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Pedofilia em comentários de vídeos no YouTube

Plataforma perde anunciantes, mas age rápido contra crise

22.02.19

Um criador do YouTube fez uma denúncia sobre pedofilia na plataforma que abalou a empresa e obrigou o Google a se comunicar com o mercado anunciante para mostrar que medidas estava tomando para enfrentar o problema. A denúncia apontou que recomendações de vídeos que deveriam envolver adultos estavam se direcionando para conteúdos em que crianças poderiam se tornar alvos de comentários pedófilos.

O usuário fez uma busca relativa a mulheres que compram biquini e o ciclo de recomendações apresentou vídeos de meninas que faziam ginástica ou brincavam de Twister. Esses conteúdos, em sua maioria, não quebravam regras de publicação do YouTube. Mas, em função da facilidade de recomendações, eram alvos de pedófilos, com comentários caracterizados pela marcação dos minutos em que apareciam cenas como roupa íntima ou alguma pose que gerava posts replicados pelos criminosos.

Após essa denúncia, alguns veículos, como Bloomberg, reportaram que anunciantes como Nestlé, Disney e Epic Games (pelo jogo Fortnite) decidiram deixar de comprar mídia na plataforma ao descobrirem que suas campanhas estavam entrando em vídeos infantis em que pedófilos se infiltraram com comentários.

O boicote levou o Google a fazer uma conference call com anunciantes e agências, além de encaminhar um memo às empresas para falar de medidas de segurança adotadas pela companhia, informou Adweek (leia aqui). O documento, que traz o título de “Expanding YouTube's efforts on child safety”, aponta que a plataforma tem reforçado suas ações para proteger menores de idade no YouTube nos últimos 18 meses. Segundo a empresa, desde então foram removidos 4,3 milhões de vídeos e 3,7 milhões de comentários.

A partir da denúncia feita pelo criador, o YouTube removeu mais uma leva de comentários, alterou o sistema para que vídeos de crianças não sejam tão facilmente descobertos por “maus atores” e anunciou que restringiu a veiculação de publicidade em vídeos em que os comentários violem as regras da plataforma enquanto refina as formas de detectar essas mensagens. Avisou ainda que irá reportar à Justiça e a instituições de proteção de crianças perfis desses “maus atores”.

O memo do YouTube revela que a companhia ouviu as queixas dos anunciantes. “Ouvimos de vocês que precisamos fazer mais para afinar como campanhas são veiculadas em canais – mesmo de conteúdo inocente – que possam atrair 'maus atores'. Nossos times estão trabalhando urgentemente nisso, revisando nossas diretrizes e nossos controles para a área de publicidade”.

Adweek conta que o YouTube agiu rápido para conter a crise, com o encerramento de mais de 400 canais em virtude dos comentários emitidos por seus perfis. Uma porta-voz da plataforma de vídeos, Chi Hea Cho, declarou ao jornal The New York Times (confira aqui) que qualquer conteúdo – incluindo comentários – que ameacem crianças é abominável. “Temos políticas claras que proibem isso no YouTube. Há mais a ser feito e continuamos trabalhando para detectar abusos mais rapidamente” (saiba mais aqui nesta página do YouTube, em português).

No início de 2017, o YouTube já havia enfrentando problemas com anunciantes como AT&T e J&J, que deixaram de anunciar na plataforma porque campanhas tinham sido veiculadas em canais com conteúdo ofensivo ou inapropriado. A AT&T havia informado um mês atrás que estava retornando agora ao YouTube.

Pedofilia em comentários de vídeos no YouTube

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