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Festival do Clube 2017

Claudio Lima em: 'Passaporte para o mundo'

17.09.17

Com uma trajetória profissional bem sucedida e construída em diferentes cidades, países e continentes, o vice-presidente de criação da Ogilvy Brasil, Claudio Lima, trouxe para o palco do Festival do ClubeO mapa do mundo: qual o melhor jeito de viver uma experiência internacional”. E não veio sozinho. Convidou uma rede de amigos e profissionais brasileiros que ocupam papéis importantes em agências de diversas partes do mundo para falar sobre seus mercados, por meio de vídeo. Entre os convidados estava também o norte-americano David Panzaraza, director of talent management na TBWA\Chiat\Day de Los Angeles, que disse: “se você quer um emprego em mercados como os Estados Unidos, não mude sua pasta. O trabalho brasileiro é ótimo e esse é o motivo pelo qual buscamos vocês.

A crise política e econômica do Brasil tornou a ideia de começar uma carreira internacional ainda mais atraente. E já é enorme a lista de brasileiros que deixaram o país em busca de novas oportunidades. “Tem tantos em cargos de comando no mundo que eu acredito que em dez anos teremos brasileiros entre as lendas da propaganda mundial”, afirmou Lima. Mas o primeiro conselho é: “saiba porque você quer sair. Isso vai te ajudar a escolher em que agência trabalhar, em qual país, e a evitar perder um ou mais anos em alguma roubada”, declarou.

Saiba também o quanto você quer sair. Topa encarar rodar pasta lá fora? Considera levar mulher ou marido e filhos, se tiver? Já pensou em deixar pais, amigos, bens, a vida no Brasil e viver tudo diferente? Se ainda assim quiser sair, ele observou, avalie seu trabalho. “Mostre para amigos que moram fora. Tenha um inglês de enciclopédia britânica na pasta e reconsidere piadas que não fazem sentido em outro lugar ou prêmios desconhecidos no exterior”.

Outra dica é: defina para onde você quer ir. Muita gente quer morar nos Estados Unidos ou em Londres, pelas oportunidades. Mas a concorrência também é maior. “O mercado de Nova York é muito segmentado e o criativo precisa saber exatamente onde ele pode se encaixar para fazer a diferença”, aconselhou o group creative director da 360i Fabio Seidl.

Em Londres, segundo o diretor de criação global para Unilever da Ogilvy UK, Dedé Laurentino, o brasileiro é muito bem recebido pela fama justa de sua criatividade, por sua atitude de não esperar as condições, mas fazer acontecer. “O aprendizado aqui é saber esperar. Você produz menos, mas com mais profundidade, faz coisas mais bem feitas”, disse.

Três caminhos

São três os caminhos apontados por Claudio Lima para chegar a uma agência internacional: por meio de um headhunter, “mas escolha apenas um em cada mercado para não se queimar”; fazendo contato direto, “na cara de pau”, com a pessoa para a qual você quer trabalhar; ou usando sua rede de “brothers para indicá-lo ou contratá-lo. O vice-presidente lembrou que é importante saber esperar a resposta de um e-mail, por exemplo: “no exterior, as pessoas demoram mais para responder”; e pensar bem antes de dizer "sim", para não desistir da vaga depois: “você se queima e queima todos os brasileiros que vão tentar uma oportunidade depois de você”.

Mande sua pasta para as pessoas certas e aceite propostas para agências que te coloquem mais próximo da agência para a qual você quer trabalhar”, aconselhou David Pazaraza. Essa é uma alternativa para ter o visto de entrada no país, que será pago pela agência e custa cerca de U$ 30 mil. “Depois de um ano e meio ou dois, dependendo do contrato, você pode mudar de agência”, explicou Claudio Lima. “Nunca vi um visto ser negado. Se uma agência estiver disposta a pagar os U$ 30 mil para te contratar, você vai trabalhar lá”, disse.

A Costa Oeste dos Estados Unidos tem atraído muitos talentos brasileiros. Rafael Rizuto, que acaba de deixar a 180LA para montar uma agência ainda mantida em sigilo (leia aqui), pontuou que, além do clima, o atrativo da região é reunir tecnologia, entretenimento e propaganda no mesmo lugar.

Juliana Paracêncio, diretora de criação da Ogilvy Dubai, explicou que lá se faz muito trabalho para marcas globais que valorizam as ideias e as experiências brasileiras, já que o mercado local ainda não é tão sólido. Singapura também se torna atrativo ao valorizar os brasileiros, segundo Gui Camargos, diretor de criação da Ogilvy do país. E o visto é simples de ser tirado.

Para Gabriel Mattar, diretor de criação executivo da DDB Berlin, o brasileiro tem o diferencial de gostar do que faz, conhecer e ter referências de cabeça, diferente de outros países. Segundo o CCO da Y&R Europa, Jaime Mandelbaum, o Leste Europeu é um mercado mais dinâmico, não tanto quanto o Brasil, mas um meio termo. Enquanto no Oeste da Europa não se tem tantas possibilidades de produzir trabalhos tão bons. “Mais do que olhar os salários, você pode considerar o que o país te oferece em termos de cultura”, ressalta. Segundo Edson Athaide, CEO e CCO da FCB Lisboa, os brasileiros ainda vão muito para Portugal, mas estão cada vez mais profissionais e menos românticos quando chegam ao país e sabem que estão ali como passagem para outros mercados.

Uma das coisas que fazem a diferença na hora de buscar uma oportunidade fora do Brasil é o que Lima chamou de “ir atrás do briefing”. Ou seja, trabalhar com clientes e agências dispostos a fazer coisas diferentes, inovadoras. “É isso que vai fazer sua carreira estagnar ou deslanchar no exterior”, ressaltou o criativo. E foi o que levou o diretor de criação executivo da 180LA, Eduardo Marques, a buscar oportunidade fora do Brasil. "Sempre sonhei em trabalhar com contas globais e com grandes budgets, e só voltaria ao Brasil para continuar realizando trabalhos grandiosos e capazes de se destacar."

Ícaro Doria, que acaba de assumir como CCO North America da Arnold Worldwide (leia aqui), já saiu três vezes do Brasil e voltou duas, passando por Portugal, Inglaterra e Estados Unidos. E revelou que, em cada experiência, leva um pouco do que aprendeu e soma novos aprendizados. “O principal motivo para sair do Brasil é expandir suas relações, seu universo. Você expande seu ‘clube de criação’ para um nível incrível”, disse.

Baseado na experiência do amigo e na própria, Claudio Lima, que voltou no começo do ano para assumir a vice-presidência criativa da Ogilvy Brasil, deixou um último conselho: “Vá, mas volte. Isso não deve ser um tabu. Quando você volta você traz sempre algo novo e pode mudar algo, mesmo que pequeno. Isso faz bem para você e para todo o mercado.

Rita Durigan

Serviço:Festival do Clube de Criação 2017

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