinete de Deputado, com privilegiados e seus cargos vitalícios. Parecia uma seleção de Brasília.

Aposentados, pesados, etc. Esse era o
Dream Team que tínhamos.
Mas, o que a imprensa nos vendia aqui? Como ela se ocupava? Eram bolhas aqui, febres ali, arrobas acolá. Parecia que nosso time só tinha um jogador. Ou melhor, um doente. As notícias da seleção pareciam boletins médicos. Mas todo mundo achava certo. Afinal, o doente em questão era o “fenômeno”. E eu me perguntava: será que eu endoidei? Será que esse “fenômeno” teria lugar em outras seleções, como a da Argentina? Será que se Pekerman (que também é péssimo) deixasse Crespo ou Saviola no Banco e colocasse o “paciente” para jogar, a torcida iria entender? Aqui entenderam. Bastou 2 gols contra o Japão, repito, contra o JAPÃO, para ele voltar a ser fenômeno.

Agora, terminada a Copa para o Dream Team tupiniquim, a verdade parece que volta à moda. Especialistas de plantão afirmam “era notório que Ronaldo não tinha condições”. Ah, quer dizer que eu não estava louco? Hoje outros acrescentam “Copa do Mundo não é Spa para fazer alguém entrar em forma”, “Copa do Mundo não foi feita para se pegar ritmo de jogo”. Engraçado. Esses jornalistas eram os mesmos que chamavam o “paciente” de fenômeno. Os mesmos que realçavam os recordes quebrados por essa seleção. Os recordes de Cafu, o chefe dos assessores de deputado de camisa amarela.

Hoje, com os jornalistas revendo suas posições, sinto um enorme alívio. Afinal, sou normal. E a mídia também. Continua dizendo a verdade só quando interessa. Seja no assunto futebol ou Collor de Melo.
 


Claudio Gonçalves
Diretor da Manufactura de Propaganda


 Comentários

Maurício Fonseca - Ora, mas a propaganda também ajudou a criar esse rótulo de time maravilhoso, mágico. Afinal, a gente viu o gaucho dando show de bola em quantos comerciais de produtos variados nos últimos 6 meses na TV, além dos patrocinadores da Globo nos intervalos da copa? A propaganda contribuiu pra uma mentira que a Copa mostrou bem. maul66_br@hotmail.com


Danilo Rodrigues - Concordo que os jornalistas fizeram a imagem dos jogares, mas os publicitários tb apelaram mto. Não aguentava mais ver o Ronaldinho Gaúcho estampado em outdoors e embalagens nos supermercados. Fora a campanha do Santander, que cá entre nós é irritante! A propaganda só fez o papel dela... os jornalistas é que têm que ter uma opinião mais firme. Pelo menos o chato do galvão Bueno é apaixonado pelo Ronaldinho, gordo ou magro. Tem pessoas que mudam de opinião rapidinho mesmo. Adorei a coluna.  odanilo85@hotmail.com


 Fabio Lima - Concordo com tudo, quer dizer, quase tudo que foi dito. Mas, mesmo depois de ver o Brasil desclassificado, ainda acho que o Ronaldo é o cara, gordo ou magro. Pode até não ter feito uma grande Copa, mas deve, e muito, ser respeitado pelo seu histórico no futebol e na seleção brasileira. E, mesmo gordo e velho, jogou muito, mas muito mais que o Gaúcho, teoricamente melhor do mundo. fabio@portalpublicidade.com.br


Claudia La Bella - Há tempos nosso "Dream Team tupiniquim" já não é mais o mesmo. Mas ... na terra do futebol isso não é importante. A mídia sempre vai usar ao máximo a imagem daqueles que se sobressaem. É a saída para encobrir o time fraco que está aí. Abraços. claudialb@ubbi.com.br


Norberto Isnenghi - Claudio, pois é: Fomos enganados mais uma vez, e tantas outras seremos. Os jogadores jogaram de salto alto, e com medo de arriscar as canelas, pois valem fortunas no exterior. nuba@uoi.com.br


 

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