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Criado-Mudo

Um abajur, um rádio-relógio e uns dois livros.
(Vassão)

16.01.06

Meu criado-mudo não é um criado-mudo. Minha mulher inventou que em um dos lados da cama deveríamos ter algo diferente e bacana. Sobrou, para mim, uma “mesa de canto”, linda, em que não cabe quase nada. É claro que do lado dela tem um belo criado-mudo...


Coloquei pouca coisa no meu “pseudo criado-mudo”: um abajur, um rádio-relógio e uns dois livros.


Os livros estão lá há algum tempo. Um se chama “Quando Nietzche chorou” e o outro “Good to great”.


Confesso que não tenho me dedicado muito a eles. Sabe como é, agência nova no pedaço, mulher, filhos, cachorro, etc.
Mas eles estão lá, firmes, esperando pacientemente que eu abandone as revistas que adoro ler, aos montes.


Acho que não entendem porque elas chegam, desaparecem rapidamente e eles continuam lá, impassivos. Também não devem entender por que um tal de iPod acaba tendo minha preferência, especialmente aos finais de semana.


Pensando bem, talvez isto os deixa felizes: tudo acaba desaparecendo, menos eles, o abajur e o rádio-relógio.


João Fernando Vassão, sócio-diretor da G7 Comunicação

Criado-Mudo

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