Radiohead Public Library

O Radiohead não é uma banda comum. Em 2007, eles propuseram um “pague quanto quiser” para quem quisesse fazer download do álbum “In Rainbows”. De zero a 99,99 libras. Foi um acontecimento. No meio musical – e também fora dele – esse foi um dos grandes assuntos da época.

As experiências digitais envolvendo os fãs não pararam por aí. Em 2014, a banda lançou um aplicativo que criava imagens a partir de canções do álbum “The King of Limbs”. O app Polyfauna era praticamente uma viagem sensorial. Em 2016, o Radiohead “apagou” sua presença na web. Seus perfis nas redes sociais ficaram vazios. Seu site virou uma tela branca (leia mais aqui). Na sequência, foi apresentado o vídeo da música "Burn The Witch".

Para eles, a oferta de experiências com os fãs não se limita à disponibilidade de músicas via serviços de streaming. Por sinal, ampliar o acesso a seu conteúdo é uma tônica do grupo. No mês passado toda a discografia da banda foi colocada no YouTube. Do álbum de estreia (“Pablo Honey”, em 1993) ao último trabalho (“A Moon Shaped Pool”, em 2016).

E agora?

Nesta segunda-feira, 20, foi lançada a Radiohead Public Library. Sim, uma biblioteca digital com um vasto material para ser apreciado (e garimpado): shows antigos, ensaios, momentos raros, camisetas, artes, sites e experiências interativas passadas, canções que não estão nas plataformas de streaming hoje. Estão lá, no novo espaço, os nove álbuns gravados em estúdio, além de videoclipes e apresentações em programas de TV.

A biblioteca surgiu sem anúncio prévio. De repente, a banda informava a novidade em seus canais digitais. Como escreveram no Twitter a respeito de seu site, “o Radiohead.com sempre foi irritantemente pouco informativo e imprevisível. Agora, previsivelmente, tornamos isso incrivelmente informativo".

Entre esta segunda e a sexta-feira, 24, cada membro da banda será o “bibliotecário” do dia, fazendo a curadoria de material selecionado para os visitantes da Radiohead Public Library. Quem quiser, poderá fazer um cartão de biblioteca com foto, nome e QR Code. Camisetas poderão ser compradas também (a partir de fevereiro). E artes, baixadas.

Um material de divulgação da banda sobre a biblioteca (que tem emblema) diz que “a internet como um todo nunca foi um recurso confiável para informações detalhadas ou mesmo precisas sobre o Radiohead. Muitos sites que tentaram fornecer algum serviço já desapareceram. O efeito geral são buscas de ‘Radiohead’ com resultados com fragmentos aleatórios e/ou abreviados: músicas e títulos de álbuns desacompanhados de ilustrações detalhadas ou qualquer contexto adicional, vídeos de baixa qualidade precedidos por anúncios e embaralhados por algoritmos e assim por diante”.

Claro que a biblioteca já está sendo esmiuçada, com muitos sites apontando uma raridade aqui e acolá. Para quem esteve no antológico show de São Paulo de 2009, aqui está o link para recordar a apresentação na Chácara do Jockey. Quem gostaria de ter visto ao vivo e não teve a chance de apreciar o show, ele está na íntegra.

Lena Castellón