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Netflix, HBO, Google e Globoplay à mão

As estratégias da Roku que chega ao Brasil com a AOC

21.01.20

Principal plataforma de streaming de TV nos Estados Unidos, a Roku chega ao Brasil por meio de uma parceria com a AOC. Embarcada em dois modelos de smart TV, a marca leva ao consumidor, a partir desta quarta-feira, 22, a possibilidade de acessar rapidamente seu serviço de streaming favorito. Pode ser Netflix, HBO Go ou Globoplay, alguns dos parceiros da Roku no Brasil.

Famosa por suas caixinhas (set top box), a Roku não traz para o país nesta primeira fase o equipamento que transforma um televisor comum em um conectado. A estratégia da companhia americana é investir no setor de smart TVs. “Esse mercado é bem desenvolvido. É nossa aposta inicial porque são vendidas no Brasil 12 milhões de TVs todo ano”, explicou Luis Bianchi, diretor de marketing da Roku para a América Latina, em evento em São Paulo  nesta terça-feira, 21, que marcou o lançamento da companhia.

Em algum momento, porém, os dispositivos devem desembarcar por aqui. Embora a empresa não fale em datas, a expectativa dos parceiros da Roku é que, com a oferta desses equipamentos, a população que ainda não dispõe de smart TV ou que adquiriu a primeira geração das TVs conectadas tenha mais facilidade de assinar um streaming.

A parceria com a Roku vai dar um impulso grande para o Globoplay. Quando chegarem as caixinhas, isso vai dar qualidade para as TVs de baixo custo. Nem todas dão uma boa experiência. Queremos conquistar também o consumidor da classe C”, disse Erick Brêtas, diretor de produtos e serviços digitais da Globo, ao Clubeonline.

Construir parcerias faz parte do negócio da Roku. A companhia foi lançada em 2002 por Anthony Wood. Em 2007, ele se tornou vice-presidente da Netflix. No ano seguinte, foi fechado um acordo entre Netflix e Roku porque o serviço de streaming não tinha interesse em criar um dispositivo para conectar TVs.

A companhia chega ao Brasil com um variado cardápio de serviços. Destacam-se Globoplay, Netflix, HBO Go e Google Play, que ganham botões próprios no controle remoto. Além dessas plataformas, estão disponíveis Apple TV+, Baby First TV (conteúdo básico para crianças pequenas), DAZN (especializado em esportes), Happy Kids (para entreter e educar crianças de todas as idades), Looke (serviço brasileiro de streaming com filmes e séries de TV), Playkids (canal educacional brasileiro), Spotify, Deezer e YouTube. No mundo, a Roku soma mais de cinco mil canais.

A importância do Brasil

Com operações no Canadá, México e Reino Unido, além dos EUA, a Roku tinha estabelecido o Brasil como uma de suas prioridades. “Somos provedores de streaming. Nossa ideia é que todo mundo tenha acesso ao serviço”, disse Matthew Anderson, CMO da companhia, na apresentação à imprensa. O país entrou na mira da empresa também porque ele é visto como uma casa de força de criatividade. “O Brasil é um dos líderes globais nessa área”, comentou.

A entrada se dá com a TPC, que tem a AOC e a Philips no portfólio. Mas apenas a primeira marca contará com o sistema operacional da Roku. Um modelo AOC Roku TV de 32 polegadas tem o preço sugerido de R$ 1.199. A outra opção que o mercado recebe é o de 43 polegadas, no valor de R$ 1.599 (as assinaturas do serviços não estão incluídas). As vendas se iniciam online na quarta-feira nas varejistas Casas Bahia, Ponto Frio e Extra. Nas lojas físicas, elas estarão disponíveis a partir do início de fevereiro.

Parceria com o Globoplay

Por meio do aplicativo Globoplay, os consumidores poderão assistir a TV ao vivo, séries e filmes, sob demanda. O acordo foi fechado pela G2C, unidade da Globo que negocia com operadoras e outros players. “A parceria com a Roku tem importância estratégica para o desenvolvimento do mercado de streaming no Brasil. O conteúdo do Globoplay permitirá à Roku uma excelente posição no nosso mercado já na largada”, declarou em comunicado Fernando Ramos, diretor executivo da G2C Globo.

Segundo Arthur Van Rest, vice-presidente do internacional da Roku, os clientes da plataforma desejam ótimo conteúdo local. “A Globo é o parceiro ideal para entrarmos no mercado brasileiro. Com Globoplay e Roku, juntos podemos criar a melhor experiência de sala de estar, oferecendo o melhor conteúdo de streaming para todos da família”, afirmou, também em comunicado.

Na apresentação à imprensa, Brêtas salientou que o mercado global vive uma explosão de streaming. E a tendência é que o negócio cresça ainda mais. A perspectiva é que o mercado tenha mais de um bilhão de assinantes no mundo no fim de 2021. Um estudo da FX Networks apontou que em 2018 foram lançados 495 títulos originais nos EUA. Deles, 160 foram no streaming. No ano passado, os títulos originais foram 532, porém não houve mais distinção entre TV aberta, paga ou streaming. “Não se separam mais os produtos porque tudo é TV”, esclareceu Brêtas.

O executivo da Globo lembrou ainda que mais de 67% das residências no Brasil têm banda larga. E 40% da população tem acesso a TVs conectadas. “O cenário é competitivo e complexo. Mas vamos competir de igual para igual”, destacou. “Queremos assumir a liderança do mercado de streaming no Brasil. Temos uma década para isso”, acrescentou.

Brêtas estabelece o final da década como 2028, já que o Globoplay foi “reconfigurado” em 2018, três anos depois de seu lançamento. Embora não revele números de assinantes, a plataforma teve um aumento de 56% no total de assinantes no segundo semestre de 2019. “Não há plataforma de streaming no Brasil que cresça nessa base”, disse. O índice superou a meta que o grupo havia estabelecido para o período.

A Globo está fazendo um investimento superior a R$ 1 bilhão no Globoplay, sendo que mais de meio bilhão é destinado a conteúdo. A companhia anunciou nesta segunda-feira, 20, que há 18 títulos originais preparados para lançamento em 2020. Mas a quantidade será ainda maior porque há planos para oferecer documentários na plataforma, entre eles os frutos de investigações jornalísticas.

Por enquanto, as apostas estão no conteúdo ficcional. Dos 18 títulos, oito são dos Estúdios Globo (leia mais aqui sobre as atrações). Entre eles, está a série "Desalma", um drama sobrenatural estrelado por Cássia Kis e dirigido por Carlos Manga Jr., que estiveram no evento. “A gente tem certeza de ter feito algo no nível do que vem de fora”, contou o diretor, conhecido como Manguinha. Cassia, por sua vez, disse que já está ansiosa pela segunda temporada. A série é uma das fichas do Globoplay para conquistar público porque é um investimento em um gênero diferente.

Influenciadores

Para a chegada da marca no Brasil, a Roku investirá em ações nas redes sociais e em trabalho com influenciadores. A companhia ainda não definiu os próximos passos, mas a estratégia será construída com a FSB, que faz o PR da Roku no Brasil. Nos Estados Unidos, a plataforma tem uma in-house que desenvolve suas campanhas.

Por aqui, ainda não há planos estabelecidos com nenhuma agência. Por sinal, nem a Roku tem escritório no país ainda. As estratégias estão sendo geridas a partir dos EUA.

Lena Castellón

Netflix, HBO, Google e Globoplay à mão

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