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Sobre a pergunta que não quer calar

Chovem respostas para o Marcello. Espie...

04.10.05

A pergunta é: "Quantos assinantes (e/ou anunciantes) a revista Veja deve perder depois de assumir posição escancarada - e por que não dizer, agressiva - a favor do NÃO, no referendo sobre a proibição de armas de fogo, na capa dessa semana? Eu respeito quem tem a mesma posição que a revista, mas fiquei com vergonha de ser assinante de uma publicação que entrou na minha casa com uma capa como aquela. Sei que a Trip, por exemplo, já se posicionou pelo SIM, e saiu com um tiro arrombando a revista. E obviamente, como sou pelo SIM, curti a Trip. Só que a Trip é focada na moçada e já tem um histórico alternativo, politicamente correto, politizado. Mas a Veja vir com tamanha lavagem cerebral me chocou. O que vocês acham? Estou sendo parcial ou a Veja passou mesmo dos limites, tendo em vista seu papel como maior revista semanal de nossa sociedade? Essa pergunta não quer calar. Aguardo ajuda. Outras opiniões permitirão que eu entenda melhor esse nó que se formou entre minha razão e minha emoção. Gostaria de conhecer seu ponto de vista para recolher argumentos que reforcem ou diminuam minha repúdia!" Marcello Freitas Alcântara -  Planejamento / Atendimento - São Paulo


Agora seguem as repostas:


Nota da Redação: as respostas muito longas serão enviadas ao Marcello, na íntegra, mas publicadas não integralmente aqui, por problema de espaço. Obrigada pela compreensão.


- Assinantes acho que não perde. O que a resvista perdeu foi a chance de fazer duas capas, uma com o Sim a outra com o Não. Seria notícia no mundo inteiro. Thiago - tcarvalh@directv.com.br


- Fala-se muito na capa da Veja desta semana, mas muita gente não se lembra que a revista não é o primeiro veículo a fazer uma campanha dessa natureza. Tempos atrás, a Band fez questão de deixar bem claro em suas chamadas a sua posição contra o desarmamento de civis. Com relação à Veja, é muito cedo para se fazer um julgamento. Até porque ainda faltam 19 dias para o referendo, tempo suficiente para a publicação mostrar o outro lado, o lado do "SIM". Ou seja, abrir realmente a discussão e deixar que o leitor tome sua própria decisão. Milton Pereira Alves Jr. -  Barretos/SP - produtor de som - artlivre@mdbrasil.com.br

- Para aqueles que duvidam que um veiculo de comunicação impresso muda a opinião das pessoas: minha mãe, formada em Letras (não é uma pessoa que não sabe questionar e botar em xeque qualquer tipo de informação), favorável ao SIM desde o início da campanha, e até domingo pela manhã, após ter lido a Veja mudou e começou fazer campanha para o NÃO. Quanto custou este merchan? Douglas William -  produtor gráfico - douglas@blinkagencia.com.br



-  Eu, graças a meu bom senso, nunca fui assinante da Veja, mas se fosse, essa semana eles teriam perdido mais um. A revista demonstrou falta de ética com um golpe baixo contra a democracia ao lançar uma capa como essa. As pessoas que são contra o desarmamento esqueceram-se de um dos preceitos básicos do Estado de direito: somente a polícia tem direito ao uso da violência. Ter uma arma é infringir esse preceito fundamental. Cidadão comum (ou de bem, como vcs preferirem) não tem direito ao uso da violência. Se a polícia não dá conta de agir, isso é outro problema. Armar o cidadão comum é transformar o Brasil numa nova Faixa de Gaza. A coisa vai fugir ao controle. Pablo Moreno - pablomoreno@gmail.com


 - Achei óbvio o posicionamento adotado pela Veja na última semana. Óbvio como a revista adora ser. Serviu pra mostrar que o veículo é realmente um "mini-lab" de formação de opinião da classe média "jet set" tupiniquim, onde o jornalismo sério e a imparcialidade passam longe. O manualzinho de etiqueta da semana do pequeno burguês, o grande papiro do "clube" dos Diogos Mainardi da vida. Eu disse Diogo Mainardi? Taí,
não se pode esperar muito mais de uma revista que tem como um de seus principais "cronistas" um espécime como esse! Glauco Diogenes - São Paulo - info@glaucodiogenes.com.br


 - Eu sou a favor do NÃO, também, assim como a revista. O traficante, o bandido, o ladrão não compram armas em estabelecimentos comerciais, ou seja, quem compra uma arma na loja tem seu porte de arma e compra pra se defender pessoalmente. Acho que essa atitude do governo joga a responsabilidade pra cima do povo. Será que eles (os piores bandidos existentes em nosso país), não têm a capacidade de resolver isso?  Leandro Camacho - leandrofc@ig.com.br


