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O espaço é seu

Sobre possibilidades não aproveitadas do Orkut...

26.11.05

É só completar uma centena de amigos e comunidades, ou antes mesmo disso, para a caixa de mensagens de qualquer usuário do Orkut virar uma feira. De cada 3 scraps recebidos, dois são anunciando festas, bandas, sites, ofertas imperdíveis de não sei o quê por apenas não sei quanto, acesse já não sei onde e ainda ganhe um super não sei o quê lá!

Quem acessa o site com uma certa freqüência já deve ter notado que nunca foi tão intenso o bombardeio de mensagens com fins promocionais. E não precisa ser muito popular pra se deparar com algum peixinho, macaquinho, bombinha ou lettering colorido que ao clique mais inocente faz surgir um spam repentino sem tempo pra antipop-up. O que se tem notado também é que paralelamente ao ataque está acontecendo o revide dos internautas, que criam comunidades do tipo “Eu odeio propaganda”, “Propaganda no meu Orkut é o
cara#@%!”, “Não à publicidade no Orkut!”, “Eu odeio publicitários”, entre outras tantas.


 No começo do ano, o Meio & Mensagem abordou de forma sutil as possibilidades de mídia no Orkut e deixou margem para uma discussão que não fervilhou, com relação às suas oportunidades de marketing, principalmente quanto a target e fidelização.

Vejamos o exemplo uma comunidade do tipo “Eu amo o McDonald's”, que possui um público até baixo em relação às mais populosas, com quase 30 mil adicionados. Além de simpatia, a marca ganha um link direto com os seus consumidores e não apenas abre portas para inúmeras possibilidades de cross-media, mas também ganha, de forma gratuita, o perfil de um número significativo de clientes, seus hábitos de consumo e, de quebra, põe seus produtos como foco de discussões, revelando os pontos fortes e fracos do negócio. Além disso, surgem inúmeras possibilidades de venda diferenciada, já que dá pra identificar a necessidade de cada grupo.

Existem também comunidades que sorteiam prêmios para os usuários mais interativos, outras que até promovem 'orkontros' e distribuem brindes, tem até donos de grandes comunidades que alugam o espaço da descrição para anúncios de eventos e produtos. É só dar uma bisbilhotada com gosto que dá pra ver muita gente agilizando promoções e até mensurando resultados antes e depois de lançá-las, através de uma pesquisa de opinião, a exemplo de muitos blogs, flogs e afins, que dão show no assunto.


 Não faço aqui um discurso pró-Orkut, até porque sei que a maioria dos leitores pode não fazer parte ou até não curtir a exposição pessoal que o site propõe. O que é certo é que, bem vista ou não, essa moda virtual, ao contrário das tendências, não parece efêmera. E, parodiando Matrix, dá até pra dizer que o número de pessoas que toma a pílula vermelha e sai do mundinho virtual é bem inferior às que preferem a azul e massificam ainda mais o negócio.


Onde quero chegar é que toma força um movimento insipiente de antipublicidade, queimando o filme de algo que pode ser explorado, aproveitado, reinventado, mas que simplesmente não está sendo utilizado de forma idônea. A galera que fuzila com mensagens o correio alheio (já existe até programa só pra isso), em sua maioria não tem nenhum vínculo com a publicidade, como ofício, e faz isso de um modo perturbador, pois dispõe do artifício que impulsiona e dá tesão pelo trabalho que nos sustenta, que é... tchanram... (quem chutou prêmios errou) a criatividade!


Acho que poderia haver uma reflexão e discussão neste sentido: de como pode ser feita publicidade criativa utilizando os recursos não apenas do site em questão, mas de todos do gênero. Ou até mesmo de como desenvolver serviços via web que explorem melhor essa interatividade que nos deixa de cara com quem queremos falar. Os anunciantes já se deram conta das vantagens, os veículos do nosso meio já tocaram no assunto há um bom tempo, o que falta agora é aparecer o primeiro a inovar e afastar pra bem longe essa antipatia cada vez maior.


Quem for capaz de inovar, aproveita e me faz um favor: me adiciona como amigo.


Paulo Castanha - redator da Verve Comunicação - CE

Comentários:

Fernando Fazzane - Perfeitamente cabível sua colocação, Paulo. O maior problema que vejo na nossa área é a "prostituição" que algumas pessoas, auto-intituladas publicitários, fazem sem escrúpulos, assim como esse bombardeio infernal às nossas caixas de mensagens, páginas do Orkut, etc. O grande desafio é mostrar ao público que estas pessoas não têm nada a ver com propaganda, não estudaram para isso. Isto não é propaganda. Se propaganda é tornar algo público, tornar algo tosco e irritante tem que ter um nome e à altura. Publicitário se apaixona pelo produto, estuda suas características, pesquisa, quebra a cabeça com milhares de idéias, faz um planejamento, cria ações inteligentes, um texto interessante, trabalha duro, horas a fio, critica a idéia, refaz o layout, para justamente não expor seu produto de maneira inadequada ao público. Publicitário se preocupa com o público. Bom, fica aqui meu desabafo. Fernando Fazzane - Diretor de Arte - Andreotta Propaganda - SP - fazzane@yahoo.com

Anônimo - Será que se as agências e os criativos usassem o Orkut como ferramenta de marketing/propaganda isso "acabaria" com o problema (o suposto 'ódio' à propaganda - leia-se nesse caso: spam) que você detectou? Será que se criarmos meios de usar o Orkut em prol de nossos clientes, inibiríamos os "spams" de propaganda, de shows e afins, tão odiados? Estou com você: realmente o espaço é mal aproveitado e esses 'spamificadores' são chatos, mas depois de ler o seu texto eu parei e pensei no assunto seriamente. Só consegui concluir que a boa utilização do tal Orkut (que vc citou no caso MacDonald´s) e espaços afins para a propaganda/mkt não vai acabar com a má utilização e os 'spamificadores' sempre vão existir. Quanto à imagem da propaganda, acho que as comunidades reclamam exatamente do 'spam' de propaganda no Orkut e, pelo que apurei, acessando algumas dessas comunidades, eles sabem muito bem a diferença da propaganda que nós fazemos para esse tipo de divulgação 'spamica'.


 

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