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Criado-Mudo

Companheiro das muitas noites mal dormidas

17.01.08

Poderá ser mais cheinho ou mais magrinho. Mais alto ou mais baixo do que o padrão, isso não importará muito.

Poderá ser de qualquer cor (e isso lá existe?).

Topará qualquer crença, ou até mesmo a falta de.

Beleza não será importante, não. Deverá ser, isso sim, do tipo que segura tudo e todas, todas as horas. E, principalmente, deverá saber guardar muitos segredos.

Indubitavelmente deverá ser bem acessível, ao olhar pro lado, certamente o veremos ali.

Ao acordar, ao deitar, de dia e de noite, no dia-a-dia, no dia após dia. Todo dia.

Deverá ser fiel, seguirá à risca o velho sermão: “Na saúde, na doença, na alegria e na tristeza, amando-te e respeitando-te por todos os dias de tua vida”.

E será forte o suficiente para suportar muito, muitas vezes até, o que não lhe couber suportar.

Suportará  também as traições, os choros, a parte ruim, aquela que ninguém quer ver.

Ele conviverá com ela. Poderá  agüentar até algumas agressões.  Firme e forte.

Conterá muitas lágrimas de alegria e também outras de tristeza.

O único, certamente, que continuará sendo aquele companheiro das muitas noites mal dormidas de uma separação.

Pode não ser “pra casar” mas, quando presente, estará sempre perto do coração.

Ele, o criado-mudo.


Por Carla Salatini, da Lux Filmes

Criado-Mudo

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