- Gostaria respeitosamente de discordar da opinião do sr. Marcello à respeito da capa da revista Veja. Exatamente por ser  revista de maior credibilidade do país, este veículo acertou em mostrar sua posição e frear a "lavagem cerebral" que está sendo feita pela mídia. O referendo é uma grande bobagem que não vai reduzir em nada a criminalidade. Segurança é dever do Estado e ele quer jogar a responsabilidade da criminalidade nas costas da população. É muita hipocrisia dizer que será proibido o comércio de armas no país, porque o comércio ilegal ficará ainda mais forte e obviamente não vai cessar. A discussão é válida e ajuda a amadurecer a democracia, mas acredito que é necessário ouvir os dois lados antes de tomar uma decisão e não somente o lado do SIM, formando um pré-conceito sobre o assunto. Abrir a possibilidade de quem não quer mais uma arma devolve-la, sem passar por um processo burocrático, é super válido, mas radicalizar, retirando o direito de defesa do cidadão, é absurdo. Renato Grilo  - renato.grilo@gmail.com 

- Marcello, me senti da mesma forma que você ao ver a última capa da revista Veja. Sou da mesma opinião da revista, entretando achei um absurdo ela ter declarado a sua opinião de maneira tão grosseira e explícita. Não deveria ser imparcial, mostrando os dois lados e fazendo com que o leitor tivesse a serenidade de escolher? Não seria esse o papel da revista com maior tiragem semanal do Brasil? Roberto Vieirawww.ravdesign.com.br
Brasília - DF


- Marcello, fiquei chocada também. Estava na casa de um amigo, em São Paulo, assinante da Veja, e ele decidiu cancelar a assinatura no mesmo momento. Acredito que a Veja pode até colocar numa próxima edição as "7 razões para votar SIM", mas o fato de ter colocado primeiro a edição em defesa do NÃO já diz tudo. Luciana Ramos - redatora - Campinas-SP -lucriramos@gmail.com

- Marcello, tendo em vista a história da Veja, já era de se esperar algo deste tipo. De uma revista que normalmente reserva sua capa para falar da novela das oito, não poderíamos esperar outra coisa, senão um jornalismo mal feito e deveras imprudente. Mas acredito que o problema não é só a Veja, e sim o Referendo. O Governo tirou das costas a decisão a cerca da comercialização de armas e com isso, o que vemos agora são inúmeros comerciais na tv, com  os atores preferidos ou histórias sofridas. Como já é de costume no nosso País, uma decisão importante como essa vai ser tomada, não pelo debate e estudo sobre o assunto, mas pelos atores que você mais gosta, ou pela histórinha que você se sensibilizou. Ou até pela matéria que a Veja publicou. Bruno Tavares - brunotavares@gmail.com

- Eu me senti agredida pela revista e decepcionada por ela não ter colocado os dois lados, como fez a Época. Meu filho de 18 anos viu a revista e jogou longe. São reações emocionais. Racionalmente eu posso entender que uma revista tem o direito de tomar uma posição. Mas fiquei chocada com a maneira que o assunto foi tratado. Glória Di Monaco - gloria@navigators.com.br

- O problema não é o fato de a revista estar assumindo uma posição editorial ou que posição seja essa. O ponto é que a Veja é um veículo de massa (por menos democrático que seja seu preço). Espera-se, ao menos, uma tentativa de imparcialidade nesses casos. Ou será que a Veja, enfim, resolveu virar um periódico de nicho, focado e segmentado? Melhor seria assim. Dessa forma, muitos "posicionamentos obscuros" do passado seriam facilmente compreendidos. Boa sorte aos assinantes que estão sofrendo uma baita lobotomia semanal. André Bandim - redator - Recife - andrebandim@andrebandim.com


- A Veja deve preservar seus anunciantes. Silvia - producao@textoseideias.com.br

-  Marcello, acho que muita gente está incorrendo no velho caso dos "dois pesos e duas medidas", que a esquerda adota historicamente. Quer dizer que a Trip, defendendo o SIM, pode? Mas a Veja induzir ao NÃO é um absurdo? Não sejamos hipócritas: ou condenamos todas as publicações de imprensa que adotem QUALQUER posição, ou se admite que não existe informação 100% isenta e imparcial. Mais um ponto: o fato da revista Trip ser voltada aos jovens é um agravante, em vez de atenuante. Por ser voltada a cabeças em formação, uma publicação como a Trip deveria, no mínimo, mostrar os dois pontos de vista (de qualquer debate) de maneira não-estereotipada. Luiz Gustavo - luigi.fonseca@ig.com.br

Sobre a pergunta que não quer calar

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