Na telona

Não foi acatado pela Justiça pedido de liminar proposto pelo Batalhão de Operações Policiais (Bope), da Polícia Militar do Rio de Janeiro, tentando impedir a exibição do filme Tropa de Elite, do diretor José Padilha.

Protagonizada pelo ator Wagner Moura, que faz o papel de um capitão do Bope inspirado numa fusão de personagens verdadeiros, a produção mostra atos de violência cometidos por membros da corporação e expõe práticas de corrupção que seriam comuns na polícia fluminense.

O Bope havia entrado com uma ação cautelar contra a Zazen Produções e a distribuidora Paramount Pictures do Brasil, com o argumento de que a obra ataca a corporação e viola a honra, a dignidade e a integridade física dos policiais.

A juíza Flávia de Almeida Viveiros de Castro, da 1ª Vara Cível do Rio de Janeiro, assistiu ao filme em um dos centenas de DVDs piratas que foram apreendidos sendo vendidos ilegalmente nos camelôs cariocas. Sua interpretação é de que não há ataques às instituições policiais e que as críticas são ao sistema.

"A narrativa do filme demonstra que ninguém é inocente nas largas avenidas ou nas vielas e becos da cidade do Rio de Janeiro. Vive-se em estado de guerra, de violência extrema e de corrupção, mas também de determinação, garra e coragem. Não existem ataques às instituições. As críticas feitas (o discurso do personagem principal várias vezes o refere) são ao sistema. E não há conceito mais aberto, mais indeterminado do que este", a juíza afirmou.

Ela acha ainda que "o filme traduz o cotidiano de boa parte dos cariocas. Fala de vida, morte, tráfico, corrupção, nobreza, tristeza, arrependimento, fraqueza. Nada que precise ficar em segredo de justiça, nada que necessite ser censurado ou previamente examinado pela Justiça". Em sua decisão, ressaltou que a medida liminar é "inócua", uma vez que cópias não autorizadas do filme já se encontram sendo vendidas pelos camelôs.

Tropa de Elite estreará nos cinemas apenas em outubro.

A informação é do site Última Instância.